Momento de Aprendizagem: A fé e a presença de Jesus ressuscitado
Nesta aula do curso “Ensina-nos a orar”, Padre Paulo Ricardo
nos explica qual é a diferença da presença de Jesus Cristo antes e depois da
ressurreição, e também o quanto é importante a nossa fé na vida de oração.
Constataremos essas realidades ao meditar sobre o caminho de fé dos apóstolos.
A partir desta meditação, entenderemos como a presença de Cristo em nossas
vidas nos ajuda a crescer na vida de oração e no amadurecimento na fé.
O
Senhor Jesus Cristo, Mestre dos mestres da vida espiritual, pedagogicamente
ensinou os apóstolos, e ensina a cada um de nós, o quanto é importante não se
apegarem à sua presença física, sensível. Pois, somente desse modo seriam
capazes de seguir o caminho da cruz (cf. Mt 16, 24), da obscuridade da fé,
proposto pelo Senhor. Esta é uma realidade fundamental, se queremos aprender a
orar e consequentemente crescer na vida espiritual.
A
presença do Senhor Jesus Cristo em nossas vidas pela fé
Se
nós quisermos fazer uma oração vocal bem feita, ou seja, dar esses primeiros na
vida de oração, nós temos que entender que o essencial é estarmos na presença
de Cristo ressuscitado. Essa presença acontece através de um ato de fé.
Não
nos enganemos, pois a presença de Jesus em nossas vidas através da fé é muito
mais profunda do que suspeitamos. Algumas pessoas desejam ter experiências
sensíveis com Cristo e dizem assim: seu eu vivesse há dois mil anos e pudesse
tocar em Jesus, se eu pudesse ver Jesus… No entanto, aquilo que os apóstolos
tinham quando caminhavam com Jesus é muito menos que o que nós temos pela fé.
Parece estranho, mas é a realidade é a seguinte: Jesus não diminui, mas sua
presença cresce, aumenta. Pedagogicamente, Ele se encarnou, veio ao mundo. As
pessoas O viram, Ele realizou milagres, até que finalmente surgiu a chama da fé
no coração dos apóstolos.
O
ato de fé como ação da Providência divina
Quando
Simão Pedro finalmente fez o seu ato de fé, Jesus disse para ele: Simão, não
foi a carne, nem o sangue, que te revelou isso (cf. Mt 16, 17). Em outras
palavras, não foram os milagres que Ele fez, não foi o fato de Pedro tê-Lo
tocado, tampouco de tê-Lo visto, mas foi o Pai do Céu que lhe revelou isso.
Surgiu ali uma ação divina, que tocou o centro da sua alma. Não foi uma questão
de efeitos sensíveis, de tocar, de ver, de ouvir. Não foi nem mesmo uma questão
de efeitos psíquico-afetivos, que Pedro sentiu afetivamente. Tudo isso já tinha
acontecido na vida dele. Mas, quando finalmente ele fez o seu ato de fé, Jesus
diz: não foi a carne, não foi o sangue, foi o Pai do Céu que te revelou isso.
Esse
ato de fé de Pedro ainda não era maduro. Por isso, Simão traiu Jesus e a fé
dele, e também dos outros apóstolos, morreu. Quando isso acontece, encontramos
a necessidade de fazer essa fé ressuscitar.
A
grandeza da presença de Jesus Cristo ressuscitado
Quando
Jesus ressuscita, acontece a plenitude da encarnação. A humanidade e a
divindade, na ressurreição, estavam tão unidas, de forma tão maravilhosa, que a
humanidade de Cristo passou a participar plenamente das propriedades divinas.
Antes, quando Jesus estava em Belém, não estava na Galileia. Quando estava na
Galileia, não estava em Jerusalém. Mas, a partir da ressurreição, a humanidade,
o corpo e a alma de Cristo, começou a estar presente em todos os lugares onde
Ele era crido e amado!
A
presença de Cristo tornou-se participante da propriedade divina da imensidade,
de forma misteriosa. Além disso, quando Jesus estava nos seus dias aqui na
Terra, Ele fala com Pedro, mas quando fazia isso, não podai falar com João.
Quando falava com este, não fala com Tiago. Mas, agora que Ele está ressuscitado,
pode falar com todos nós ao mesmo tempo. Na ressurreição, a encarnação do Filho
de Deus aconteceu plenamente, ou seja, a humanidade e a divindade se uniram de
uma forma mais perfeita. Então, Jesus ressuscitado não precisava aparecer.
Bastava somente que os apóstolos tivessem fé. Mas, infelizmente, os apóstolos
perderam a fé. Por isso, depois de ressuscitado, Jesus precisou aparecer a
eles.
A
presença de Jesus Cristo no mais íntimo de nossas almas
Jesus,
que ressuscitado participa da propriedade divina de ser invisível, teve que
aparecer para ressuscitar a fé dos apóstolos: teve que entrar no Cenáculo, que
comer, ainda que não tivesse necessidade disso, para ressuscitar aquela fé tão
frágil. Mas, uma vez que os apóstolos estavam na fé, Jesus então sobre aos
Céus, para estar mais presente ainda, em todos os lugares, o tempo todo e falar
com todos nós, nessa Presença íntima.
A
presença de Cristo pela fé, é a Sua presença no núcleo de nossa alma. Não é uma
presença na superficialidade dos sentidos físicos. Não é uma presença na
superficialidade dos afetos e dos sentimentos psíquicos. É uma presença
extraordinária, no centro da nossa alma. Quando eu tenho fé, o Ressuscitado nos
toca e está presente. Quando vamos fazer nossa oração e nos colocamos na presença
de Cristo, precisamos ter essa fé, pedir a Deus essa fé: Senhor, eu creio, mas
aumentai a minha fé (cf. Mc 9, 24). Pedir a fé no fato de que Ele está conosco,
Ele fala conosco, ressuscitado, Ele vive no meio de nós!
A
fé e a perseverança na oração
Assim,
compreendemos que a presença de Jesus Cristo ressuscitado em nossas vidas se dá
por um ato de fé. Por isso, se queremos crescer na vida espiritual, em nossas
orações, devemos permanecer na presença de Cristo, num profundo ato de fé, “em
paz e silêncio, sem procurar ver, gostar ou sentir”[1].
Além disso, ainda que não sejamos principiantes, precisamos pedir
insistentemente, em nossas orações, o dom da fé. Pois, necessitamos sempre
amadurecer, crescer, na fé. Dessa forma, a presença de Jesus Cristo
ressuscitado em nossas almas crescerá cada vez mais. Perseverarmos na oração,
para que um dia possamos dizer como São Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu; é
Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no
Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2, 20). Que a Virgem
Maria, mulher de fé inabalável, ajude-nos a perseverar na oração, a permanecer
na presença de Jesus Cristo ressuscitado.
Fonte: Blog Todo de Maria
Divulgação: PASCOM - PARÓQUIA SÃO GONÇALO
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