Papa envia mensagem para o 51º Dia Mundial das Comunicações Sociais.
O Papa Francisco
envia Mensagem para todas as Pastorais da Comunicação da Igreja Católica
Mundial e para todos os meios de comunicação que trabalham com a comunicação. O
papa enviou esta mensagem em comemoração ao 51º Dia Mundial das Comunicações Sociais e o tema
deste ano é: “Não tenhas medo, que Eu estou contigo”(Is 43,5).
O Dia Mundial das Comunicações Sociais será festejado no
próximo dia 28 de Maio, neste mesmo dia a Igreja Católica também celebra o dia
da Ascensão do Senhor Jesus.
Este dia será festivo para todos os cristãos católicos
que celebrará alegremente o Dia Mundial das Comunicações Sociais e a Ascensão
do Senhor Jesus.
Confira abaixo a
mensagem do Papa Francisco sobre 51º Dia Mundial das Comunicações:
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA O 51ª DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS
PARA O 51ª DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS
Tema: «“Não tenhas medo, que Eu estou contigo” (Is
43, 5).
Comunicar esperança e confiança, no nosso tempo»
Comunicar esperança e confiança, no nosso tempo»
[28 de maio de 2017]
Graças ao progresso tecnológico, o acesso aos meios
de comunicação possibilita a muitas pessoas ter conhecimento quase instantâneo
das notícias e divulgá-las de forma capilar. Estas notícias podem ser boas ou
más, verdadeiras ou falsas. Já os nossos antigos pais na fé comparavam a mente
humana à mó da azenha que, movida pela água, não se pode parar. Mas o moleiro
encarregado da azenha tem possibilidades de decidir se quer moer, nela, trigo
ou joio. A mente do homem está sempre em ação e não pode parar de «moer» o que
recebe, mas cabe a nós decidir o material que lhe fornecemos (cf. Cassiano o
Romano, Carta a Leôncio Igumeno).
Gostaria que esta mensagem pudesse chegar como um
encorajamento a todos aqueles que diariamente, seja no âmbito profissional seja
nas relações pessoais, «moem» tantas informações para oferecer um pão fragrante
e bom a quantos se alimentam dos frutos da sua comunicação. A todos quero
exortar a uma comunicação construtiva, que, rejeitando os preconceitos contra o
outro, promova uma cultura do encontro por meio da qual se possa aprender a
olhar, com convicta confiança, a realidade.
Creio que há necessidade de romper o círculo
vicioso da angústia e deter a espiral do medo, resultante do hábito de se fixar
a atenção nas «notícias más» (guerras, terrorismo, escândalos e todo o tipo de
falimento nas vicissitudes humanas). Não se trata, naturalmente, de promover
desinformação onde seja ignorado o drama do sofrimento, nem de cair num
otimismo ingénuo que não se deixe tocar pelo escândalo do mal. Antes, pelo
contrário, queria que todos procurássemos ultrapassar aquele sentimento de
mau-humor e resignação que muitas vezes se apodera de nós, lançando-nos na
apatia, gerando medos ou a impressão de não ser possível pôr limites ao mal.
Aliás, num sistema comunicador onde vigora a lógica de que uma notícia boa não
desperta a atenção, e por conseguinte não é uma notícia, e onde o drama do
sofrimento e o mistério do mal facilmente são elevados a espetáculo, podemos
ser tentados a anestesiar a consciência ou cair no desespero.
Gostaria, pois, de dar a minha contribuição para a
busca dum estilo comunicador aberto e criativo, que não se prontifique a
conceder papel de protagonista ao mal, mas procure evidenciar as possíveis
soluções, inspirando uma abordagem propositiva e responsável nas pessoas a quem
se comunica a notícia. A todos queria convidar a oferecer aos homens e mulheres
do nosso tempo relatos permeados pela lógica da «boa notícia».
A boa
notícia
A vida do homem não se reduz a uma crónica
asséptica de eventos, mas é história, e uma história à espera de ser contada
através da escolha duma chave interpretativa capaz de selecionar e reunir os
dados mais importantes. Em si mesma, a realidade não tem um significado
unívoco. Tudo depende do olhar com que a enxergamos, dos «óculos» que decidimos
pôr para a ver: mudando as lentes, também a realidade aparece diversa. Então,
qual poderia ser o ponto de partida bom para ler a realidade com os «óculos»
certos?
Para nós, cristãos, os óculos adequados para
decifrar a realidade só podem ser os da boa notícia: partir da Boa Notícia por
excelência, ou seja, o «Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus» (Mc 1, 1). É
com estas palavras que o evangelista Marcos começa a sua narração: com o
anúncio da «boa notícia», que tem a ver com Jesus; mas, mais do que uma informação
sobre Jesus, a boa notícia é o próprio Jesus. Com efeito, ao ler as páginas do
Evangelho, descobre-se que o título da obra corresponde ao seu conteúdo e,
principalmente, que este conteúdo é a própria pessoa de Jesus.
Esta boa notícia, que é o próprio Jesus, não se diz
boa porque nela não se encontra sofrimento, mas porque o próprio sofrimento é
vivido num quadro mais amplo, como parte integrante do seu amor ao Pai e à
humanidade. Em Cristo, Deus fez-Se solidário com toda a situação humana, revelando-nos
que não estamos sozinhos, porque temos um Pai que nunca pode esquecer os seus
filhos. «Não tenhas medo, que Eu estou contigo» (Is 43, 5): é a palavra
consoladora de um Deus desde sempre envolvido na história do seu povo. No seu
Filho amado, esta promessa de Deus – «Eu estou contigo» – assume toda a nossa
fraqueza, chegando ao ponto de sofrer a nossa morte. N’Ele, as próprias trevas
e a morte tornam-se lugar de comunhão com a Luz e a Vida. Nasce, assim, uma
esperança acessível a todos, precisamente no lugar onde a vida conhece a
amargura do falimento. Trata-se duma esperança que não dececiona, porque o amor
de Deus foi derramado nos nossos corações (cf. Rm 5, 5) e faz germinar a vida
nova, como a planta cresce da semente caída na terra. Visto sob esta luz,
qualquer novo drama que aconteça na história do mundo torna-se cenário possível
também duma boa notícia, uma vez que o amor consegue sempre encontrar o caminho
da proximidade e suscitar corações capazes de se comover, rostos capazes de não
se abater, mãos prontas a construir.
A confiança na semente do Reino
Para introduzir os seus discípulos e as multidões
nesta mentalidade evangélica e entregar-lhes os «óculos» adequados para se
aproximar da lógica do amor que morre e ressuscita, Jesus recorria às
parábolas, nas quais muitas vezes se compara o Reino de Deus com a semente,
cuja força vital irrompe precisamente quando morre na terra (cf. Mc 4, 1-34). O
recurso a imagens e metáforas para comunicar a força humilde do Reino não é um
modo de reduzir a sua importância e urgência, mas a forma misericordiosa que
deixa, ao ouvinte, o «espaço» de liberdade para a acolher e aplicar também a si
mesmo. Além disso, é o caminho privilegiado para expressar a dignidade imensa
do mistério pascal, deixando que sejam as imagens – mais do que os conceitos –
a comunicar a beleza paradoxal da vida nova em Cristo, onde as hostilidades e a
cruz não anulam, mas realizam a salvação de Deus, onde a fraqueza é mais forte
do que qualquer poder humano, onde o falimento pode ser o prelúdio da maior
realização de tudo no amor. Na verdade, é precisamente assim que amadurece e se
entranha a esperança do Reino de Deus, ou seja, «como um homem que lançou a
semente à terra. Quer esteja a dormir, quer se levante, de noite e de dia, a
semente germina e cresce» (Mc 4, 26-27).
O Reino de Deus já está no meio de nós, como uma
semente escondida a um olhar superficial e cujo crescimento acontece no
silêncio. Mas quem tem olhos, tornados limpos pelo Espírito Santo, consegue
vê-lo germinar e não se deixa roubar a alegria do Reino por causa do joio
sempre presente.
Os
horizontes do Espírito
A esperança fundada na boa notícia que é Jesus
faz-nos erguer os olhos e impele-nos a contemplá-Lo no quadro litúrgico da
Festa da Ascensão. Aparentemente o Senhor afasta-Se de nós, quando na realidade
são os horizontes da esperança que se alargam. Pois em Cristo, que eleva a
nossa humanidade até ao Céu, cada homem e cada mulher consegue ter «plena
liberdade para a entrada no santuário por meio do sangue de Jesus. Ele abriu
para nós um caminho novo e vivo através do véu, isto é, da sua humanidade» (Heb
10, 19-20). Através «da força do Espírito Santo»,podemos ser «testemunhas»e
comunicadores duma humanidade nova, redimida, «até aos confins da terra»(cf. At
1, 7-8).
A confiança na semente do Reino de Deus e na lógica
da Páscoa não pode deixar de moldar também o nosso modo de comunicar. Tal
confiança que nos torna capazes de atuar – nas mais variadas formas em que
acontece hoje a comunicação – com a persuasão de que é possível enxergar e
iluminar a boa notícia presente na realidade de cada história e no rosto de
cada pessoa.
Quem, com fé, se deixa guiar pelo Espírito Santo,
torna-se capaz de discernir em cada evento o que acontece entre Deus e a
humanidade, reconhecendo como Ele mesmo, no cenário dramático deste mundo,
esteja compondo a trama duma história de salvação. O fio, com que se tece esta
história sagrada, é a esperança, e o seu tecedor só pode ser o Espírito Consolador.
A esperança é a mais humilde das virtudes, porque permanece escondida nas
pregas da vida, mas é semelhante ao fermento que faz levedar toda a massa.
Alimentamo-la lendo sem cessar a Boa Notícia, aquele Evangelho que foi
«reimpresso» em tantas edições nas vidas dos Santos, homens e mulheres que se
tornaram ícones do amor de Deus. Também hoje é o Espírito que semeia em nós o
desejo do Reino, através de muitos «canais» vivos, através das pessoas que se
deixam conduzir pela Boa Notícia no meio do drama da história, tornando-se como
que faróis na escuridão deste mundo, que iluminam a rota e abrem novas sendas
de confiança e esperança.
Vaticano, 24 de janeiro – Memória de São Francisco
de Sales – do ano de 2017.
Franciscus
Fonte: Elsio Alves
(Pascom – Paróquia São
Gonçalo)
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