Curso Cristologia: Modulo III



Modulo III
PREPARAÇÃO DA REVELAÇÃO CRISTOLÓGICA NO AT
11. Todo nascimento tem uma preparação assim também uma espera. A vida humana entra no mundo e a porta desta entrada é a família. Ao nascer herdamos toda a tradição cultural de tal ponto que nos identificamos com um determinado jeito de ser e conviver. Temos um passado, mas vivemos no presente com perspectiva de futuro. Jesus é um hebreu que nasceu e se formou no seio do povo de Israel. Tudo o que Jesus fez e ensinou desde o principio até o dia em que foi elevado ao céu deve ser visto a luz dos mistérios do Natal e da Páscoa cf. CIC n. 512. Seu passado não pode ser ignorado nem sua gente e sua terra. Jesus anuncia o Deus de Israel. Ele é a plenitude da revelação e o cumprimento das promessas de Deus. A comunidade cristã vai reler a história de Jesus de Nazaré “Segundo as Escrituras” e segundo o Evento Pascal.


12. A História de Israel no AT é preparação para Jesus Cristo (NT). (Pois bem, o evento de Jesus Cristo sua Encarnação conceição e nascimento) e sua páscoa paixão, crucifixão, morte, sepultura, descida a manso dos mortos, ressurreição, ascensão (sua pessoa e mensagem de salvação), conforme é anunciado no NT, como evento novo e inaudito, encontro entre a história de Deus e dos homens, encontra, naquilo que o precede em Israel, a sua chave de leitura mais apropriada, iluminando ainda de maneira nova o caminho precedente, dando sentido e alcance às várias etapas da promessa e da espera. O CIC n. 121 diz: a economia do AT destinava-se, sobretudo, a preparar o advento de Cristo, redentor universal. E mais os livros do AT, apesar de conterem também coisas imperfeitas e transitórias, dão testemunho de toda a divina pedagogia do amor salvífico de Deus, uma sabedoria salutar a respeito da vida humana, bem como admiráveis tesouros de preces, neles, em suma, esta latente o mistério da nossa salvação. Nunca se deve rejeitar o AT, pois ele é o alicerce do novo como a casa necessita do alicerce. Diz o CIC n. 123 os cristãos veneram o AT como verdadeira Palavra de Deus. A Igreja combateu sempre vigorosamente a ideia de rejeitar o AT, sob o pretexto de que o NT o teria feito caducar *Macionismo*. Tanto quanto o AT o NT é de inspiração divina.

13. Como a história de Israel prepara e permite interpretar a história de Jesus de Nazaré? Qual o horizonte próximo ou remoto, em que se situa o evento anunciado pelo AT? A história de Israel é a história do diálogo entre Deus e seu povo: chamado por Deus para a terra da promessa, esse povo nômade jamais perdeu seu dinamismo de movimento para o futuro. O Deus de Israel nunca sanciona o presente, mas impeliu sempre para o futuro, através de sua palavra que promete, questiona, julga e consola. Trata-se de um Deus vivo e transcendente, ou seja, ele é livre e gratuito no seu amor e absoluta fidelidade a Israel, ele é IHWH. Israel vive sempre sua relação com esse Deus, sendo continuamente arrancado do presente e projetado para o futuro de Deus na promessa e esperança.

14. Desse encontro entre o presente e a promessa nasce o messianismo, expressão mais profunda da alma do AT a tal ponto de passar toda a história de Israel no anseio das promessas de IHWH e na vigilante espera do futuro por ele garantido. Com a queda do homem cf. Gn 3,15 Deus promete o salvador. Em um significado muito mais messiânico, o versículo fala de uma luta entre o homem e o mal-não importando como se interprete a serpente-, da qual o homem não sairá derrotado. No esquema messiânico , a passagem assume uma visão ampliada do conflito entre o homem e o mal, abarcando toda a humanidade e não apenas Israel . Os patriarcas Gn contem uma serie de promessas e bênção...as promessas e bênção são messiânicas no sentido mais amplo: ele as se referem explicitamente a posse da terra e ao crescimento de Israel como povo – e, dentro de certos limites, formaram-se a luz da historia de Israel.
Para aprofundar mais esta temática vale a pena consultar o CIC n. 101-141.

15. O Messianismo profético: Nos oráculos da palavra, Israel vive sob o juízo de Deus. Seu futuro todo é lido em chave mosaica: “IHWH teu Deus suscitará um profeta como eu... colocarei as minhas palavras na tua boca (cf. Dt 18,15.18)”. Como povo da palavra, em seu meio não faltarão os profetas (cf. Am 2,11; Jr 7,25ss). O povo espera o novo Moisés, características dos novos tempos e da nova aliança. A função de Moisés irá fracionando-se nas funções profética, sacerdotal e real. O profeta sempre anuncia a esperança da vinda do Messias. Os profetas, muitas vezes severos para com o Ungido reinante, julgado por eles infiéis, orientam a esperança de Israel para o rei futuro, ao qual alias eles jamais dão o titulo de messias. Foi a partir de SUS promessas que se desenvolveu do exílio o messianismo Régio. Os salmos régios, que outrora falavam do Ungido presente, são agora cantados numa perspectivas nova que faz com que se referiam ao Ungido futuro, Messias no sentido do termo cf sl 2...Descrevem antecipadamente a sua gloria, suas lutas. A esperança judaica que tem sua raiz nestes textos sagrados esta extremamente viva nos tempos do NT.

Cf CIC 904 ss sobre a participação dos leigos no múnus profético de Cristo.
16. Missão do profeta é a revelação carismática da palavra, que é viva e eficaz, produz o que diz...é força que critica da realeza e do sacerdócio (cf. @rs 2,12; Jr 1,10; is 7,13; Os 6,66: Jr 7). Isaías compara a palavra a chuva (cf. 55,10s). Reprova as oferendas quando divorciada da justiça (Is 1,13-18 Amós – profeta da justiça social).

17. Missão do profeta também é manter viva a esperança de Israel depois do desastre do exílio. Pense na figura do Servo Sofredor (cf. Is 42,1-9;49,1-6;50,4-9;52,13-55,12). São os melhores textos proclamados na Semana Santa e que preparam a paixão de Cristo.

18. Quando o profetismo parece extinguir, Israel sentirá a nostalgia da Palavra (cf. Is 63,19). Espera então a restauração do profetismo universal (cf. Joel 2,28). Deus por este profeta promete que todos serão profetas. Espera-se, então um profeta dos últimos tempos, Elias redivivo, que prepara o Dia de IHWH (cf. Nl 3,23). Neste sentido Is 61,1-3, lido por Jesus na Sinagoga de Nazaré exprime a eficácia da espera da comunidade pós-exílica. Num sentido amplo, metafórico, o AT as vezes fala de unção divina em casos onde há simplesmente uma missão a cumprir, sobretudo se esta implica o dom do Espírito divino cf. Is 45,1.

19. O messianismo régio. Em Israel o poder foi sempre ambíguo, positivo e negativo. O rei Davi como que sintetiza em si Casa e a realização das promessas de IHWH (cf. 2Sm 7 e Sl 13) de modo que as promessas feita aos pais segue-se á promessa feita a Davi: no seu germe cf –2Sm 7,12) que é germe de Abraão, a esperança de Israel consolidar-se-á). Em virtude da Unção com óleo, que simboliza a sua investidura pelo espírito de Deus cf. 1Sm 9,16, 10,1.10, 16,13, o rei é consagrado a uma função que faz dele o lugar;tenente de javé em Israel. Essa consagração é um rito importante do coroamento real cf. Jz 9,8. Por isso se menciona para Saul cf. 1Sm 9-10, Davi f. 2Sm 2,4, 5,3, Salomão 1Rs 1,39 e aqueles dos seus descendentes que chegaram ao poder num contexto de crise política cf. 2Rs 11,12, 23,30. O rei se torna assim o Ungido de Javé cf. 2Sm 19,22, Lm 4,20. O oraculo de Nata fixou a esperança de Israel na Dinastia de Davi cf. 2Sm 712-16, cada rei oriundo dele torna-se por sua vez o Messias atual por quem Deus quer realizar seus desígnios no tocante a seu povo.

Cf. CIC a participação dos leigos no múnus sacerdotal de Cristo n. 901SS.

20. O rei de Israel, ao contrário dos outros povos, é sempre subordinado a IHWH, é o seu ungido. No entanto o povo faz constantemente a experiência da infidelidade de seus reis a aliança e ao ideal davídico. A força do nome divino, fonte de identidade e esperança para Israel, ilumina o poder, mostrando seus valores, mas também a sua profunda relatividade, se comparado com o Senhor. Tal infidelidade presente faz surgir a esperança num descendente ideal de Davi, como novo rebento que corresponde áquilo que Deus espera da realeza. É dentro deste contexto que se deve entender (cf. Is 9,1.5s; 11,1-9; Mq 5,1-4; Jr 31,31-34; 23,5; Ez 40 –48; 37,24s;34,23;17,22-24; Zc 9,9-10; 11,4-17; 13,7-9; 12,10-13,1). Conferir “a participação no múnus Régio de Cristo” CIC n. 908 ss

21. O messianismo sacerdotal – o sacerdote está relacionado com a tradição levítica. São confiados a estes a transmissão e a interpretação da revelação divina e a celebração do sacrifício. IHWH jurou e não jamais desmentirá; Tu és sacerdote, segundo a ordem de Melquisedec (cf. 110,4)”. Assim se estabelece a estreitíssima relação entre a esperança davidíca e o santuário de Jerusalém (cf. Sl 46;48;76;87; Is 2,1-5). Passagem importante (cf. Mq 4,1-3). Depois do exílio o sacerdócio vê crescer o seu prestigio: agora que não há rei, o Sumo Sacerdote se torna o chefe da comunidade. E então que, para consagrá-lo a sua função, se lhe confere a sua unção. Os textos sacerdotais tardios para evidenciar o rito o fazem remontar a Aarão cf. Ex 29,7, 30, 22-33 cf. também Sl 133,2. tal Unção é estendida a todos cf. Ex 28,41, 30,30, 40,15. A partir desta época o Sumo sacerdote se torna o sacerdote-Ungido cf. L v 4,.5.16 2M 1,10, portanto um Messias atual como era outrora o Rei

23. Na época pós-exílica será o sacerdócio que polizará a realeza e determinará a tensão messiânica sacerdotal (cf. Ez 40-48; 43,7.9; Zc 3,1-7). 
Conferir CIC n, 1539-1553.

24. O messianismo apocalíptico: Em Israel sempre esteve presente uma tensão utópica como expressão das energias represadas pela tristeza do presente. Tal tensão confrontou-se com o Deus do futuro e da promessa.

25. Na ótica do apocalipse esta tensão expressa-se na espera de um mediador que vem exclusivamente do alto, além e contra toda barreira espácio-temporal. A intervenção divina, tão absoluta, justifica as esperanças mais radicais e contraditórias em relação ao presente. Na época pré-exílica essa intervenção é representada pelo Anjo de IHWH (cf. Ml 3,1-2).

26. O contato com o mundo Grego reduz a tensão para o futuro, dano origem à reflexão sapiencial. A sabedoria tem caráter profético (cf. pr 1,20-33), sacerdotal (Pr 9,1-6), real (Pr 8,12-36), desempenha uma função criadora e cósmica (Pr 3,19; Sb 7,22ss; Pr 8,22-31; Sb 8,6). Aproximando do messianismo celeste.

27. Com a crise dos Macabeus, ressurge a expectativa apocalíptica, procurando interpretar as vissitudes em relação ao um desígnio divino superior. O messias, escolhido por Deus, vencedor escatológico, vencerá e instaurará o Reino de Deus. No início personalidade corporativa, esse Filho do Homem, vai assumindo traças cada vez mais pessoais (cf. Dn 7).

28.Escatologia e messianismo : A escatologia judaica da grande importância à expectativa do messias: messias régio em toda parte. Messias sacerdotal em alguns ambientes. As promessas escriturísticas anunciam igualmente a instauração do Reino de Deus. Apresentam também o autor da salvação sob os traços do servo de Javé e do Filho do Homem.

29.O título dado a Jesus – impressionados com a santidade, autoridade e poder de Jesus (cf. Jo 7, 31), Seus ouvintes perguntam: “não é ele o messias?” (Jo 4, 29). Diante desta questão os homens se dividem (cf. 7, 23). Os Sinóticos conferem uma solenidade especial ao ato de fé feito por São Pedro: “quem dizeis vós que eu sou?” – “Tu és o Messias” (Mc 8, 29). Esta fé é autêntica, mas permanece imperfeita, pois o título de messias corre ainda o perigo de ser entendido numa perspectiva de realeza temporal (cf. Jo 6, 15).

30. Atitude de Jesus – Jesus adota uma atitude de reserva, ele jamais dá a si próprio o título de Messias. Deixa-se chamar por Filho de Davi, mas proíbe aos endemoninhados declararem que ele é o messias (Lc 4, 41). A sua carreira de messias começará com a de servo sofredor; Filho do homem, ele entrará na sua glória pelo sacrifício da sua vida (Mc 8, 31). 

Contudo, no dia dos ramos, Jesus se deixa intencionalmente aclamar como o Filho de Davi (Mt 21, 9). E depois, nas controvérsias com os fariseus, sublinha a superioridade do Filho de Davi em relação a seu ancestral, do qual é Senhor (Mt 22, 41-46). Seu título de Messias será especialmente ridicularizado (M 15, 32; Lc 23, 35.39) juntamente com seu título de Rei. Só depois de sua ressurreição é que os discípulos poderão entender o que tal título compreende exatamente.


31.Jesus ressuscitado é o Cristo – À luz da páscoa, a Igreja nascente atribui portanto a Jesus esse título de Messias-Cristo, agora livre de qualquer equívoco. Jesus aparece assim como o verdadeiro Filho de Davi (cf. Mt 1, 1; Lc 1, 27; Rm 1, 13), destinado desde a sua concepção em virtude do Espírito Santo (Lc 1, 35) a receber o trono de Davi seu pai (1, 32), para levar a seu termo a realeza israelita, estabelecendo na terra o Reino de Deus
32.Os títulos de Jesus – indissoluvelmente unida ao nome pessoal de Jesus, a palavra Cristo experimente desde então uma prodigiosa ampliação, pois em torno a ela se concentram todos os outros títulos que definem Jesus. Aquele que Deus ungiu é seu santo Servo Jesus (At 4, 27), é o cordeiro irrepreensível retratado por Is 53.

O evangelho de Paulo é um anúncio do Cristo crucificado (1Co 1, 23) que morreu pelos ímpios (Rm 5, 6ss), e a 1ª epístola de Pedro se estende longamente sobre a paixão do Messias (1Pd 1, 11; 2, 21). No livro de Isaías, a missão do Servo se descrevia como a dum profeta perseguido. Na véspera de sua morte, Jesus proclama a sua dignidade de Filho do Homem (Mt 26, 63s). a pregação apostólica anuncia efetivamente o seu retorno no último dia na qualidade de Filho do Homem para instaurar um mundo novo (At 1, 11; cf. 3, 20s), e é a esse título que ele já está assentado à direita de Deus (At 7, 55s). a epístola aos Hebreus celebra o seu sacerdócio régio, definitivamente entrado em substituição ao sacerdócio prefigurado de Aarão, não se hesita em dar-lhe o título mais elevado, o de Senhor (cf. At 2, 36): ele é o Cristo Senhor (Lc 2, 11; 2 Co 4, 5s), nosso Senhor Jesus Cristo (At 15, 26). Para Paulo, Cristo não é mais um título entre outros, tornou-se como que seu nome próprio que recapitula todos os outros. E os que ele salvou têm com razão o nome de cristãos (At 11, 26).

33. CONCLUSÃO – À espera da hora do Messias, Israel aparece como o povo da esperança, exercendo, em relação aos ídolos dos povos, uma função crítica (cf. 1Rs 18 e recordando o verdadeiro Deus).
29. Por outro lado, sua história e sua consciência do fracasso o impele para o mais além, para a consciência de ser uma obra inacabada!
34. Tomando sua a esperança de Israel, os cristãos interpretaram a ressurreição com a realização das expectativas messiânicas, em que o “mais” que está na frase não aparece como mais distante e fugido, mas é dado sobre a forma de um início novo e definitivo.

Exercitando
a)Cf. CIC n.º 436 explique o significado da palavra “Messias”.
b) E num segundo momento o significado do messianismo profético, régio e sacerdotal de Cristo e do cristão.
c) Por ocasião pos-batismal assim reza> pelo batismo Deus Pai nos liberta do pecado e a pessoa renasce pelo água e pelo Espírito Santo. Agora se faz parte do Povo de Deus. Somos consagrado com o óleo santo para que, inserida em cristo, sacerdote, profeta e rei, continueis no seu povo at-a a vida eterna. Lembrando do seu novo nascimento qual o significado em dizer e ser sacerdote, profeta e rei no hoje de sua vida...comente.

DA MENTE AO CORAÇÃO
Ó Cristo, tua geração inefável
Precedeu a origem dos séculos. Tu és a fonte da luz,
o raio luminoso que resplandece com o Pai.
Dissipas o que é sombrio, para iluminar a alma dos santos.
Tu criaste o mundo, as órbitas dos astros. Sustentas o centro da terra.
Salvas todos os homens. Por ti, o sol inicia seu curso e ilumina nossos dias.
Por ti, a lua crescente as trevas da noite.
Por ti, as sementes germinam e pastam os rebanhos.
De tua nascente inesgotável jorra esplendor da vida
Que dá ao universo a sua fecundidade. E teu seio suscita,
Luminosa, a inteligência do homem. [...]
Celebrando assim tua glória, canto também teu Pai, em sua majestade suprema.
Canto, do mesmo trono, o Espírito, entre o princípio e Aquele que é gerado.
Celebrando o poder do Pai meus cantos despertam em mim os sentimentos em mim
Os sentimentos mais profundos.
Salve, ó fonte do Filho!
Salve, ó imagem do Pai!
Salve, ó morada do Filho!
Salve, ó selo do Pai!
Salve, ó poder do Filho!
Salve, é beleza do Pai!
Salve, ó Espírito puríssimo, vínculo do Filho e do Pai!
Ó Cristo faz descer sobre mim este Espírito com o Pai.
Seja ele para minha alma um orvalho e a plenitude dos teus dons de rei.


Escrito Por Padre José Humberto Ferreira
(Paroco da Paroquia São Gonçalo)

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