O QUE É LITURGIA?
Origem e significado
do termo
- Origem da palavra: leiton-ergon
-» serviço em favor do povo.
- Depois: trabalho obrigatório
em favor do Estado ou da cidade. UM serviço publico.
- Finalmente: serviço religioso
prestado aos deuses por pessoas encarregadas. É com este sentido religioso que
se encontra na Bíblia: serviço de culto e louvor que o povo presta a Deus:
«Assim falou o Senhor, o Deus de Israel: “Deixa o meu povo partir, para que
me celebrem uma liturgia no deserto” (Ex 5,1 - segundo o texto grego
da LXX, Num 16,9).
- A Palavra Liturgia é utilizada nos seguintes sentidos, no Novo
Testamento:
a)No sentido Civil, como serviço publico oneroso
(cr. Rm 13,6; 15,17; Fl 2,25.30; 2Cor 9,12; Hb 1,7.14);
b)No sentido técnico e Ritual do AT:
a)
Lc 1,23 Completou-se os dias do Serviço,
voltou-se para casa (refere-se ao sacerdote Zacarias (cf. 1,5.8-10).
b)
Hb 8,2-6
Jesus Sumo e Eterno sacerdote
c)
Hb 9,21
derramou o seu sangue
d)
Hb 10,11
todo sacerdote se ocupa do seu ministério
e)
A carta
aos Hebreus aplica a Cristo, ´s ó a ele, a terminologia técnica cultual do AT,
para acentuar o valor infinito e superior do Sumo sacerdote e Mediador da Novas
Aliança;
C) No sentido de culto espiritual: São Paulo usa a
palavra liturgia para referir-se tanto ao ministério da evangelização quanto ao
obséquio da fé (Cf. Rom 15,16 Sou
ministro de Cristo entre os pagãos...” Fil 2,17 “Ser oferenda do Senhor
em favor dos irmãos”.
d) No sentido de culto comunitário cristão
-Atos 13,2: ‘Enquanto celebravam a liturgia (culto)
em honra do Senhor e jejuavam, disse o
Espirito Santo...”
Movimento liturgia: Pio XII, em 1947, encíclica
Mediador Dei, condenava o conceito ritualístico e legalista de liturgia.
Escreve Pio XII: “ Estão, portanto, muito longe da
verdadeira e autêntica noção da Sagrada Liturgia aqueles que a julgam como
sendo apenas a parte externa e sensível do culto divino, fazendo-a consistir no
aparato decorativo das cerimônias; e não erram menos os que a têm como simples
conjunto de leis e regras com a Hierarquia Eclesiástica manda ordenar a
execução dos ritos sagrados”(n.22).
Definição de liturgia
- “A liturgia é o exercício do
múnus sacerdotal de Jesus Cristo, no qual, mediante sinais sensíveis,
é significada e, de modo peculiar a cada sinal, realizada a santificação
do homem; e é exercido o culto público integral pelo Corpo Místico
de Cristo, Cabeça e membros”. (SC 7)
- Cristo é Cabeça da Igreja, que é seu
Corpo: “Ele é a Cabeça da Igreja , que é o seu corpo, Ele é o Princípio, o
Primogênito dentre os mortos, tendo em tudo a primazia, pois nele aprouve a
Deus fazer habitar toda a plenitude” (Cl 1,18s); “Tudo ele pôs debaixo
de seus pés, e o pôs acima de tudo, como Cabeça da Igreja, que é o seu Corpo: a
plenitude daquele que plenifica tudo em tudo” (Ef 1,22s); “Cristo é
Cabeça da Igreja e o Salvador do Corpo” (Ef 5,23).
- Cristo e a Igreja são uma só
realidade: o Christus totus: “O Filho de Deus, na natureza humana
unida a si, vencendo a morte por sua morte e ressurreição, remiu e transformou
o homem numa nova criatura (cf. Gl 6,15; 2Cor 5,17). Ao comunicar o seu
Espírito, fez de seus irmãos, chamados de todos os povos, misticamente os
componentes do seu próprio Corpo. (...) É necessário que os membros se
conformem com ele, até que Cristo seja formado neles (cf. Gl 4,19). Por isso
somos inseridos nos mistérios de sua vida, com ele configurados, com ele mortos
e com ele ressuscitados, até que com ele reinemos (cf. Fl 3,21; 2Tm 2,11; Ef
2,6; Cl 2,12). Peregrinando ainda na terra, palmilhando em seus vestígios na
tribulação e perseguição, associamo-nos às suas dores como o Corpo à Cabeça,
para que, padecendo com ele, sejamos com ele também glorificados (cf. Rm 8,17)”
(LG 7).
- “Para levar a efeito obra tão
importante Cristo está sempre presente na sua Igreja, sobretudo nas ações
litúrgicas. Presente está no sacrifício da missa, tanto na pessoa do ministro,
pois aquele que agora oferece pelo ministério dos sacerdotes é o mesmo que
outrora se ofereceu na cruz, quanto sobretudo nas espécies eucarísticas.
Presente está pela sua força nos sacramentos, de tal forma que quando alguém
batiza é Cristo mesmo que batiza. Presente está pela sua Palavra, pois é ele
mesmo que fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na igreja. Está presente
finalmente quando a Igreja ora e salmodia, ele que prometeu: ‘Onde dois ou três
estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles’ (Mt 18,20).
Realmente, em tão grande obra, pela qual Deus é perfeitamente glorificado e
os homens são santificados, Cristo sempre associa a si a Igreja
Esposa diletíssima, que invoca seu Senhor e por ele presta culto ao
eterno Pai. (...) Disto se segue que toda celebração litúrgica, como obra
de Cristo sacerdote, e de seu Corpo, que é a Igreja, é uma ação sagrada por
excelência, cuja eficácia, no mesmo título e grau, não é igualada por
nenhuma outra ação da Igreja” (SC 7).
- São ações litúrgicas propriamente
ditas: a Santa Eucaristia (ou seja, a Santa Missa), os demais Sacramentos, o
Ofício Divino (oração dos salmos, rezada ao menos cinco vezes por dia em nome
da Igreja pelos ministros sagrados, religiosos e os leigos que o desejarem).
- OBSERVAÇÕES:
1) Sobre o sacerdócio de Cristo, é
preciso ler a Carta aos Hebreus. Cristo é o único e perfeito sacerdote do Novo
Testamento, que ofereceu uma vez por todas o único e perfeito sacrifício.
2) Pelo Batismo todos nós somos
incorporados a Cristo, formando um povo sacerdotal: “Cristo fez de nós um
reino e sacerdócio para Deus seu Pai” (Ap 1,6). Em outras palavras: unidos
a Cristo Sacerdote, deveremos oferecer sacrifícios espirituais. É pelo batismo
que nos tornamos participantes ativos das ações litúrgicas, como membros do
Corpo sacerdotal de Cristo.
3) Pelo sacramento da Ordem alguns
membros do povo sacerdotal são configurados a Cristo Cabeça para ser
instrumentos da presença e ação daquele que continuamente vivifica, sustenta e
santifica o seu povo. Pelo sacramento da Ordem recebem o ofício de ensinar,
santificar e apascentar o rebanho em nome de Cristo Profeta, Sacerdote e
Pastor.
Fundamento
cristo-pneumatológico da Liturgia
- Toda a vida de Jesus foi sacerdotal: “O
Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em
resgate por muitos” (Mt 20,28).
- Na glória do Pai o Senhor, sacerdote
segundo a ordem de Melquisedec, continua eternamente sua obra sacerdotal, como
Cabeça da Igreja, unindo a si o seu Corpo Místico.
- Cristo age pela força do seu
Espírito. Este mesmo Espírito, que o ressuscitou e o plenificou, ele derrama
continuamente na sua Igreja através das ações litúrgicas, para dar vida,
coesão, santidade à Esposa de Cristo. É o Espírito do Cristo Cabeça que mantém
a Igreja, Corpo Místico, viva e unida a sua Cabeça.
- É ainda pela ação do Espírito do
Cristo, enviado pelo Pai, que as ações litúrgicas são eficazes, verdadeiros
memoriais, que tornam presente a Páscoa do Senhor e recapitulam
toda a história da salvação, ao mesmo tempo que nos antecipam a vida
futura e preparam para o encontro com Cristo.
Fundamento trinitário
da Liturgia
- Toda ação litúrgica é ação de Cristo
Ressuscitado, Sacerdote eterno, Cabeça da Igreja que une a si o seu Corpo
Místico.
- Cristo age através do seu Espírito Santo,
que ele recebeu do Pai na sua ressurreição, tornando sua Igreja uma só coisa
com ele, vivendo da sua mesma vida divina e, portanto, santa e imaculada.
- Toda ação de Cristo e de sua Igreja é para a
glória do Pai e a santificação dos homens, isto é, a comunhão deles com o
Pai para que o Deus, o Pai, seja tudo em todos.
2 - Os sacramentos
Cristo, o sacramento primordial
- A palavra «sacramento» vem do latim «sacramentum»
e do grego «mysterion». O sacramento é uma sinal que indica, significa
e torna presente uma realidade transcendente.
- Cristo é o sacramento primordial:
«Ele é a imagem do Deus invisível» (Cl 1,15,1), quem o vê, vê o Pai (cf.
Jo 14,9). Ele significa e realiza a presença de Deus no meio da humanidade;
ele, Deus e homem verdadeiro, significa e realiza o encontro entre Deus e nós -
Cristo é o sacramento do Pai
- A Igreja é o sacramento radical:
é sacramento de Cristo, significa e realiza a presença do Senhor Jesus neste
mundo até o fim dos tempos. A Igreja é sinal, sacramento de Cristo em tudo o
que ela é, vive e faz.
Os sete sacramentos como momentos
fortes da sacramentalidade da Igreja
- Se Cristo faz-se presente em toda a
vida da Igreja e age sempre nela. No entanto, é na celebração dos sete
sacramentos por ele instituídos que essa presença acontece de modo todo
especial e eficaz. Esses sete sacramentos são sinais eficazes da ação
salvífica de Cristo, que exerce sua função sacerdotal em nosso favor e para
a glória do Pai.
Em cada sacramento o
Senhor ressuscitado nos faz participar de um aspecto particular do seu mistério
pascal, unindo-nos a ele na força do Espírito, para que tenhamos a vida que
ele, glorificado no céu, agora tem em plenitude.
- “Os sacramentos destinam-se à santificação
dos homens, à edificação do Corpo de Cristo e ao culto a ser
prestado a Deus. Sendo sinais, destinam-se também à instrução. Não
somente requerem a fé, mas também, por palavras e gestos, a alimentam,
fortalecem-na e a exprimem. Assim, são chamados sacramentos da fé. Conferem
com certeza a graça (porque são ação de Cristo), mas sua celebração também
prepara os fiéis do melhor modo possível para receberem frutuosamente a graça,
cultuarem devidamente a Deus e praticarem a caridade” (SC 59).
- Os sacramentos são sete: Batismo,
Confirmação, Eucaristia, Penitência, Matrimônio, Ordem, Unção dos Enfermos.
O Batismo
- Pelo Batismo somos regenerados
pelo Espírito do Cristo para uma vida nova, recebemos o perdão dos pecados,
no Filho Jesus somos feitos filhos de Deus Pai e participantes da natureza
divina. Participando da morte e ressurreição do Senhor Jesus, somos
incorporados a ele, tornando-nos membros do seu Corpo, que é a Igreja.
No Batismo o Espírito do Ressuscitado vem habitar em nós (e com ele, o Pai e o
Filho): tornamo-nos templo da Trindade.
Tornamo-nos também membros do povo
sacerdotal, participando do único sacerdócio de Cristo.
-Características:
* ministro: ordinariamente um
ministro ordenado; extraordinariamente, qualquer pessoa, batizada ou não, desde
que deseje fazer o que a Igreja faz.
* elementos essenciais: a água e
a fórmula «Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo».
* outros elementos: o óleo dos
catecúmenos (significa a graça de Cristo que penetrará na vida do novo
cristão), o óleo do Crisma (significa participação do batizado na unção
messiânica de Cristo, ungido com o Espírito Santo), a vela (significa a luz de
Cristo, que nos ilumina pela fé), a veste branca (significa a pureza concedida
pelo perdão de todos os pecados graças à Páscoa de Cristo).
A Confirmação
- Também chamado «crisma» porque é
conferido pela unção com o Santo Crisma. Confere o Espírito Santo como força
de Deus para o testemunho do Evangelho, vinculando-nos mais perfeitamente à
Cristo e à sua Igreja. Obriga-nos ao testemunho e à difusão da fé, tornando-nos
enviados pelo Senhor a anunciar o Evangelho.
-Características:
* ministro: ordinariamente, o
Bispo; extraordinariamente, um sacerdote indicado pelo Bispo.
* elementos essenciais: a
imposição das mãos e a unção com o óleo do Crisma, acompanhada das palavras:
«Recebe por este sinal o Espírito Santo, Dom de Deus».
A Penitência
- Na Igreja Antiga a Penitência era
chamada «segundo batismo». Até o século VI era concedida uma só vez na vida e
de modo público, numa celebração presidida pelo Bispo, como renovação da
graça batismal. Posteriormente, a Igreja permitiu o costume introduzido
pelos monges irlandeses da confissão repetida e auricular.
- O Sacramento da Penitência é a
atuação da força redentora da Páscoa do Senhor. Por ele, que infunde
continuamente o seu Espírito Santo sobre a Igreja, o Pai nos reconcilia
consigo, perdoando-nos os pecados.
Isto aparece claramente na fórmula de
absolvição: «Deus Pai de misericórdia, que pela morte e ressurreição
do seu Filho reconciliou o mundo consigo, e infundiu o Espírito Santo
para a remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja,
o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados em nome do Pai e do Filho e
do Espírito Santo».
- Características:
* ministro: o Bispo ou o
sacerdote.
* elementos essenciais: o
reconhecimento dos pecados, o arrependimento sincero, o desejo de não mais
cometê-los, a confissão clara e total dos mesmos, a satisfação (a penitência
dada), a absolvição do sacerdote em nome de Deus e da Igreja.
O Matrimônio
- O Matrimônio é um contrato tão antigo
quanto a humanidade. Faz parte do plano de Deus, como expressão do amor entre
um homem e uma mulher, sinal do próprio amor de Deus.
Entre batizados, Cristo Senhor quis
elevar esse contrato à dignidade de sacramento, de sinal eficaz do seu amor:
Cristo é o Esposo da Igreja, que é sua Esposa:
* «Quem tem o esposo é a esposa; mas o
amigo do esposo, que está presente e o ouve, é tomado de alegria à voz do
esposo. Essa é a minha alegria e ela é completa» (Jo 3,29).
* «Por acaso podem os amigos do noivo
estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo lhes
será tirado...» (Mt 9,15).
* «Vós, maridos, amai vossas
mulheres como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, a fim de purificá-la
com o banho da água e santificá-la pela Palavra... Assim também os maridos
devem amar as próprias mulheres, com o seus próprios corpos. Quem ama sua
mulher ama-se a si mesmo, pois ninguém jamais quis mal à sua própria carne,
antes alimenta-a e dela cuida , como também faz Cristo com a Igreja, porque
somos membros do seu Corpo. Por isso deixará o homem o seu pai e a sua mãe e se
ligará à sua mulher, e serão ambos uma só carne. É grande este mistério
(sacramentum): refiro-me à relação entre Cristo e a sua Igreja» (Ef
5,21-33).
- Assim, pelo sacramento do
Matrimônio, Cristo Senhor, infunde o seu Espírito de amor sobre o amor humano,
de modo que este passe a significar o amor esponsal entre Cristo e sua Igreja.
- Características:
* ministro: os cônjuges, que
administram um ao outro o sacramento.
* elementos essenciais: a firme
convicção de indissolubilidade, monogaminidade e fecundidade da relação
matrimonial.
* importante para a validade: a
Bênção e testemunho de um ministro autorizado pela Igreja: Bispo, sacerdote,
diácono ou, extraordinariamente, um leigo.
* o matrimônio é realizado através do consentimento
de ambos: «Eu te recebo... e te prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te...
todos os dias da nossa vida».
* a aliança recorda o amor de aliança
entre Deus e seu povo, entre Cristo e sua Igreja, entre marido e mulher.
A Ordem
- É o Sacramento pelo qual um batizado,
membro do Povo sacerdotal, recebe do Espírito do Senhor ressuscitado que
o configura a Cristo Cabeça e Esposo da Igreja para a edificação do Corpo de
Cristo e a glória de Deus Pai. Aquele que é ordenado é configurado a
Cristo Mestre, Sacerdote e Pastor da sua Igreja, tendo o múnus de ensinar,
santificar e governar o Povo de Deus.
Este sacramento, sendo um só, é
participado de três modos diversos, conforme o grau:
- primeiro grau é o Episcopado:
recebendo o sacramento, o ordenado entra no Colégio Episcopal que sucede ao
Colégio Apostólico. O Bispo é sucessor dos Apóstolos. Torna-se, na sua Igreja
particular, vigário de Cristo Pastor, Mestre e Santificador. Ele deve amar a
Igreja como Cristo a ama: como sua Esposa. O anel episcopal recorda
precisamente isto.
- segundo grau é o Presbiterato:
o que recebe este grau do Sacramento da Ordem é configurado a Cristo Mestre,
Santificador e Pastor do seu Povo como cooperador da Ordem episcopal. O
Presbítero é subordinado ao Bispo e, pelo Sacramento, faz parte do Presbitério
da Igreja local.
- terceiro grau é o Diaconato.
Quem recebe este grau não é sacerdote. É ordenado para o serviço do Altar e da
caridade. Os diáconos são cooperadores do Bispo e, por determinação sua, dos
presbíteros.
- Características:
* ministro: o Bispo. Para a
ordenação episcopal, ao menos três bispos.
* quem pode ser ordenado:
qualquer batizado do sexo masculino. É doutrina definitiva e vinculante da
Igreja católica que o sacerdócio ministerial, por vontade de Cristo e Tradição
apostólica, não pode ser conferido às mulheres.
* elementos essenciais: a
imposição das mãos e a oração consacratória.
* outros elementos: a unção com
o óleo (nas mãos, para o padre; na cabeça, para o bispo), a entrega dos
instrumentos (a Escritura Sagrada, para o diácono; o cálice com vinho e a
patena com o pão, para o padre; o báculo, o anel e a mitra, para o bispo).
A Unção dos Enfermos
- Por este Sacramento o cristão que
atravesse um momento de prova física, ou por doença, ou por idade avançada,
recebe de Cristo a força do Espírito Santo para que possa viver seu
momento de dor unido à Cruz do Senhor pelo bem do seu Corpo, que é a
Igreja. O cristão faz, assim, da sua dor, um modo fecundíssimo de participar da
Páscoa do Senhor Jesus.
- Características:
* ministro: o Bispo ou um
sacerdote
* elementos essenciais: a unção
com o óleo dos enfermos e a oração da Igreja
* outros elementos: é
recomendável que quem recebe este Sacramento receba também o Sacramento da
Penitência e a Comunhão eucarística - se o estado do enfermo for grave deverá
recebê-lo em forma de viático (ou seja, a comunhão é levada em casa).
Conclusão
- Pelos sacramentos os cristãos participam
sempre do mistério da morte e ressurreição de Cristo, da sua Páscoa... em cada
sacramento sob um aspecto diferente:
- pelo Batismo é configurado à Cristo
morto e ressuscitado, nascendo para uma vida nova pela potência do Espírito;
- pela Confirmação recebe a força
Espírito do Ressuscitado para testemunhá-lo no seu mistério pascal;
- pela Penitência morre para o pecado e
renasce para a vida da graça, experimentando os efeitos redentores da Páscoa do
Senhor;
- pelo Matrimônio testemunha o amor
pascal que Cristo, na morte e ressurreição, manifestou à sua Igreja;
- pela Ordem é configurado a Cristo
Esposo e Cabeça da Igreja, que a ela se entregou na Cruz e a vivifica pela sua
ressurreição;
- pelo Unção dos Enfermos recebe a
graça de participar do sofrimento pascal do Senhor.
- Assim, o cristão participa da oferta
pascal que Cristo apresentou ao Pai como sacerdote na Nova Aliança. Em outras
palavras: cada vez que o cristão recebe um sacramento participa do exercício do
sacerdócio de Cristo Jesus, no Espírito Santo, para a glória do Pai.
- OBS.: Para uma catequese
completa sobre os Sacramentos é indispensável ler o Catecismo da Igreja
Católica nn. 1210-1690.
3 - A Eucaristia
Visão geral
- O Sacramento da Eucaristia é o
sacramento por excelência. A palavra eucaristia significa «ação de graças». Na
celebração eucarística os cristãos fazem memorial da Páscoa de Cristo Jesus,
tornando presente o mistério da entrega que Cristo fez de si ao Pai para
a salvação do mundo inteiro através da sua paixão, morte, ressurreição,
ascensão ao céu e do dom do Espírito Santo.
Assim, cada vez que se celebra a
Eucaristia torna-se presente a nossa salvação. Nesta santa celebração a
Igreja apresenta ao Pai a Páscoa do Filho, tornada presente pela força
do Espírito Santo. Ponto alto da celebração são o momento da epíclese
(invocação do Espírito para transformar as espécies no corpo e sangue de
Cristo) e da anámnese (recordação da entrega que Cristo fez na Última
Ceia, transformando o pão no seu Corpo e o vinho com água no seu Sangue).
- Recebendo o Corpo do Cristo
ressuscitado, pleno do Espírito Santo, nós somos divinizados, santificados,
tornamo-nos, no Espírito Santo, uma só coisa com o Senhor Jesus e, nele, uma só
coisa uns com os outros. É por isso que pode-se dizer que a Eucaristia faz a
Igreja.
- Na Eucaristia o Senhor está presente
na sua Palavra, no Celebrante, na Assembléia, mas, sobretudo nas espécies do
pão e do vinho.
- A Eucaristia é a mais intensa ação de
Cristo que, por nós e conosco agradece, louva, suplica, pede perdão ao Pai na
potência do Espírito Santo.
- A Eucaristia é também fonte da
atividade missionária da Igreja, pois celebrando a Páscoa do Senhor,
escutando a sua Palavra e alimentados com o Pão eucarístico, somos impelidos a
anunciá-lo até que ele venha.
História e estrutura da Eucaristia
- No início a Eucaristia era celebrada
pelas casas e chamava-se «fração do pão». Primeiro fazia-se uma refeição em
comum chamada «ágape». Rezava-se e lia-se um texto do AT; o presidente fazia
uma homilia. No final, o presidente da celebração pronunciava a bênção de ação
de graças (eucaristia) sobre o pão e o vinho em memorial do que o Senhor fez.
Tal modo de celebrar desapareceu cedo devido aos abusos: uns iam só para comer,
enquanto outros passavam fome (cf. 1Cor 11,17-34).
- Ainda no final da época apostólica já
aparecia claramente na celebração eucarística as duas parte essenciais: a Liturgia
da Palavra, na qual se recordava as maravilhas de Deus, cumpridas na missão
e na Páscoa de Cristo e a Liturgia Eucarística, na qual tudo quanto foi
anunciado tornava-se presente ao tornar-se presente a Páscoa do Senhor no pão e
no vinho. Lc 24,13-35 é um exemplo disso: esta passagem é uma catequese sobre a
Eucaristia: os discípulos tristes no caminho escutam a Palavra do Senhor que
lhes explica as Escrituras a seu respeito; depois partem o pão. E na Palavra
e no Pão partido reconhecem o Senhor!
- Devido a esse gesto de «dar graças»
a celebração vai cada vez mais sendo chamada Eucaristia. No fim da era
apostólica, com o início das perseguições e o aumento do número de cristãos,
celebrava-se a Eucaristia na madrugada do Domingo (dies Domini =
dia do Senhor). Na noite do sábado para o domingo os cristãos se reuniam.
Cantava-se, liam-se textos da Escritura (AT) e as memórias dos Apóstolos (NT).
Entre uma leitura e outra, aquele que presidia explicava os textos sagrados,
relacionando tudo com Cristo. Quando o sol começava a despontar, aquele que
presidia pronunciava a eucaristia (=a ação de graças) sobre o pão e o vinho.
Depois todos comungavam e os diáconos levavam as espécies consagradas aos que
não puderam participar. As pessoas traziam também donativos para os pobres;
estes donativos eram recebidos pelo que presidia e entregue aos diáconos, que
os distribuíam.
Em Roma, a Eucaristia era celebrada nas
catacumbas, pois os pagãos tinham medo de entrar aí pela noite. Em geral
celebrava-se sobre o túmulo de um mártir, pois este, derramando seu sangue,
uniu-se ao sacrifício de Cristo, tornando-se uma eucaristia viva. Daí vem o
costume de colocar sempre dentro do altar relíquias de mártires ou de outros
santos.
- Com a liberdade da Igreja, a
Eucaristia começou a ser celebrada nos templos e passou a ter uma maior
solenidade: o presidente agora usava paramentos e as palavras a serem
pronunciadas passaram a ser fixadas no missal. Na Idade Média começou-se a
chamar a Eucaristia de Missa. Esta palavra vem do latim missio, que
significa missão; ou seja, celebrar a Eucaristia é cumprir a missão que o
Senhor nos confiou até que ele volte e, ao mesmo tempo, anunciá-lo ao mundo.
Características
- Ministro: o Bispo e os presbíteros. Não
existe ministro extraordinário da Eucaristia! Existem, sim, ministros
extraordinários da comunhão eucarística! Estes podem exercer seu ministério
somente na sua Paróquia quando convidado pelo padre.
- Elementos essenciais: o pão sem
fermento, o vinho e a água.
- Sendo de origem apostólica, a
estrutura da Eucaristia não pode ser mudada nem mesmo pela Igreja: tem de ter a
liturgia da Palavra e a liturgia eucarística.
- Também tem de haver a comunhão, ao
menos do presidente. Participar da Eucaristia sem comungar é algo extremamente
aberrante... mais que ir a um banquete e não participar da refeição!
Características atuais da Celebração
eucarística
- ESTRUTURA
I - LITURGIA DA PALAVRA
» acolhida
» ato penitencial
» glória
» coleta
» I leitura
» salmo
» II leitura
» aleluia
» evangelho
» homilia
» credo
» oração dos fiéis
II - LITURGIA EUCARÍSTICA
» apresentação das ofertas
» oração
ORAÇÃO EUCARÍSTICA:
» prefácio
» epiclese
» anámnese (memorial, consagração)
» intercessões
» doxologia
RITO DA COMUNHÃO:
» Pai-nosso
» rito da paz
» fração do Pão
» comunhão da assembléia
» silêncio sagrado
» oração após a comunhão
RITOS FINAIS:
» eventuais avisos
» bênção
» despedida
4 - Como preparar a celebração eucarística
O local da celebração
- Sendo a Eucaristia ação sagrada por
excelência, não deve ser celebrada em qualquer local. O ambiente normal da
celebração é o templo. Somente extraordinariamente pode ser celebrada fora da
igreja e, nas residências, somente com licença expressa do Bispo.
- O ambiente da Eucaristia deve:
* ser digno: limpo, bem conservado,
iluminado, ornamentado com bom gosto e simplicidade;
* ter um altar coberto com uma
toalha sempre de cor branca. Não se deve usar uma mesa qualquer para a
Eucaristia! A toalha deve ser, sempre que possível, de linho e de forma
retangular. No altar devem-se colocar sempre duas velas e, nele ou a seu lado
esquerdo, um crucifixo com a imagem do Crucificado. Não é correto se colocar
flores sobre o altar. Nele deve também estar o missal, aí colocado depois que o
padre o tiver marcado na sacristia.
* ter sempre uma estante (ambão)
para a leitura da Palavra de Deus no lado direito do altar. Assim como é
indispensável a mesa do Pão eucarístico, é também indispensável a mesa do Pão
da Palavra! Do ambão são feitas as leituras e o salmo (que faz parte da
liturgia Palavra e não pode ser modificado ou substituído por um canto de
meditação), a proclamação do Evangelho e a oração dos fiéis. Na estante deve
estar o lecionário (livro de leituras). Nunca se deve fazer as
leituras da missa pelo jornalzinho. Também não é correto fazê-la na Bíblia.
O comentarista não deve fazer os comentários no ambão...
* ser preparada do lado direito uma mesinha
(credência) coberta de branco.
Na credência devem estar:
= o cálice com o sanguinho (o pano que serve de
guardanapo),
= a patena (de preferência funda) com a hóstia
grande e partículas para a comunhão dos fiéis,
= o corporal (pano grande e quadrado, dobrado, que
é forrado sobre o altar),
= a pala (pequeno quadrado forrado de branco para
cobrir c cálice),
= se necessário, uma âmbula (cálice tampado com as
demais partículas que serão consagradas. Também é chamada de cibório),
= as galhetas com vinho e água,
= uma pequena bacia com um jarro com água para o
padre lavar as mãos,
= o manustégio (uma toalha para enxugá-las).
* ser preparada uma cadeira digna para
o Presidente da celebração. Essa cadeira nunca deve ficar na frente do altar,
mas atrás ou a seu lado. A cadeira não deve ter forma de poltrona ou de trono.
Os banquinhos para os acólitos não deveriam estar ao lado da cadeira do
presidente, mas no canto, para não dar a impressão que estes estão concelebrando
canto.
* ser reservado um local para os
cantores.
Os participantes da celebração
- Participa da Eucaristia todo fiel
batizado. Um não batizado pode assistir, jamais participar, pois não faz parte
do Corpo sacerdotal de Cristo.
O sacerdote torna presente Cristo
Cabeça; os fiéis são o Corpo sacerdotal do Senhor. Padre e fiéis tornam
presentes sacramentalmente o Cristo Total no seu ofício sacerdotal.
- Na celebração cada um tem seu ofício.
A regra mestra para participar é esta: cada um faça tudo e somente e que lhe
compete. Por exemplo: é errado o padre fazer as leituras ou cantar o salmo:
isto compete aos leigos; como é completamente errado um leigo fazer a homilia!
Um erro muito comum é os leigos dizerem a oração da paz e a doxologia «por
Cristo, com Cristo, em Cristo» - isto compete somente ao padre. O missal
explica tudo e, por ser celebração de toda a Igreja, ninguém nem grupo
particular nenhum, pode modificar o que é determinado pelo missal! Um padre
que quisesse celebrar do seu jeito estaria deixando se ser ministro (servo) da
Igreja para ser usurpador, fazendo da Santa Missa a sua «missinha» particular.
Os fiéis devem rejeitar um tal comportamento!
- O comentarista não deve fazer também
a leitura ou salmo.
- Os acólitos que servem na celebração
devem estar digna e modestamente vestidos. O correto é estarem sempre de
túnica.
O que se canta, o que se comenta
- Os comentários devem ser breves e claros.
Podem-se fazê-los: na introdução, antes de cada leitura, antes da apresentação
das ofertas, após a oração pós-comunhão. O comentarista nunca deve anunciar o
livro a ser lido (é o leitor quem o fará). Nunca se deve dizer capítulo e
versículo da leitura a ser feita ou do salmo a ser cantado. Também nunca se diz
“palavras do Senhor”, mas “Palavra do Senhor”.
- Quanto aos cânticos: devem ser sempre litúrgicos.
É proibido cantar nas celebrações litúrgicas cânticos profanos! Só se canta um
cântico composto especificamente para a liturgia!
No Glória, Credo e Santo e Cordeiro de Deus não é
permitido alterar a letra que vem no missal. Mesmo quando cantados, devem ter
seu texto alterado. O mesmo vale ainda mais para o Pai-Nosso
- Não existe na liturgia o "canto da
paz"; não se deve cantá-lo, pois o abraço da paz deve ser simples e
discreto. Caso teime-se em cantá-lo, deve-se, então, necessariamente, cantar o
Cordeiro de Deus.
Como organizar a procissão das ofertas
- Rigorosamente, não se devem oferecer coisas que
depois serão retomadas! Isso seria um teatrinho! O que é oferecido deveria ser
coisas para a celebração, para a manutenção da Igreja e para ajudar aos
necessitados.
A ordem da procissão é a seguinte: primeiro as
ofertas que se queiram trazer. Por último o vinho, a água e o pão. Não se traz
o cálice vazio, nem as velas, nem a cruz, nem o missal, e muito menos a bacia
com o jarro d’água!
As ofertas são entregues ao Padre ou ao Diácono.
Como comungar
- Há somente dois modos de comungar:
* um mais antigo: na mão. O fiel
estende as duas mãos, a direita sob a esquerda. O padre coloca o Corpo do
Senhor, dizendo: «o Corpo de Cristo»; o fiel toma a hóstia, responde «amém» e
comunga, observando se ficou algum fragmento na mão para limpá-lo.
* um modo mais recente: na boca. Após
responder «amém», o fiel abre a boca e estira a língua um pouco.
- Quando a comunhão é sob as duas
espécies é dada sempre na boca.
- É errado:
* ir ao altar e pegar a hóstia. A
comunhão deve ser sempre recebida: «Tomai!», disse Jesus!
* pegar a partícula das mãos do padre
antes que ele a deposite na palma de nossa mão.
As cores litúrgicas
- De acordo com os tempos litúrgicos e
com as festas celebradas, mudam-se as cores litúrgicas. São elas:
- Verde:
usada no tempo comum, quando não há nenhuma comemoração especial. Significa a
esperança cristã, fundamentada na Ressurreição do Senhor e na sua presença na
Igreja: na aparente banalidade da vida, o cristão espera sempre, pois o seu
Senhor está presente.
- Branco:
usada no tempo do Natal e Pascal, nas festas de Cristo, da Virgem Maria e dos
Santos não mártires. Significa a pureza da vida cristã, a fé e a vida nova
trazida por Cristo.
- Vermelho:
usada na Sexta-feira Santa, na Solenidade de Pentecostes e nas festas dos
Santos mártires. Significa o fogo do amor divino doado pelo Espírito que faz,
inclusive, derramar o sangue no testemunho de Cristo.
- Roxo:
usada nos tempos de penitência: Advento e Quaresma, bem como nas missas
exequiais (pelos mortos) e celebrações penitenciais. Significa a sobriedade e o
luto de um coração contrito e humilhado.
- Rosa: é facultativa.
Trata-se de um roxo mitigado e pode ser usada no Terceiro Domingo do Advento e
no Quarto da Quaresma.
Ritos e gestos da celebração
- Eis alguns dos gestos mais
significativos:
* abrir
os braços: era o modo de rezar dos judeus e dos antigos cristãos recorda
também os braços abertos do Crucificado.
* estar
em pé: atitude de atenção, de disponibilidade, de respeito.
* ajoelhar-se:
atitude de adoração, de dependência é a atitude básica do cristão diante do
Senhor ressuscitado: diante dele se dobre todo joelho, no céu e na terra (cf.
Fl 2,10). O mesmo sentido tem a genuflexão diante do Santíssimo. É bom recordar
que é obrigatório ajoelhar-se durante a consagração. Há padres que, de
modo abusivo e autoritário, proibem o povo de ajoelhar-se. Isto é contrário às
normas da Igreja. O padre que faz isso está totalmente errado: está ensinando o
povo a agir de modo contrário ao que a Igreja orienta!
* inclinar-se:
sinal de respeito, humildade, dependência, súplica.
- Eis alguns ritos:
* abraço
da paz: é o modo tipicamente cristão de saudar-se em Cristo. na Igreja
antiga os cristãos trocavam entre si o ósculo (beijo na face) em sinal da
fraternidade em Cristo. saudar-se em Cristo é desejar ao outro a paz que Cristo
nos deu; é também reconhecer que o outro está comigo na mesma Paz, ou seja, na
mesma e única Igreja de Cristo.
* a fração do Pão: é um gesto que recorda
o próprio nome da Missa foi o gesto de Jesus. Em Roma, o rito chamado “fermentum”
adquiriu um significado belíssimo: após partir o Pão consagrado, o Bispo
enviava uma partícula para seus presbíteros, que celebravam nas várias
paróquias. Esses padres, misturavam esse pedaço com o vinho da missa que eles
celebravam, indicando, assim, que a missa celebrada por eles era a mesma do
Bispo. Assim, esse gesto significa que a Eucaristia é uma só, é sacramento de
unidade! Atualmente, o rito recorda que ambas as espécies pertencem à única
pessoa do Cristo glorioso em sua totalidade: Cristo todo no pão e todo no
vinho, vivo, ressuscitado.
Fonte:www.domhenrique.com
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