Bento XVI: Um ato de Coragem e Fé. Relembrando o ato de RENUNCIA do Papa Emérito.
No dia de ontem (Terça-feira 11/02)
exatamente um ano, fomos surpreendidos com a notícia da renúncia do Papa Bento
XVI. Era uma segunda-feira de Carnaval,
dia de Nossa Senhora de Lourdes e dia dos enfermos. O Papa havia convocado um
consistório, em Roma, para anunciar a canonização de mais três mártires
católicos. Os cardeais, atentos para ouvir o anúncio dos novos santos, foram
pegos de surpresas quando Bento XVI, com sua voz serena, começou a dizer,
em latim, que havia tomado uma decisão de grande importância
para a vida da Igreja.
Em um comunicado sucinto, mas substancioso,
ele cita sua fragilidade devido à idade avançada e àsexigências físicas e mentais do papado. Mas desejava
continuar servindo a Igreja por meio de uma vida mais dedicada à oração. No
mesmo comunicado, o Santo Padre disse que a Sé de Pedro estaria Vacante e que
os cardeais deveriam convocar um novo Conclave para eleger seu sucessor.
A mesma surpresa, que tomou conta dos cardeais
reunidos com o Papa em Roma, tomou conta do mundo inteiro naquela manhã do dia
11 de fevereiro de 2013. Nos tempos modernos, todos os Papas cumpriram sua
missão apostólica até a morte. O gesto inesperado de Bento XVI chamou toda a
Igreja para uma reflexão e todos os que não comungam deste mesmo espírito
eclesial a viver um tempo de especulações. Alguns apostavam que o Papa estava
gravemente enfermo, outros ainda acreditavam numa crise de grandes repercussões
na Igreja. O fato é que todos foram convocados para um período de orações e
preces em favor do Conclave para a eleição de um novo Pontífice.
Eu estava acordando, naquele momento,
preparando-me para ajudar nas confissões do acampamento de Carnaval, na sede da
Canção Nova, quando um telefonema da diretora de Jornalismo, Liliane Borges, me
convocava para estar, imediatamente, no estúdio, a fim
de comunicar, na TV, a renúncia do Papa. Da minha casa até o estúdio não
demoravam mais do que cinco minutos. No meio desse trajeto, arrumando o terno e
a camisa, eu ia me perguntando: o que vou dizer na televisão?
Os outros meios de comunicação já haviam
anunciado a renúncia do Papa em meio a muitas notícias e muitos boatos. O povo
não parava de ligar para a nossa central de informações, querendo saber o que a
Canção Nova tinha a dizer sobre o assunto. O suspense era grande. Acionamos
nossa casa de missão em Roma. Entramos em contato com padres, bispos, teólogos e canonistas,
pois precisávamos ajudar o povo a entender o que estava acontecendo, e não
simplesmente anunciar que o Papa havia renunciado nem alimentar, ainda
mais, as especulações.
A agilidade de nossa equipe foi
surpreendente! Interrompemos nossa programação e entramos no estúdio com a cara e a coragem para anunciar a
notícia que tirou o Carnaval de todas as manchetes. Em pouco tempo, entramos, ao vivo, por telefone, com autoridades da
Igreja no Brasil e em Roma. Nosso estúdio, em São Paulo, já
contava com a presença do Cardeal Dom Cláudio Hummes. Em todas as geradoras da
nossa rede de comunicação já era possível ver alguma autoridade da Igreja se
pronunciando sobre o acontecimento. O que se sucedeu, a partir daí, foi um
trabalho ininterrupto para comunicar e refletir sobre todas as notícias
referentes à sucessão do Papa Bento XVI.
Eu também havia feito, há nove anos, a
apresentação da cobertura do Conclave que elegeu o Bento XVI; porém, dessa vez,
o clima e a expectativa eram diferentes. Trava-se da renúncia de um Papa e das
consequências desse fato. Mantivemos, no ar, a mesma postura e a mesma
serenidade com que o Papa e a Igreja lidavam com a situação. Procuramos levar o
povo a entender que não era necessário especulação, mas oração, pois a Igreja
vivia um período de transição e não de paralisação.
Confesso que todos aqueles acontecimentos
geraram em mim um amor mais profundo à Igreja, de comunhão mais ardente com o
Sucessor de Pedro, seja quem fosse o escolhido. Não merece nenhuma comparação
com Bento XVI nem com seu antecessor nem com seu sucessor, cada um foi único e
cada um deu e tem dado sua contribuição à Igreja, à sua maneira e docilidade à
voz de Deus. Mas não podemos negar que o Papa Bento XVI foi uma bênção que o
Céu nos deu para fazer um pontificado iluminado e ser a ponte entre dois
grandes pontificados. Louvado seja Deus pela vida e pelo ministério do nosso
amado Papa Bento XVI.
Padre Roger Araújo
Jornalista e apresentador durante cobertura do Conclave
Jornalista e apresentador durante cobertura do Conclave
PASCOM – Paroquia São Gonçalo
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