Eleições/Holanda: Igreja Católica apela ao voto assente na "responsabilidade pelo bem-comum"
Os bispos holandeses emitiram uma nota
pastoral sobre as eleições legislativas que decorrem hoje no seu país, apelando
ao voto em “consciência” e recordando que está em causa não só um “direito” mas
um contributo para o “bem-comum”.
Num texto intitulado “Juntos na
responsabilidade pelo bem-comum”, os líderes católicos dos Países Baixos
destacam a importância decisiva deste sufrágio para “o rumo futuro da Holanda e
da sua sociedade”.
De acordo com as últimas sondagens, os
partidos mais bem colocados para vencerem as eleições são o partido liberal VVD
– Partido para a Liberdade e Democracia, liderado pelo atual primeiro-ministro
Mark Rutte; e o partido de extrema-direita PVV – Partido para a Liberdade,
encabeçado por Geert Wilders.
Deverão acorrer às urnas cerca de 13 milhões
de eleitores, num sufrágio que marca o arranque de um conjunto de eleições na
Europa e que é visto como o primeiro teste à coesão da União Europeia, a seguir
ao ‘Brexit’.
A campanha holandesa tem sido marcada por
desafios como a crise dos refugiados e migrantes, uma questão que tem dividido
os candidatos quanto à opção da Europa e dos seus Estados-membros abrirem ou
não as portas a quem busca acolhimento.
Atualmente milhões de pessoas estão em rota
para o Velho Continente, vindas de países em guerra como a Síria e o Iraque, em
busca de uma vida nova.
Geert Wilders, o candidato da
extrema-direita, já salientou que se for eleito fechará as fronteiras da
Holanda à entrada de mais refugiados e migrantes e anunciou a sua intenção de
retirar a nação da UE.
Os bispos holandeses consideram essencial
“reavaliar” os valores que norteiam o projeto europeu e exortam ainda os
eleitores católicos do seu país, a votarem “inspirados no compromisso cristão
pelo próximo”, mais do que numa determinada “ideologia política”.
Um compromisso cristão que (recordam) assenta
em pilares como “o respeito pela vida” e a “dignidade humana”; valores que
devem ser “para todos, sem exceção” e sobretudo para “as crianças, os pobres,
os doentes, os refugiados e outras pessoas mais vulneráveis”.
“É inaceitável que muitos vejam hoje a sua
dignidade comprometida por condições de vida desumanas, vítimas da opressão e
discriminação, da exclusão social e da violência, do terrorismo e da guerra, da
falta de educação e saúde”, aponta a Conferência Episcopal Holandesa.
A mensagem dos bispos holandeses aborda ainda a questão da
eutanásia, que está em debate em Portugal mas que já é uma prática legal nos
Países Baixos, a partir dos 12 anos de idade.
Para a Igreja Católica, a eutanásia é
completamente “incompatível” com a proposta cristã de “amor e solidariedade”,
de “responsabilidade e proximidade humana”.
As eleições legislativas na Holanda, que
envolvem a escolha dos 150 deputados para o Parlamento e a eleição de um novo
Governo, poderão resultar num processo demorado de negociação, devido à
complexidade do sistema político daquele país, onde quase todos os executivos
têm sido formados a partir de uma coligação.
O ato eleitoral mais complicado naquele país
data de 1977, ano em que a formação de um novo Governo demorou mais de cinco
meses.
Fonte da Noticia: www.agencia.ecclesia.pt
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