Homilia: Solenidade da Epifania do Senhor - Ano B





SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR ANO B

Diletos irmãos neste dia do Senhor a Igreja celebra a Epifania do Senhor. Epifania quer dizer a manifestação de Jesus como Messias de Israel, Filho de Deus e Salvador do mundo.  Em primeiro lugar, a salvação foi dada ao povo judeu conforme o Plano de Deus, e em segundo lugar, ela é extensiva aos pagãos. Santo Agostinho falando desta celebração disse: “Recentemente, o dia em que o Senhor nasceu entre os judeus; celebramos hoje o dia em que foi adorado pelos pagãos. Naquele dia, os pastores o adoraram; hoje, é a vez dos magos”. Estes magos representam todos os que não são judeus e são chamados ao encontro com o Senhor, ao dom da salvação que chegou em Cristo, “gloria de Israel’ e “luz das nações”. Começa a realizar-se a promessa que Deus Pai fizera ao pai Abraão“ Por ti serão benditos todos os clãs da terra” (Gn 12,3).
Testemunha a universalidade da salvação o apostolo Paulo que foi chamado a pregar aos não judeus. Ele falou do mistério do Deus escondido (mistério é todo o Plano de Deus), mas manifestado no Filho de Deus que se fez carne para salvar a todos os povos. “Os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho”. O menino que nasce atrai a si os que estão pertos (o povo judeu, e os que estão longe (o povo pagão). “Começa a unir em si dois muros de pontos diversos, ao conduzir os pastores da Judéia e os Magos do Oriente, a fim de formar em si mesmo, dos dois, um só homem novo, estabelecendo a paz. Paz para os que estão longe e paz para os que estão pertos”. (Santo Agostinho). Nos “magos’, (desconhecedores das profecias do Deus de Israel) representantes das religiões pagas circunvizinhas, o Evangelho vê as primícias das nações, que acolhem a Boa Nova da salvação pela encarnação.
Mas que tipos de homens eram os magos? Certamente eram especialistas em astronomia, ciência do Universo que se foi desenvolvimento na Mesopotâmia. Mas dentre muitos astrônomos, apenas alguns se deixaram mover por uma realidade mais elevada. A realidade de Deus. Eram homens de ciência, mas também de fé, pois se puseram a caminho e seguiram a estrela que tinha sido reconhecida como sendo a estrela da promessa, ou seja, a que indicava o caminho para o verdadeiro Rei e Salvador.
As antigas profecias encontram confirmação na linguagem dos astros. "Uma estrela sai de Jacob, e um cetro flamejante surge do seio de Israel" (Nm 24, 17), tinha anunciado o vidente pagão Balaão, chamado a amaldiçoar o povo de Israel, e que ao contrário o abençoou porque lhe revelou Deus "aquele povo é abençoado" (Nm 22, 12). Eram homens de coração inquieto como o de Santo Agostinho, homens que procuravam a verdade com a razão e com a fé. O santo papa emérito Bento XVI diz acerca dos magos:Foi a sua coragem humildade que lhes permitiu prostrar-se diante dum menino filho de gente pobre e reconhecer n’Ele o Rei prometido, cuja busca e reconhecimento fora o objetivo do seu caminho exterior e interior”.
Os magos deixam-se guiar pelo mistério e sentem a necessidade de adorar. Guiam-se por uma estrela, mas  também  uma pergunta os guia até encontrar a resposta: onde está o Rei dos judeus? No percurso da busca ora a estrela desaparece de suas vistas, ora reaparece, devolvendo a alegria, e ao encontrar o menino se encheram de grande alegria. Ajoelham-se e adoram o menino. E encontrando oferecem os seus serviços e os seus melhores bens. São Pedro Crisólogo, bispo sobre esta festa disse: [.......] Hoje, contemplam, maravilhados, no presépio, o céu na terra, a terra no céu, o homem em Deus, Deus no homem e, incluído no corpo pequenino de uma criança, aquele que o universo não pode conter. Vendo-o, proclamam sua fé e não discutem, oferecendo-lhe místicos presentes. Assim, o povo pagão, que era o último, tornou-se o primeiro, porque a fé dos magos deu início à fé de todos os pagãos!”Com o ouro reconhecem a dignidade e o valor inestimável do ser humano: tudo deve  ficar subordinado a sua felicidade; um menino merece que se ponham a seus pés todas as riquezas do mundo. O incenso resume o desejo de que a vida desse menino desabroche e sua dignidade se eleve até o céu: todo ser humano é chamado a participar da própria vida de Deus. A mirra é medicamento para curar a enfermidade e aliviar o sofrimento; o ser humano necessita de cuidados e consolo, não de violência e agressão”. (PAGOLA, 1992,P.).
A atitude dos magos me faz perguntar: diante de quem nós nos ajoelhamos? Dizemos que somos cristãos, mas será que vivemos adorando Jesus Eucarístico? Ofereço o meu dizimo com alegria de corçao sem constrangimento? Estou disposto a escutar o chamado de Deus e responder na fé que busca o Senhor até encontrá-lo?
            A grande cidade também fecha as portas para o salvador. “O rei Herodes ficou perturbado, assim como toda a cidade de Jerusalém”.  Herodes e sua corte representam o mundo dos poderosos. Neste mundo tudo vale, até matar. Ele se perturba e não se alegra. Não é livre, mas escravo de sua suas paixões. Tem um único plano encontrar para matar. Infelizmente, é isto Jesus vai encontrar ao longo de sua vida, rejeição do poder político e indiferença e resistência dos lideres religiosos. Quem se deixa ilumina pela luz do céu, Jesus torna-se luz em meio às trevas, mas quem a rejeita permanece nas trevas e busca apagar a luz da vida e os iluminados. (Jo 8,12). Nós temos muito de Herodes e pouco dos magos
Quanta luz, na festa de hoje! E, no entanto, é preciso que compreendamos sem pessimismo, mas também sem ilusões diabólicas, que este mundo vive em trevas: “Eis que está à terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos...” Que tristeza tão grande, constatar que as palavras do Profeta ainda hoje são tão verdadeiras... “Mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória já se manifesta sobre ti”. 
Caros irmãos olhem bem ao vosso redor e vai constatar tantos sinais de trevas. Tantas realidades que deveriam iluminar, mas são apagadas. Não é treva a violência em nosso bairro São Gonçalo? A droga correndo solta que destrói tantos jovens, a prostituição que degrada o ser do homem e da mulher? Não é treva a corrupção política que os meios de comunicação noticiam? Não é treva densa o comercio? Não é treva densa o comércio de religiões, o coquetel de seitas, a perseguição à Igreja, o uso leviano e interesseiro do Evangelho e do nome santo de Jesus? Não é treva medonha a dissolução da família, a relativização e esquecimento dos valores mais sagrados e da verdade da fé? Mas em meio a tantas trevas você , cristão, pode ser luz na luz de Cristo assim como os magos outrora foram luz.
Termino com as sábias palavras do santo papa Francisco. “Os Magos entraram no mistério. Passaram dos cálculos humanos ao mistério: esta foi a sua conversão. E a nossa? Peçamos ao Senhor que nos conceda fazer o mesmo caminho de conversão vivido pelos Magos. Que nos defenda e livre das tentações que escondem a estrela. Que sintamos sempre a inquietação de nos interrogarmos «onde está a estrela», quando a perdermos de vista no meio dos enganos do mundo. Que aprendamos a conhecer de forma sempre nova o mistério de Deus, que não nos escandalizemos do «sinal», da indicação «um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura» (Lc 2, 12), e que tenhamos a humildade de pedir à Mãe, à nossa Mãe, que no-Lo mostre. Que encontremos a coragem de nos libertar das nossas ilusões, das nossas presunções, das nossas «luzes», e que busquemos tal coragem na humildade da fé e possamos encontrar a Luz, Lumen, como fizeram os santos Magos. Que possamos entrar no mistério. Assim seja”. Amém.


Pe. Humberto

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