O Verbo Divino
Caro internauta, O
Catecismo da Igreja católica, depois da Sagrada Escritura é o mais importante
para os católicos e homens e mulheres de boa vontade. O seu objetivo é
apresentar sistematicamente em quem nós cremos e as verdades revelas que se encontram
na primeira parte (o credo apostólico), a fé celebrada nos sacramentos na
(segunda parte), a fé testemunhada na prática dos mandamentos (terceira parte)
e o patrimônio da espiritualidade (a quarta parte). É um compêndio de nossa fé.
Sobre o Mistério da Encarnação
apresento alguns parágrafos para o seu lucro espiritual. Leia. Medite. Ore. É
feito uma pergunta fundamental: Por que é que o Verbo (O Filho eterno do Pai)
se encarnou? Por amor a nós homens e para nossa salvação. A manifestação do
amor foi reconciliar, pois estávamos inimigos de Deus. Uma vez amado por primeiro e reconciliado sou
capaz de conhecer o amor de Deus. O amor encarnado é modelo como o homem deve
amar a Deus e ao próximo como Jesus. “Amai uns aos outros como eu vos amei”. Tal
realidade é concreta para você, porque o amor de Deus foi derramado em meu coração
no dia da páscoa do Senhor (Rm 5,5). Sou filho amado do Pai no seu Filho Unigênito.
Agora medite os parágrafos que se seguem.
Pe. Humberto
JESUS CRISTO FOI CONCEBIDO PELO PODER
DO ESPÍRITO SANTO E NASCEU DA VIRGEM MARIA»
DO ESPÍRITO SANTO E NASCEU DA VIRGEM MARIA»
PARÁGRAFO 1
O FILHO DE DEUS FEZ-SE HOMEM
I. Porque é que o Verbo encarnou?
456. Com o Credo Niceno - Constantinopolitano,
respondemos confessando: «Por
nós, homens, e para nossa salvação, desceu
dos céus; e encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria e Se fez
homem» (79).
457. O Verbo fez-Se carne para nos salvar, reconciliando-nos
com Deus: «Foi Deus que nos
amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados» (1 Jo 4, 10). «O Pai enviou o Filho como
salvador do mundo» (1 Jo 4, 14). «E Ele veio para tirar os
pecados» (1 Jo 3, 5):
«Enferma,
a nossa natureza precisava de ser curada; decaída, precisava de ser elevada;
morta, precisava de ser ressuscitada. Tínhamos perdido a posse do bem; era
preciso que nos fosse restituído. Encerrados nas trevas, precisávamos de quem
nos trouxesse a luz; cativos, esperávamos um salvador: prisioneiros,
esperávamos um auxílio; escravos, precisávamos dum libertador. Seriam razões
sem importância? Não seriam suficientes para comover a Deus, a ponto de O fazer
descer até à nossa natureza humana para a visitar, já que a humanidade se
encontrava em estado tão miserável e infeliz?» (80).
458.
O Verbo fez-Se carne, para que
assim conhecêssemos o amor de Deus: «Assim
se manifestou o amor de Deus para conosco: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigênito,
para que vivamos por Ele» (I
Jo 4, 9). «Porque Deus amou
tanto o mundo, que entregou o seu Filho Unigênito, para que todo o homem que
acredita n'Ele não pereça, mas tenha a vida eterna» (Jo 3, 16).
459. O Verbo fez-Se carne, para ser o nosso modelo de
santidade: «Tomai sobre vós o
meu jugo e aprendei de Mim [...]» (Mt 11, 29). «Eu sou o caminho, a
verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim» (Jo 14, 6). E o Pai, na montanha da
Transfiguração, ordena: «Escutai-o» (Mc 9, 7)
(81). De facto, Ele é o modelo das bem-aventuranças e a norma da Lei nova:
«Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei» (Jo 15, 12). Este amor implica a
oferta efetiva de nós mesmos, no seu seguimento (82).
460. O Verbo fez-Se carne, para nos tornar «participantes da
natureza divina» (2 Pe 1, 4):
«Pois foi por essa razão que o Verbo Se fez homem, e o Filho de Deus Se fez
Filho do Homem: foi para que o homem, entrando em comunhão com o Verbo e
recebendo assim a adoção divina, se tornasse filho de Deus» (83). «Porque o
Filho de Deus fez-Se homem, para nos fazer deuses» (84). «Unigenitus [...] Dei Filias, suae
divinitatis volens nos esse participes, naturam nostram assumpsit, ut homines
deos faceret factos homo – O
Filho Unigênito de Deus, querendo que fôssemos participantes da sua divindade,
assumiu a nossa natureza para que, feito homem, fizesse os homens deuses» (84).
II. A Encarnação
461. Retomando a expressão de São João («o
Verbo fez-Se carne»: Jo 1, 14), a Igreja chama
«Encarnação» ao facto de o Filho de Deus ter assumido uma natureza humana, para
nela levar a efeito a nossa salvação. Num hino que nos foi conservado por São
Paulo, a Igreja canta este mistério:
«Tende
em vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus. Ele, que era de
condição divina, não se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si
próprio, assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens.
Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte, e morte
de Cruz» (Fl 2, 5-8) (86).
462. A Epístola aos Hebreus fala do mesmo
mistério:
«É por
isso que, ao entrar neste mundo, Cristo diz: "Não quiseste sacrifícios e
oferendas, mas formaste-Me um corpo. Holocaustos e imolações pelo pecado não Te
foram agradáveis. Então Eu disse: Eis-Me aqui [...] para fazer a tua
vontade"» (Heb 10, 5-7, citando o Sl 40. 7-9, segundo os LXX).
463. A fé na verdadeira Encarnação do Filho de
Deus é o sinal distintivo da fé cristã: «Nisto haveis de reconhecer o Espírito
de Deus: todo o espírito que confessa a Jesus Cristo encarnado é de Deus» (1 Jo 4, 2). É esta a alegre convicção da
Igreja desde o seu princípio, ao cantar «o grande mistério da piedade»: «Ele
manifestou-Se na carne» (1 Tm 3, 16).
III. Verdadeiro Deus e verdadeiro homem
464. O acontecimento único e absolutamente
singular da Encarnação do Filho de Deus não significa que Jesus Cristo seja em
parte Deus e em parte homem, nem que seja o resultado de uma mistura confusa do
divino com o humano. Ele fez-Se verdadeiro homem, permanecendo verdadeiro Deus.
Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Esta verdade da fé, teve a
Igreja de a defender e clarificar no decurso dos primeiros séculos, perante
heresias que a falsificavam.
465. As primeiras heresias negaram menos a
divindade de Cristo que a sua verdadeira humanidade (docetismo gnóstico). Desde
os tempos apostólicos que a fé cristã insistiu sobre a verdadeira Encarnação do
Filho de Deus «vindo na carne» (87). Mas, a partir do século III, a Igreja teve
de afirmar, contra Paulo de Samossata, num concilio reunido em Antioquia, que
Jesus Cristo é Filho de Deus por natureza e não por adoção. O primeiro Concílio ecumênico de Nicéia, em 325, confessou no seu Credo que o Filho de Deus é «gerado, não
criado, consubstancial ('homoúsios') ao Pai» (88); e condenou Ario, o qual
afirmava que «o Filho de Deus saiu do nada» (89) e devia ser «duma substância
diferente da do Pai» (90).
466. A heresia nestoriana via em Cristo uma
pessoa humana unida à pessoa divina do Filho de Deus. Perante esta heresia, São
Cirilo de Alexandria e o terceiro Concilio ecuménico, reunido em Éfeso em
431,confessaram que «o Verbo, unindo na sua pessoa uma carne animada por uma
alma racional, Se fez homem» (91). A humanidade de Cristo não tem outro sujeito
senão a pessoa divina do Filho de Deus, que a assumiu e a fez sua desde que foi
concebida. Por isso, o Concílio de Éfeso proclamou, cm 431, que Maria se
tornou, com toda a verdade. Mãe de Deus, por ter concebido humanamente o Filho
de Deus em seu seio: «Mãe de Deus, não porque o Verbo de Deus dela tenha
recebido a natureza divina, mas porque dela recebeu o corpo sagrado, dotado
duma alma racional, unido ao qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo nasceu
segundo a carne» (92).
467. Os monofisitas afirmavam que a natureza
humana tinha deixado de existir, como tal, em Cristo, sendo assumida pela sua
pessoa divina de Filho de Deus. Confrontando-se com esta heresia, o quarto
Concílio ecumênico, em Calcedônia, no ano de 451, confessou:
«Na seqüência
dos santos Padres, ensinamos unanimemente que se confesse um só e mesmo Filho,
nosso Senhor Jesus Cristo, igualmente perfeito na divindade e perfeito na
humanidade, sendo o mesmo verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem,
composto duma alma racional e dum corpo, consubstancial ao Pai pela sua
divindade, consubstancial a nós pela sua humanidade, «semelhante a nós em tudo,
menos no pecado» (93): gerado do Pai antes de todos os séculos segundo a
divindade, e nestes últimos dias, por nós e pela nossa salvação, nascido da
Virgem Mãe de Deus segundo a humanidade.
Um só
e mesmo Cristo, Senhor, Filho Único, que devemos reconhecer em duas naturezas,
sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação. A diferença das
naturezas não é abolida pela sua união; antes, as propriedades de cada uma são
salvaguardadas e reunidas numa só pessoa e numa só hipóstase» (94).
468. Depois do Concílio de Calcedônia, alguns
fizeram da natureza humana de Cristo uma espécie de sujeito pessoal. Contra
eles, o quinto Concílio ecumênico, reunido em Constantinopla em 553, confessou
a propósito de Cristo: «não há n'Ele senão uma só hipóstase (ou pessoa), que é
nosso Senhor Jesus Cristo, um
da santa Trindade» (95). Tudo na humanidade de Cristo
deve, portanto, ser atribuído à sua pessoa divina como seu sujeito próprio
(96); não só os milagres, mas também os sofrimentos (97) e a própria morte:
«Aquele que foi crucificado na carne, nosso Senhor Jesus Cristo, é verdadeiro
Deus, Senhor da glória e um da Santíssima Trindade» (98).
469. Assim, a Igreja confessa que Jesus é
inseparavelmente verdadeiro Deus e verdadeiro homem. É verdadeiramente o Filho
de Deus feito homem, nosso irmão, e isso sem deixar de ser Deus, nosso Senhor:
«Id
quod fuit remansit, et quod non fuit assumpsit» – «Continuou a ser o que era e
assumiu o que não era», como canta a Liturgia Romana (90). E a Liturgia de São
João Crisóstomo proclama e canta: «Ó Filho único e Verbo de Deus, sendo
imortal. Vos dignastes, para nossa salvação, encarnar no seio da Santa Mãe de
Deus e sempre Virgem Maria, e sem mudança Vos fizestes homem e fostes
crucificado! Ó Cristo Deus, que por Vossa morte esmagastes a morte, que sois um
da Santíssima Trindade, glorificado com o Pai e o Espírito Santo, salvai-nos!»
(100).
IV. Como é que o Filho de Deus é homem
470. Uma vez que, na união misteriosa da
Encarnação, «a natureza humana foi assumida, não absorvida» (101), a Igreja, no
decorrer dos séculos, foi levada a confessar a plena realidade da alma humana,
com as suas operações de inteligência e vontade, e do corpo humano de Cristo.
Mas, paralelamente, a mesma Igreja teve de lembrar repetidamente que a natureza
humana de Cristo pertence, como própria, à pessoa divina do Filho de Deus que a
assumiu. Tudo o que Ele fez e faz nela, depende de «um da Trindade». Portanto, o
Filho de Deus comunica à sua humanidade o seu próprio modo de existir pessoal
na Santíssima Trindade. E assim, tanto na sua alma como no seu corpo, Cristo
exprime humanamente os costumes divinos da Trindade (102):
«O
Filho de Deus trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana,
agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem
Maria, tornou-Se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no
pecado» (103).
A ALMA E O CONHECIMENTO HUMANO DE CRISTO
471. Apolinário de Laodiceia afirmava que, em
Cristo, o Verbo tinha ocupado o lugar da alma ou do espírito. Contra este erro,
a Igreja confessou que o Filho eterno assumiu também uma alma racional humana
(104).
472. Esta alma humana, que o Filho de Deus assumiu,
é dotada de um verdadeiro conhecimento humano. Como tal, este não podia ser por
si mesmo ilimitado. Exercia-se nas condições históricas da sua existência no
espaço e no tempo. Foi por isso que o Filho de Deus, fazendo-Se homem, pôde
aceitar «crescer em sabedoria, estatura e graça» (Lc 2, 52) e também teve de Se
informar sobre o que, na condição humana, deve aprender-se de modo experimental
(105). Isso correspondia à realidade do seu abatimento voluntário na «condição
de servo» (106).
473. Mas, ao mesmo tempo, este conhecimento
verdadeiramente humano do Filho de Deus exprimia a vida divina da sua pessoa
(107). «A natureza humana do Filho de Deus, não
por si mesma, mas pela sua união com o Verbo, conhecia
e manifestava em si tudo o que é próprio de Deus» (108). É o caso, em primeiro
lugar, do conhecimento íntimo e imediato que o Filho de Deus feito homem tem do
seu Pai (109). O Filho também mostrava, no seu conhecimento humano, a
clarividência divina que tinha dos pensamentos secretos do coração dos homens
(110).
474. Pela sua união com a Sabedoria divina na
pessoa do Verbo Encarnado, o conhecimento humano de Cristo gozava, em
plenitude, da ciência dos desígnios eternos que tinha vindo revelar (111). O
que neste domínio Ele reconhece ignorar (112) declara, noutro ponto, não ter a
missão de o revelar (113).
A VONTADE HUMANA DE CRISTO
475. De igual modo, a Igreja confessou, no
sexto Concilio ecumênico, que Cristo possui duas vontades e duas operações
naturais, divinas e humanas, não opostas mas cooperantes, de maneira que o
Verbo feito carne quis humanamente, em obediência ao Pai, tudo quanto decidiu
divinamente com o Pai e o Espírito Santo para a nossa salvação (114). A vontade
humana de Cristo «segue a sua vontade divina, sem fazer resistência nem oposição
em relação a ela, antes estando subordinada a essa vontade onipotente» (115).
O VERDADEIRO CORPO DE CRISTO
476. Uma vez que o Verbo Se fez carne,
assumindo uma verdadeira natureza humana, o corpo de Cristo era circunscrito
(116). Portanto, o rosto humano de Jesus pode ser «pintado» (117). No VII
Concílio ecumênico (118), a Igreja reconheceu como legítimo que ele fosse
representado em santas imagens.
477. Ao mesmo tempo, a Igreja sempre reconheceu
que, no corpo de Jesus, «Deus que, por sua natureza, era invisível, tornou-Se
visível aos nossos olhos» (119). Com efeito, as particularidades individuais do
corpo de Cristo exprimem a pessoa divina do Filho de Deus. Este fez seus os
traços do seu corpo humano, de tal modo que, pintados numa imagem sagrada,
podem ser venerados porque o crente que venera a sua imagem, «venera nela a
pessoa nela representada» (120).
O CORAÇÃO DO VERBO ENCARNADO
478. Jesus conheceu-nos e amou-nos, a todos e a
cada um, durante a sua vida, a sua agonia e a sua paixão, entregando-Se por cada
um de nós: «O Filho de Deus amou-me e entregou-Se por mim» (Gl 2, 20). Amou-nos a todos com um
coração humano. Por esse motivo, o Sagrado Coração de Jesus, trespassado pelos
nossos pecados e para nossa salvação (121),«praecipuus consideratur index et
symbolus... illius amoris, quo divinus Redemptor aeternum Patrem hominesque
universos continenter adamat é
considerado sinal e símbolo por excelência... daquele amor com que o divino
Redentor ama sem cessar o eterno Pai e todos os homens» (122).
Fonte do Catecismo da Igreja Católica.
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