Homilia: Quinto Domingo do Tempo Comum Ano B
HOMILIA DO QUINTO DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B
Caro
irmão a nossa atenção se volta para o sentido do sofrimento cristão. Sempre
foram ocupações e preocupações perguntas profundas sobre o sentido do
sofrimento. Questões como estas ainda nos perturba, por que há no mundo tantas
pessoas que sofrem? Por que o mal no mundo? Por que aquele que faz o bem sofre
tanto e àquele que faz o mal às vezes desfruta de tantos bens?
O
livro de Jó direciona o nosso olhar para a vida com o drama que lhe acompanha.
Grande questionamento a leitura primeira nos coloca. Não é acaso uma luta
a vida do homem sobre a terra? seus dias não são como dias de um mercenário? Tive
por ganho meses de decepção, e couberam-me noites de sofrimentos. Se me deito,
penso: quando poderei levantar-me? E, ao amanhecer, espero novamente à tarde.
Meus dias correm mais rápido do que a lançadeira do tear e se consomem sem
esperança.
Jó
faz a experiência da riqueza, mas também a da pobreza. Cumpre o que Paulo
disse: sei viver na riqueza e na pobreza. Jó faz a experiência do bem da saúde,
mas cai sobre ele o mal da doença a ponto de lhe encher de sofrimento. Mistério
a doença, ou aproxima o fiel de Deus ou lhe afasta. O livro todo e toda a vida
é um convite a refletir sobre a infeliz situação do homem neste universo. A
situação é de desalento. A vida é comparada a de um escravo ou de um
trabalhador braçal. Jó não é um desgraçado que faz a leitura do sofrimento da
vida sem a experiência da fé, pois em outra passagem ele exalta o dom da fé no
redentor. O seu grito é o grito antecipado de Cristo agonizando no altar da
cruz. “Ouvi, Senhor, a minha oração, escutai os meus clamores, não fiqueis
insensível ás minhas lágrimas” (Sl 139,13). Mas sofrer sem a experiência da fé
é como semear no deserto de um terreno. É viver sem sentido o que aos olhos
humanos não tem sentido, o sofrimento.
Caros
irmãos num mundo marcado pela cultura do prazer, que cultua o corpo físico com
toda força, que cultiva muitas formas de prazer com exageros, que não suporta a
possibilidade de sofrer e amar por um grande ideal. O chamado do Senhor “vem e
segue-me”, mas antes renuncie a si mesmo e tome a cruz de cada dia. Num mundo
que não habitua as crianças, os jovens, a pensar no sentido da vida como dom
para outros. Que vive o imediatismo e o não compromisso permanente. Pensar e
meditar o livro de Jó é redescobrir o sentido da fé que transcende a minha
pobre realidade. Ele não é pessimista, mas realista com o dom da vida. Lembra-te
de que minha vida é apenas um sopro e meus olhos não voltarão a ver a
felicidade. É a sua oração antecipando a oração de Cristo na hora da
angustia. O triste não é saber que sofro, que adoeço, que morro, mas saber e
viver sem a experiência do sentido cristão de cada realidade presente em minha
vida.
Diante
do mistério do sofrimento humano vem Jesus não com respostas abstratas e ideias
vazias, mas a resposta é com atitudes, a atitude de aproximar dos sofredores.
Verificamos as atitudes do Senhor que se torna modelo para quem o segue. “Jesus
se aproxima, toma-a pela mão a sogra de Pedro, ergue-a e ela começa a servir
após ter levantado”. Ao ouvir falar da doença da sogra de Pedro, o Senhor não
se afasta, mas se aproxima com o coração e com os pés. É assim que nós agimos?
Com as situações de sofrimentos das pessoas como tenho me comportado? Com
indiferença ou faço a diferença com atitude de misericórdia. A segunda atitude
Jesus segura a sogra de Pedro pela mão e a levanta. Gesto que diz
muito.Com tal proclama a vitória de Jesus sobre qualquer situação que leve a
desumanizar a pessoa. Tal gesto me comunica que Jesus se aproxima de todos os
atribulados na alma e no corpo, na dor e no sofrimento, toma cada um pela mão e
ressuscita para uma nova vida. Nosso missão é continuar os seus gestos de amor.
A mulher começa a servir, quem foi tocado é convidado a prolongar o s gestos de
Jesus “vim para servir”. Estou servindo o senhor?
Mas,
atenção, Jesus não veio do Pai resolver todos os problemas da saúde, senão não
precisavam de médicos no mundo. Nem muitos menos multiplicar pães para matar a
fome, senão não precisávamos trabalhar. Mas limitou-se fazer alguns
sinais libertadores através dos quais queria dar a entender aos seus seguidores
que Deus Pai não aceita nada que escravize a pessoa humana. Ele é companheiro
de todos que lutam pela dignidade da pessoa humana. Ao curar os doentes, o
mestre ensina mais que operar milagre físico, desejar ensinar que com ele
começou um mundo novo do qual será eliminado a morte e o os sinais que
aproximam da morte. O Reino do mal já começou a ser combatido pelo reino
de Deus em Jesus. Creio que este mundo será renovado se o amor de Deus tomar forma
em nossas atitudes. “Comovido por tanto sofrimento, Cristo não só Se deixa
tocar pelos doentes, como também faz suas as misérias deles: «Tomou
sobre Si as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças» (Mt 8,
17) (111). Ele não curou todos os doentes. As curas que fazia eram sinais da
vinda do Reino de Deus. Anunciavam uma cura mais radical: a vitória sobre o
pecado e sobre a morte, mediante a sua Páscoa. Na cruz, Cristo tomou sobre Si
todo o peso do mal (112) e tirou «o pecado do mundo» (Jo 1, 29), do
qual a doença não é mais que uma conseqüência. Pela sua paixão e morte na cruz.
Cristo deu novo sentido ao sofrimento: desde então este pode configurar-nos com
Ele e unir-nos à sua paixão redentora”. (CIC, n. 1505).
É
comovente uma última atitude que o Evangelho de hoje apresenta em Jesus. Ele
participa da oração da comunidade e também faz a sua oração pessoal ao Pai no
silencio da noite durante a qual ele foi iluminado sobre o drama da condição
humana. O mundo sem o pecado não é o mundo atual, mas o mundo futuro. A vida e
o sofrimento continuam até um dia tudo ser extirpado pelo Senhor da historia e
do tempo. Mas podemos diminuir. A oração pode nos iluminar sobre o sentido da
dor. Lembra-te que Jesus orou na agonia. Ore também e se entrega ao Pai confiante
como filho.
Assim
vamos enxergar o homem e o s problemas com os olhos de Deus e com a compaixão
de Deus. Jesus não resolve os problemas que nós somos capazes de resolver, mas
a sua graça nos acompanha tanto no querer como no operar. Deve ir a
ouros lugares anunciar o Reino. Termino com uma comovente prece do
Bem-Aventurado Charles de Foucauld:
Pai,
ponho-me nas tuas mãos,
Faz de mim o que quiseres.
Venha o que vier, dou-te graças.
Estou disposto a tudo.
Aceito tudo, com a certeza de que tua vontade
se cumpre na minha e em todas as criaturas.
Não desejo nada mais.
Encomendo-te o meu coração,
entrego-te com todo o amor de que sou capaz.
Porque te amo e preciso dar-me, Amém.
pôr-me nas tuas mãos sem medida,
com infinita confiança porque tu és meu Pai.
Faz de mim o que quiseres.
Venha o que vier, dou-te graças.
Estou disposto a tudo.
Aceito tudo, com a certeza de que tua vontade
se cumpre na minha e em todas as criaturas.
Não desejo nada mais.
Encomendo-te o meu coração,
entrego-te com todo o amor de que sou capaz.
Porque te amo e preciso dar-me, Amém.
pôr-me nas tuas mãos sem medida,
com infinita confiança porque tu és meu Pai.
Pe. Humberto
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