Textos Bíblicos da Terceira Semana e Comentários
Início do Livro do Profeta
Isaías
1,1-18
Deus censura o seu povo
1 Visão de Isaías, filho de
Amós,
acerca de Judá e Jerusalém
no tempo dos reis de Judá:
Ozias, Joatão, Acaz e Ezequias.
2 Ouvi, ó céus, presta
ouvidos, ó terra,
pois é o Senhor quem falou:
“Criei e fiz crescer meus filhos,
mas eles me desprezaram.
3 O boi reconhece o seu dono
e o burro, a manjedoura
do seu senhor;
mas Israel não me conhece,
meu povo não quer entender”.
4 Ai da nação pecadora,
povo cheio de maldade,
geração de malfeitores, filhos degenerados!
Abandonaram o Senhor,
desprezaram o Santo de Israel,
voltaram para trás.
5 De que valem novos golpes sobre
vós,
se continuais prevaricando?
A cabeça toda é uma chaga,
o coração está esgotado;
6 da planta dos pés à cabeça
não há nele nada de intacto:
feridas, contusões e chagas expostas
não são curadas, não são enfaixadas,
nem recebem o remédio do ungüento.
7 Vossa terra está deserta,
vossas cidades, incendiadas;
forasteiros saqueiam vosso país à vista de todos,
como se fosse devastado numa operação guerreira.
8 Sião jaz abandonada,
como cabana numa vinha,
como choupana no meio da horta,
como uma cidade sitiada!
9 Se o Senhor dos exércitos
não vos tivesse deixado um resto,
seríamos como Sodoma,
semelhantes a Gomorra.
10 Ouvi a palavra do Senhor,
magistrados de Sodoma,
prestai ouvidos ao ensinamento do nosso Deus,
povo de Gomorra.
11 Que me importa a abundância
de vossos sacrifícios?
– diz o Senhor.
Estou farto de holocaustos de carneiros
e de gordura de animais cevados;
do sangue de touros, de cordeiros
e de bodes, não me agrado.
12 Quando entrais para vos
apresentar diante de mim,
quem vos pediu para pisardes os meus átrios?
13 Não continueis a trazer oferendas
vazias!
O incenso é para mim uma abominação!
Não suporto lua nova, sábado,
convocação de assembléia:
iniqüidade com reunião solene!
14 Vossas luas novas e vossas
solenidades,
eu as detesto!
Elas são para mim um peso,
estou cansado de suportá-las.
15 Quando estendeis as vossas
mãos,
escondo de vós os meus olhos.
Ainda que multipliqueis a oração,
eu não ouço:
vossas mãos estão cheias de sangue!
16 Lavai-vos, purificai-vos.
Tirai a maldade de vossas ações
de minha frente.
Deixai de fazer o mal!
17 Aprendei a fazer o bem!
Procurai o direito, corrigi o opressor.
Julgai a causa do órfão, defendei a viúva.
18 Vinde, debatamos – diz o Senhor.
Ainda que vossos pecados sejam como púrpura,
tornar-se-ão brancos como a neve.
Se forem vermelhos como o carmesim,
tornar-se-ão como lã.
Meditação de Padre Fernando Cardoso
Comentário
por Padre José Humberto
A
Palavra dominante desta semana é o dom da alegria. Alegria que não está nas
coisas, nem em nós, nem nos bens materiais, nem no poder, mas unicamente em
Deus. Tal alegria foi anunciada pelo Anjo na noite Santa do natal, daí o convite
a se alegrar no Senhor. João, o batista, foi agraciado, porque foi o primeiro
no ventre a exultar pela presença do Salvador no ventre ditoso de Isabel.
Caro
irmão o texto deste domingo da patrística é de Santo Agostinho, bispo do (séc.
V). João é a voz, Cristo, a Palavra. Aquele passa, este permanece (cf. 1,1).
Mas para que a Palavra Cristo chega ao ouvido preciso da voz, voz do profeta
que anuncia a vinda do Senhor. Voz hoje que continua anunciando a sua vinda
gloriosa e em cada sacramento. No entanto, a palavra deve chegar também ao
coração, porque ela é alimento. Deve penetrar nele como a água penetra na
terra. Ela permanece, mas a voz desaparece. É fascinador a palavra do santo
bispo. “Guardemos a Palavra; não percamos a palavra concebida em nosso intimo”.
Queres ver como a voz passa e a palavra divina desaparece? Que foi feito do
batismo de João?, pergunta Agostinho.
Confundira
a voz com a Palavra. Mas a voz esclarece com a Palavra e desaparece, mas a
Palavra permanece para sempre. João responde que é a apenas a voz (cf. Jo
1,19.23). “Sou a voz que faz ouvir apenas para levar o senhor aos vosso
corações...”. O santo bispo termina o texto com um pergunta fundamental para o
santo tempo: o que significa : Aplanai o caminho?busque a resposta no texto e com
outra pergunta: tenha consciência de que sou voz a serviço da Palavra de Deus?
Pe.
Humberto
Textos Patrísticas
Das Catequeses de São Cirilo de Jerusalém, bispo
(Cat. 15,1-3: PG
33,870-874)
(Séc. IV)
As duas vindas de Cristo
Anunciamos a vinda de Cristo: não apenas a
primeira, mas também a segunda, muito mais gloriosa. Pois a primeira revestiu
um aspecto de sofrimento, mas a segunda manifestará a coroa da realeza divina.
Aliás, tudo o que concerne a nosso Senhor Jesus
Cristo tem quase sempre uma dupla dimensão. Houve um duplo nascimento:
primeiro, ele nasceu de Deus,antes dos séculos; depois, nasceu da Virgem, na
plenitude dos tempos. Dupla descida: uma, discreta como a chuva sobre a relva;
outra, no esplendor, que se realizará no futuro.
Na primeira vinda, ele foi envolto em faixas e
reclinado num presépio; na segunda, será revestido num manto de luz. Na
primeira, ele suportou a cruz, sem recusar a sua ignomínia; na segunda, virá
cheio de glória, cercado de uma multidão de anjos.
Não nos detemos, portanto, somente na primeira
vinda, mas esperamos ainda, ansiosamente, a segunda. E assim como dissemos na
primeira: Bendito o que vem em nome do Senhor (Mt 21,9),
aclamaremos de novo, no momento de sua segunda vinda, quando formos com os
anjos ao seu encontro para adorá-lo: Bendito o que vem em nome do
Senhor.
Virá o Salvador, não para ser novamente julgado,
mas para chamar a juízo aqueles que se constituíram seus juízes. Ele, que ao
ser julgado, guardara silêncio, lembrará as atrocidades dos malfeitores que o
levaram ao suplício da cruz, e lhes dirá: Eis o que fizestes e calei-me (Sl
49,21).
Naquele tempo ele veio para realizar um desígnio de
amor, ensinando aos homens com persuasão e doçura; mas, no fim dos tempos,
queiram ou não, todos se verão obrigados a submeter-se à sua realeza.
O profeta Malaquias fala dessas duas vindas: Logo
chegará ao seu templo o Senhor que tentais encontrar (Ml 3,1). Eis uma
vinda.
E prossegue, a respeito da outra: E o anjo
da aliança, que desejais. Ei-lo que vem, diz o Senhor dos exércitos; e quem
poderá fazer-lhe frente, no dia de sua chegada? E quem poderá resistir-lhe,
quando ele aparecer? Ele é como o fogo da forja e como a barrela dos
lavadeiros; e estará a postos, como para fazer derreter e purificar(Ml
3,1-3).
Paulo também se refere a essas duas vindas quando
escreve a Tito: A graça de Deus se manifestou trazendo salvação para
todos os homens. Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas e
a viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade, aguardando a feliz
esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus
Cristo (Tt 2,11-13). Vês como ele fala da primeira vinda, pela qual dá
graças, e da segunda que esperamos?
Por isso, o símbolo da fé que professamos nos é
agora transmitido, convidando-nos a crer naquele que subiu aos céus, onde
está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar
os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. Nosso Senhor Jesus Cristo
virá portanto dos céus, virá glorioso no fim do mundo, no último dia. Dar-se-á
a consumação do mundo,e este mundo que foi criado será inteiramente renovado.
Segunda-feira da 3ª Semana do
Advento
Do Livro do Profeta
Isaías
1,21-27; 2,1-5
Julgamento e salvação para Sião, centro
de todos os povos
1,21Como se tornou uma meretriz
esta cidade, outrora fiel e justa?
Nela habitava a justiça,
agora moram os assassinos.
22 Tua prata transformou-se em escória,
teu vinho tornou-se aguado;
23teus príncipes são desonestos,
cúmplices de ladrões;
gostam de subornos e vão atrás de gratificações;
não fazem justiça ao órfão,
não chega até eles a causa da viúva.
24 Por isso, diz o Senhor Deus dos
exércitos,
o Forte de Israel:
“Ah! tomarei satisfação dos meus adversários,
eu me vingarei dos meus inimigos.
25 Eu voltarei minha mão contra ti,
purificarei ao máximo a tua escória
e te limparei de toda a ganga.
26Farei que teus juízes voltem a
ser como eram
e teus conselheiros como os de outrora;
depois disso serás chamada
Cidade da Justiça, Cidade fiel.
27Sião será resgatada com justiça
e os que nela habitam,
pela prática da retidão.
2,1Visão de Isaías, filho de Amós,
sobre Judá e Jerusalém.
2 Acontecerá, nos últimos tempos,
que o monte da casa do Senhor
estará firmemente estabelecido
no ponto mais alto das montanhas
e dominará as colinas.
A ele acorrerão todas as nações,
3para lá irão numerosos povos e
dirão:
“Vamos subir ao monte do Senhor,
à casa do Deus de Jacó,
para que ele nos mostre seus caminhos
e nos ensine a cumprir seus preceitos”;
porque de Sião provém a lei
e de Jerusalém, a palavra do Senhor.
4Ele há de julgar as nações
e argüir numerosos povos;
estes transformarão suas espadas em arados
e suas lanças em foices;
não pegarão em armas uns contra os outros
e não mais travarão combate.
5 Vinde, todos da casa de Jacó,
e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor.
Meditação de Padre Fernando Cardoso
Comentário por Padre José Humberto
Das Cartas Pastorais de são Carlos Borromeu, bispo (Século XVI).
Nesta carta o
bispo fala do “Tempo do Advento” no seu falar este tempo é tão importante e tão
solene que todo o Antigo testamento se preparou para a vinda do Filho de Deus
na nossa carne, que desejara ardentemente a vinda do salvador. Os patriarcas
esperaram, os profetas anunciaram. Completado o tempo, Deus movido por amor envia o seu Filho nascida
da Virgem Maria para nos convidar para o céu, para nos revelar os mistérios do
reino esperado e chegado, para mostra o esplendor da verdade e enriquecer-nos
com os tesouros da graça manifestado na carne. O santo bispo ensina que a vinda
de Cristo foi proveitosa para todos os do seu tempo e para o nosso tempo. E a
graça nos chega pelos santos sacramentos. Ensina que aquele que veio a primeira
vez continua vindo para habitar em nossos corações com o dom do espírito santo
dado e comunicado no dia do batismo.
Por isso caro
paroquiano o melhor meio, o meio eficaz, o meio por excelência é preparar a
liturgia do advento para celebrar bem o santo natal. Agora medite o texto do
santo bispo.
Pe. Humberto
Textos Patrísticas
Das Cartas Pastorais de São Carlos Borromeu, bispo
(Acta Eclesiae Mediolanensis, t. 2, Lugduni, 1683,
916-917)
(Séc. XVI)
O tempo do Advento
Caros filhos, eis chegado o tempo tão importante e
solene que, conforme diz o Espírito Santo, é o momento favorável, o dia
da salvação (cf. 2Cor 6,2), da paz e da reconciliação. É o tempo que
outrora os patriarcas e profetas tão ardentemente desejaram com seus anseios e
suspiros; o tempo que o justo Simeão finalmente pôde ver cheio de alegria,
tempo celebrado sempre com solenidade pela Igreja, e que também deve ser
constantemente vivido com fervor, louvando e agradecendo ao Pai eterno pela
misericórdia que nos revelou nesse mistério. Em seu imenso amor por nós,
pecadores, o Pai enviou seu Filho único a fim de libertar-nos da tirania e do
poder do demônio, convidar-nos para o céu, revelar-nos os mistérios do seu
reino celeste, mostrar-nos a luz da verdade, ensinar-nos a honestidade dos
costumes, comunicar-nos os germes das virtudes, enriquecer-nos com os tesouros
da sua graça e, enfim, adotar-nos como seus filhos e herdeiros da vida eterna.
Celebrando cada ano este mistério, a Igreja nos
exorta a renovar continuamente a lembrança de tão grande amor de Deus para
conosco. Ensina-nos também que a vinda de Cristo não foi proveitosa apenas para
os seus contemporâneos, mas que a sua eficácia é comunicada a todos nós se,
mediante a fé e os sacramentos, quisermos receber a graça que ele nos prometeu,
e orientar nossa vida de acordo com os seus ensinamentos.
A Igreja deseja ainda ardentemente fazer-nos
compreender que o Cristo, assim como veio uma só vez a este mundo, revestido da
nossa carne, também está disposto a vir de novo, a qualquer momento, para
habitar espiritualmente em nossos corações com a profusão de suas graças, se
não opusermos resistência.
Por isso, a Igreja, como mãe amantíssima e cheia de
zelo pela nossa salvação, nos ensina durante este tempo, com diversas
celebrações, com hinos, cânticos e outras palavras do Espírito Santo, como
receber convenientemente e de coração agradecido este imenso benefício e a
enriquecer-nos com seus frutos, de modo que nos preparemos para a chegada de
Cristo nosso Senhor com tanta solicitude como se ele estivesse para vir
novamente ao mundo. É com esta diligência e esperança que os patriarcas do
Antigo Testamento nos ensinaram, tanto em palavras como em exemplos, a preparar
a sua vinda.
Terça-feira
da 3ª Semana do Advento
Do Livro do Profeta Isaías 2,6-22; 4,2-6
Deus julga o seu povo
2,6 Rejeitaste teu povo, a casa
de Jacó,
porque ela está cheia de adivinhos orientais,
serve-se de agoureiros, como os filisteus,
e estende a mão aos estrangeiros.
7 Encheu-se de ouro e prata
esta terra,
seus tesouros não têm fim;
8 sua terra está cheia de cavalos,
inumeráveis os seus carros de guerra;
encheu-se também de ídolos:
adora-se a obra das mãos do homem,
obra que seus dedos fizeram.
9 Um homem rebaixou-se, outro está
humilhado:
não lhes perdoes, Senhor.
10 Ó homem, entra numa
caverna, esconde-te na poeira,
por medo do Senhor e do esplendor da sua glória.
11 A visão orgulhosa do homem
será humilhada
e a soberba dos grandes, abatida;
naquele dia, somente o Senhor será exaltado.
12 Pois será o dia do Senhor dos
exércitos,
contra soberbos e orgulhosos,
e contra todo arrogante,
que será humilhado;
13 contra os cedros do Líbano,
altos e esbeltos,
e contra os carvalhos de Basã;
14 contra todas as montanhas
altas
e contra as colinas e elevações;
15 contra toda torre sobranceira,
e contra toda fortificação;
16 contra os navios de Társis,
e contra as embarcações de luxo.
17 A soberba dos homens será abatida
e sua mania de grandeza, humilhada:
somente o Senhor, naquele dia, será exaltado,
18 e os ídolos serão feitos em
pedaços.
19 Os homens se esconderão nas cavernas
de pedra
e nos abismos terrestres,
por medo do Senhor e do esplendor de sua glória,
quando ele vier castigar a terra!
20 Naquele dia, o homem
lançará às toupeiras e aos morcegos
os ídolos de ouro e prata
que tinha feito para adorar.
21 E se esconderá nas aberturas das
rochas,
nas cavernas de pedra,
por medo do Senhor e do esplendor de sua glória,
quando ele vier castigar a terra.
22 Cessai de confiar no homem,
cuja vida se prende por um fôlego:
em quanto se pode estimá-lo?
4,2 Naquele dia, o povo do
Senhor terá esplendor e glória,
e o fruto da terra será de grande alegria
para os sobreviventes de Israel.
3 Então, os que forem deixados em
Sião,
os sobreviventes de Jerusalém, serão chamados
santos,
a saber, todos os destinados à vida em Jerusalém.
4 Quando o Senhor tiver lavado
as imundícies das filhas de Sião,
e limpado as manchas de sangue dentro de Jerusalém,
com espírito de justiça e de purificação,
5 ele criará em todo o lugar do
monte Sião
e em suas assembléias
uma nuvem durante o dia,
e fumaça e clarão de chamas durante a noite:
e será proteção para toda a sua glória,
6 uma tenda para dar sombra
contra o calor do dia,
abrigo e refúgio contra a ventania e a chuva.
Meditação de Padre Fernando Cardoso
Comentário por Padre José Humberto’
Dos sermões
de são Gregório de Nazianzo, bispo (séc. IV). O santo bispo apresenta o sermão
“Ó Admirável Intercambio”! O Santo bispo apresenta neste belíssimo texto o
maravilhoso intercambio entre a natureza divina e a natureza humana, o verbo
assume o que é nosso para nos dar o que é seu a natureza divina, daí os justos
termos “ó admirável intercambio”. O que
moveu o divino a assumir o humano? O
santo bispo responde: o amor. “Foi por amor do homem se faz homem’. Para que?
para nos salvar, para nos reconciliar, para ser nosso modelo de filho, para nos
divinizar. Que maravilha! Que graça! Que encanto! Neste “maravilhoso
intercambio o homem saiu lucrando. Pois aquele que é rico se fez pobre para no
enriquecer. Diz o santo bispo “aceita a pobreza de minha condição humana para
que eu possa receber os tesouros de sua divindade”. Mas quais são essas
riquezas da bondade? Qual é esse mistério que me concerne? Lendo o texto todo
do santo bispo você vai saber. Leia, então. O texto do santo Bispo conclui com
uma das imagens mais belas para falar o amor de Deus, a imagem do pastor que
dar a vida pelo rebanho. Depois de tantas vozes, vozes a serviço da palavra
veio a Palavra do Pai que não passa, Jesus cristo, Nosso Senhor e Salvador. (Jo
1,1). Com ele nascemos com ele morremos, com ele somos sepultados, com ele
ressuscitamos e com ele somos glorificados. Agora tome o texto e medite com o
coração.
Pe. Humberto Ferreira
Textos Patrísticas
Dos Sermões de São Gregório de Nazianzo, bispo
(Or. 45,9.22.26.28: PG 36,634.635.654.658-659.662)
(Séc. IV)
Ó admirável intercâmbio!
O próprio Filho de Deus, que existe desde toda a
eternidade, o invisível, o incompreensível, incorpóreo, princípio que procede
do princípio, a luz nascida da luz, a fonte da vida e da imortalidade, a
expressão do arquétipo, divino, o selo inamovível, a imagem perfeita, a palavra
e o pensamento do Pai, vem em ajuda da criatura feita à sua imagem, e por amor
do homem se faz homem. Para purificar aqueles de quem se tornou semelhante,
assume tudo o que é humano, exceto o pecado. Foi concebido por uma Virgem, já
santificada pelo Espírito Santo no corpo e na alma, para honrar a maternidade e
ao mesmo tempo exaltar a excelência da virgindade; e assumindo a humanidade sem
deixar de ser Deus, uniu em si mesmo duas realidades contrárias, a saber, a
carne e o espírito. Uma delas conferiu a divindade, a outra recebeu-a.
Aquele que enriquece os outros torna-se pobre.
Aceita a pobreza de minha condição humana para que eu possa receber os tesouros
de sua divindade. Aquele que possui tudo em plenitude, aniquila-se a si mesmo;
despoja-se de sua glória por algum tempo, para que eu participe de sua
plenitude.
Quais são essas riquezas da bondade? Qual é esse
mistério que me concerne? Recebi a imagem divina mas não soube conservá-la. Ele
assumiu a minha condição humana para restaurar a perfeição dessa imagem e dar a
imortalidade a esta minha condição mortal. Assim estabelece conosco uma segunda
aliança, muito mais admirável que a primeira.
Convinha que a santidade fosse dada ao homem
mediante a humanidade assumida por Deus. Convinha que ele triunfasse desse modo
sobre o tirano que nos subjugava, para nos restituir a liberdade e
reconduzir-nos a si através de seu Filho, nosso Mediador; e Cristo realizou, de
fato, esta obra redentora para a glória de seu Pai, que era o objetivo de todas
as suas ações.
O bom Pastor, que dá a vida por suas ovelhas, veio
ao encontro da que estava perdida, procurando-a pelos montes e colinas onde tu
sacrificavas aos ídolos; tendo-a encontrado, tomou-a sobre seus ombros – os
mesmos que carregaram a cruz – reconduzindo-a à vida eterna.
Depois daquela tênue lâmpada do Precursor, veio a
Luz claríssima de Cristo; depois da voz, veio a Palavra; depois do amigo do
esposo, o Esposo. O Senhor veio depois daquele que lhe preparou um povo
perfeito, predispondo os homens, por meio da água purificadora, para receberem
o batismo do Espírito.
Foi necessário que Deus se fizesse homem e
morresse, para que tivéssemos a vida. Morremos com ele para sermos purificados;
ressuscitamos com ele porque com ele morremos. Fomos glorificados com ele,
porque com ele ressuscitamos.
Quarta-feira da 3ª Semana do Advento
Do Livro do Profeta Isaías 31, 1-3; 32, 1-8
O reino da verdadeira justiça 31,1 Ai
dos que viajam ao Egito em busca de ajuda, esperando nos cavalos, confiando nos
carros de guerra, muito numerosos, e nos cavaleiros, muito afamados, em vez de
recorrerem ao Santo de Israel e procurarem o Senhor. 2 Ele, porém,
sábio, permite o mal, e não retira a sua palavra; há de erguer-se contra a casa
dos ímpios e contra a ajuda dos que praticam iniqüidades. 3 o
egípcio é homem, e não deus; os seus cavalos são carne, e não espírito; se o
Senhor abaixar a mão, vai ao chão o protetor,cai o protegido e todos se acabam
juntamente. 32,1 Eis que o rei deve reinar com justiça e os
príncipes devem presidir com equidade. 2 Os homens devem ser como
pára-ventos e abrigos contra a tempestade, ou como veios d’água em terra
sedenta e sombra de grande rochedo em terra seca. 3 Os olhos dos
videntes não ficarão embaçados e os ouvidos dos que ouvem ouvirão com atenção,4
a mente dos simples compreenderá a ciência e a língua dos gagos falará rápido e
claro. 5 Não mais se chamará nobre a um insensato nem grande homem a
um trapaceiro; 6 o insensato
fala insensatez, tem o pensamento voltado para o mal e para a prática da
impiedade:pronuncia blasfêmias contra o Senhor, deixa o pobre morrer de fome e
nega água ao que tem sede. 7 O trapaceiro causa os piores danos; ele
vive inventando planos para prejudica com mentiras os humildes, mesmo quando o
pobre apela à justiça. 8 A pessoa bem formada dá bons conselhos e
cresce em estima pessoal.
Meditação de Padre Fernando Cardoso
Comentário
por Padre José Humberto
O texto que se
segue é do tratado contra as heresias, de santo Irineu, bispo do séc. II. O
santo bispo inicia confessando que há um só Deus e que Ele criou todas as
coisas pela Palavra. E que esta Palavra é
Nosso Senhor Jesus cristo que se fez homem entre os homens para unir o
homem a Deus. E que também os profetas movidos pelo espírito Santo anunciaram a
vinda da Palavra que se fez carne (Jo 1,14), unindo – se assim para sempre a
nossa natureza mortal a sua natureza imortal, a nossa humanidade a sua
divindade. Agora posso ver com os olhos da
carne o Deus humanizado, pois “Cristo é a imagem do Deus invisível” *Col 1,15). Os profetas anunciavam que Deus seria
visto pelos homens, conforme diz também o Senhor: Felizes os puros de
coração, porque verão a Deus (Mt 5,8). Mas, como posso ver o senhor se
a Escritura testemunha tal possibilidade? Sim impossível a nós, mas por amor,
por bondade, por misericórdia nos foi concedido ver o seu rosto em cristo. Leia
o texto completo do santo bispo, bom advento rumo ao natal de Jesus.
Pe.
Humberto
Textos Patrísticas
Do Tratado contra as heresias, de
Santo Irineu, bispo
(Lib.
4,20, 4-5: SCh 100, 634-640)
(Séc. II)
Com a
vinda de Cristo, Deus torna-se visível aos homens
Há um só
Deus que, por sua Palavra e Sabedoria, criou e harmonizou todas as coisas.
Sua Palavra é nosso Senhor Jesus Cristo,
que nos últimos tempos se fez homem entre os homens, para unir o fim ao
princípio, isto é, o homem a Deus.
Por isso,
os profetas, que tinham recebido dessa mesma Palavra o carisma profético,
anunciaram sua vinda segundo a carne; mediante essa vinda, realizou-se a união
e a comunhão de Deus com o homem, conforme a vontade do Pai. Desde o começo a
Palavra de Deus tinha anunciado que Deus seria visto pelos homens, que viveria
e conversaria com eles na terra, que se faria presente à sua criatura, para
salvá-la e ser percebido por ela, livrando-nos das mãos de todos os que
nos odeiam (Lc 1,71), isto é, de todo o espírito de pecado, e fazendo
que o sirvamos em justiça e santidade enquanto perdurarem nossos dias (Lc
1,74-75). E assim, unido ao Espírito de Deus, o homem tenha acesso à glória do
Pai.
Os profetas
anunciavam que Deus seria visto pelos homens, conforme diz também o
Senhor: Felizes os puros de coração, porque verão a Deus (Mt
5,8).
Contudo, ninguém
pode ver a Deus na sua grandeza e glória inenarrável e
continuar vivendo (cf. Ex 33,20), porque o Pai é inacessível. Mas em
seu amor, sua bondade e sua onipotência, ele chega a conceder aos que o amam o
dom de ver a Deus; é isto que anunciavam os profetas, pois o que é
impossível aos homens, é possível a Deus (Lc 18,27).
O homem,
por si mesmo, não poderá ver a Deus. Mas Deus, se quiser, será visto pelos
homens, por aqueles que ele quiser, quando e como quiser. Deus, que tudo pode, foi visto outrora em visão profética por meio
do Espírito, deixa-se ver agora por meio de seu Filho, graças à adoção filial,
e será visto finalmente no reino dos céus como Pai. Com efeito, o Espírito
prepara o homem para o Filho de Deus, o Filho conduz o homem para o Pai
e o Pai lhe dá a imortalidade na vida eterna, que é fruto da contemplação de
Deus.
Assim
como os que vêem a luz estão na luz e recebem a sua claridade, também os que
vêem a Deus estão em Deus e recebem a sua claridade. A claridade de Deus
vivifica; portanto, os que vêem a Deus recebem a vida.
Quinta-feira da 3ª Semana do Advento
Do Livro
do Profeta Isaías 32,15–33,6
Promessa
de salvação ao que espera no Senhor
Naqueles
dias,
32,15 se derramará sobre nós
o espírito do alto.
Então, o deserto se tornará jardim
e o jardim crescerá como o bosque;
16 no deserto haverá lugar para a honestidade,
a justiça terá o seu jardim;
17 a paz será o fruto da justiça,
e o cultivo da justiça produzirá tranqüilidade
e segurança permanente.
18 O meu povo viverá num ambiente de paz,
morando com confiança
em lugares seguros.
32,15 se derramará sobre nós
o espírito do alto.
Então, o deserto se tornará jardim
e o jardim crescerá como o bosque;
16 no deserto haverá lugar para a honestidade,
a justiça terá o seu jardim;
17 a paz será o fruto da justiça,
e o cultivo da justiça produzirá tranqüilidade
e segurança permanente.
18 O meu povo viverá num ambiente de paz,
morando com confiança
em lugares seguros.
19 Mas o bosque se desfolhará todo
e a cidade terá profunda decadência.
20 Felizes vós que plantais,
contando com muitas águas,
e soltais livremente o boi e o asno.
e a cidade terá profunda decadência.
20 Felizes vós que plantais,
contando com muitas águas,
e soltais livremente o boi e o asno.
33,1 Ai de ti que roubas sem que
ninguém te roube,
saqueias, sem que ninguém te saqueie!
Ao completares o roubo, virá alguém roubar-te;
ao terminares o saque, virão saquear-te.
2 Senhor, tem piedade de nós,
que estivemos à tua espera;
dá-nos ajuda cada dia,
salva-nos na hora da aflição.
3 Fugiram os povos ao fragor do trovão,
dispersaram-se com medo de tua presença.
4 Seus despojos se juntarão
como um monte de lagartas,
e serão atacados como por vorazes gafanhotos.
5 O Senhor é o Altíssimo, pois habita nos céus;
ele enche Sião de ordem e justiça.
6 Os teus dias serão de segurança,
a sabedoria e a ciência
constituem as riquezas da salvação:
o teu tesouro é o temor do Senhor.
saqueias, sem que ninguém te saqueie!
Ao completares o roubo, virá alguém roubar-te;
ao terminares o saque, virão saquear-te.
2 Senhor, tem piedade de nós,
que estivemos à tua espera;
dá-nos ajuda cada dia,
salva-nos na hora da aflição.
3 Fugiram os povos ao fragor do trovão,
dispersaram-se com medo de tua presença.
4 Seus despojos se juntarão
como um monte de lagartas,
e serão atacados como por vorazes gafanhotos.
5 O Senhor é o Altíssimo, pois habita nos céus;
ele enche Sião de ordem e justiça.
6 Os teus dias serão de segurança,
a sabedoria e a ciência
constituem as riquezas da salvação:
o teu tesouro é o temor do Senhor.
Meditação de Padre Fernando Cardoso
Comentário
por Padre José Humberto
Caros
internautas o texto que se segue faz pensar no Eterno Plano de Salvação. Faz
pensar em todo o processo da Salvação, primeiro no ato e no propósito da
criação do homem e da mulher. Fomos criados para amar e ser amado. Deus primeiro
nos amou testemunha toda a sagrada escritura. Somente a felicidade que o homem
procura será completa na medida em que correspondemos ao seu amor de pai. Faz
pensar na queda do homem e da mulher pela desobediência e nas conseqüências
dolorosas. Faz pensar em todo o antigo testamento com o chamado e a resposta de
seus parceiros na obra da preparação da primeira vinda do Messias. Os patriarcas, os juízes, os reis, os
profetas, João Batista, o precursor do Senhor na vida e na morte. Diz este
importante documento chamado “Dei Verbum”
que agora, nos últimos tempos, Deus vem pessoalmente. Acolhamo-lo. “Com efeito, ele enviou seu Filho, o
Verbo eterno que ilumina todos os homens, para habitar entre os homens e
dar-lhes a conhecer os segredos de Deus”. Jesus Cristo para realizar o Eterno
Plano de amor passou pela morte, mas o
Pai o ressuscitou, e ressuscitado de junto do Pai envia o primeiro dom a
Igreja, o Espírito santo, como primeiro dom para continuidade de sua missão na tempo da Igreja. Agora pense no eterno Plano
de amor e medite este magnífico texto. Bom advento!
Pe. Humberto
Textos Patrísticas
Da
Constituição dogmática Dei Verbum sobre a revelação divina, do Concílio
Vaticano II
(N. 3-4)
(Séc. XX)
Cristo é
a plenitude da revelação
Deus,
criando e conservando pelo seu Verbo o universo, apresenta aos homens, nas
coisas criadas, um contínuo testemunho de si mesmo; além disso, querendo abrir
o caminho da salvação eterna, manifestou-se desde o princípio a nossos
primeiros pais.
Depois
que eles caíram, com a promessa da redenção, deu-lhes a esperança da salvação e
cuidou sem cessar do gênero humano, a fim de dar a vida eterna a todos os que
buscam a salvação perseverando na prática das boas obras.
No tempo
próprio, chamou Abraão para fazer dele um grande povo; depois dos patriarcas,
ensinou esse povo, por meio de Moisés e dos profetas, a conhecê-lo como único
Deus vivo e verdadeiro, Pai providente e Juiz justo, e a esperar o Salvador
prometido. E assim, ao longo dos séculos, preparou o caminho para o Evangelho.
Masdepois de ter falado muitas vezes e de muitos modos por meio dos
profetas, nestes dias que são os últimos, Deus nos falou por meio do seu
Filho (cf. Hb 1,1-2).
Com
efeito, ele enviou seu Filho, o Verbo eterno que ilumina todos os homens, para
habitar entre os homens e dar-lhes a conhecer os segredos de Deus.
Jesus
Cristo, portanto, o Verbo feito carne, homem enviado aos homens, fala
as palavras de Deus (Jo 3,34) e consuma a obra da salvação que o Pai
lhe confiou.
Assim,
ele – quem o vê, vê também o Pai – por toda a sua presença e por tudo o que
manifesta de si mesmo, por suas palavras e obras, seus sinais e milagres, mas
sobretudo por sua morte e gloriosa ressurreição dentre os mortos, e finalmente
pelo envio do Espírito da Verdade, aperfeiçoa e completa a revelação,
confirmando com o testemunho divino a revelação de que Deus está conosco para
nos libertar das trevas do pecado e da morte e nos ressuscitar para a vida
eterna.
A
economia cristã, portanto, que é a nova e definitiva aliança, jamais passará;
já não há nova revelação pública a esperar antes da manifestação gloriosa de
nosso Senhor Jesus Cristo.
Sexta-feira da 3ª Semana do Advento
Do Livro do Profeta Isaías 33,7-24
A salvação futura
7 Eis os pregoeiros gritam lá
fora,
os mensageiros da paz chorando amargamente.
8 Os caminhos estão desertos,
não há ninguém transitando;
foi quebrado o acordo,
rejeitadas as testemunhas,
desconsiderados os homens.
9 Chora e adoece a terra,
o Líbano caiu na desordem e na imundície,
e Saron tornou-se um deserto,
Basan e o Carmelo secaram.
10 “Agora vou levantar-me, diz o Senhor,
vou manifestar-me e me farei exaltar.
11 Sois como quem gera feno e produz palha;
o meu sopro vos devora como fogo.
12 Os povos arderão como fornalhas de cal;
os feixes de espinho serão atirados ao fogo.
13 Vós, que estais longe, procurai conhecer a minha obra,
e os que estais perto, reconhecei a minha força”.
14 Ficaram apavorados os pecadores em Sião,
os ímpios começaram a tremer.
Quem de vós agüenta ficar perto de um fogo devorador?
Ou morar numa ardência eterna?
15 O que pratica a justiça e a verdade,
o que despreza os lucros ilícitos
e se nega a receber compensações,
o que não se deixa envolver em conluios de violência
e fecha os olhos ao mal;
16 tal homem habitará as alturas,
uma fortificação de pedra será o seu refúgio;
ele obteve alimento e águas perenes.
17 E tu verás com teus olhos o esplendor do rei,
verás uma terra de amplas fronteiras.
18 Com temor interrogar-te-às:
“Onde está o fiscal do censo?
Onde o fiscal dos pesos?
Onde o vigia da torre?”
19 Não verás mais aquele povo arrogante,
dono de uma linguagem obscura que ninguém entende,
que fala uma língua bárbara e inculta.
20 Olha para Sião, cidade de nossas festas anuais!
Teus olhos verão Jerusalém,
uma pátria segura,
uma tenda que não será de modo algum removida,
cujas estacas jamais serão arrancadas,
e de cujas amarras jamais alguma se romperá.
21 Porque aí estará por nós a força do Senhor,
em lugar de rios e largos canais;
lá não navegam barcos a remo
nem trafegam grandes navios.
22 É o Senhor o nosso juiz, o Senhor, o nosso legislador,
o Senhor, o nosso rei, é ele quem nos salvará.
23 Afrouxaram-se as cordas do teu barco,
já não conseguem sustentar o mastro,
impedindo de enfunar a vela.
Então, até os cegos repartirão uma grande presa
e os coxos tomarão parte na pilhagem.
24 Nenhum habitante dirá: “Estou doente”.
E até as culpas do povo que lá habita serão canceladas.
os mensageiros da paz chorando amargamente.
8 Os caminhos estão desertos,
não há ninguém transitando;
foi quebrado o acordo,
rejeitadas as testemunhas,
desconsiderados os homens.
9 Chora e adoece a terra,
o Líbano caiu na desordem e na imundície,
e Saron tornou-se um deserto,
Basan e o Carmelo secaram.
10 “Agora vou levantar-me, diz o Senhor,
vou manifestar-me e me farei exaltar.
11 Sois como quem gera feno e produz palha;
o meu sopro vos devora como fogo.
12 Os povos arderão como fornalhas de cal;
os feixes de espinho serão atirados ao fogo.
13 Vós, que estais longe, procurai conhecer a minha obra,
e os que estais perto, reconhecei a minha força”.
14 Ficaram apavorados os pecadores em Sião,
os ímpios começaram a tremer.
Quem de vós agüenta ficar perto de um fogo devorador?
Ou morar numa ardência eterna?
15 O que pratica a justiça e a verdade,
o que despreza os lucros ilícitos
e se nega a receber compensações,
o que não se deixa envolver em conluios de violência
e fecha os olhos ao mal;
16 tal homem habitará as alturas,
uma fortificação de pedra será o seu refúgio;
ele obteve alimento e águas perenes.
17 E tu verás com teus olhos o esplendor do rei,
verás uma terra de amplas fronteiras.
18 Com temor interrogar-te-às:
“Onde está o fiscal do censo?
Onde o fiscal dos pesos?
Onde o vigia da torre?”
19 Não verás mais aquele povo arrogante,
dono de uma linguagem obscura que ninguém entende,
que fala uma língua bárbara e inculta.
20 Olha para Sião, cidade de nossas festas anuais!
Teus olhos verão Jerusalém,
uma pátria segura,
uma tenda que não será de modo algum removida,
cujas estacas jamais serão arrancadas,
e de cujas amarras jamais alguma se romperá.
21 Porque aí estará por nós a força do Senhor,
em lugar de rios e largos canais;
lá não navegam barcos a remo
nem trafegam grandes navios.
22 É o Senhor o nosso juiz, o Senhor, o nosso legislador,
o Senhor, o nosso rei, é ele quem nos salvará.
23 Afrouxaram-se as cordas do teu barco,
já não conseguem sustentar o mastro,
impedindo de enfunar a vela.
Então, até os cegos repartirão uma grande presa
e os coxos tomarão parte na pilhagem.
24 Nenhum habitante dirá: “Estou doente”.
E até as culpas do povo que lá habita serão canceladas.
Meditação de Padre Fernando Cardoso
Comentário
por Padre José Humberto
Caro internauta,
nós estamos diante de um dos textos do Bispo de Hipona. É magfico. Deseja levar
o leitor a escuta do coração, não da carne. A escuta do coração e não
simplesmente da voz. O mundo interior é revelado no mundo externo. O Santo
bispo comenta salmo 37 Meu coração grita e geme de dor (Sl 37,9). Pergunta o bispo: quem
vai escut-a-lo? A resposta é magnífica, quem nos olha com o corçao, com a
misericórdia, Deus nosso pai. Outra pergunta outra resposta. Quem é capaz de
compreender o grito do homem? O Pai do céu. “Se, pois, o teu desejo está diante
do Pai, ele que vê o que está oculto, te recompensará”. Mas o verbo “desejar”
acompanha o homem. Este deseja bens da carne, bens espirituais, bens
passageiros, bens eternos, se o seu coraçao desejar sempre Deus, o modo de se
unir a Ele é a oração , a nossa união com Ele. “Teu desejo é a tua oração; se o
desejo é contínuo, também a oração é contínua”, diz o santo bispo. O santo
bispo insiste para que o nosso desejo seja continuo assim a nossa busca será
continua até encontrar aquele que nos sacia. Se o desejo permanece, também
permanece o gemido; este nem sempre chega aos ouvidos dos homens, mas nunca
está longe dos ouvidos de Deus. No santo advento a liturgia deseja suscitar me
nós o “Desejo de Deus”.
Pe. Humberto
Textos Patrísticas
Dos Comentários sobre os Salmos, de Santo
Agostinho, bispo
(In Ps.
37,13-14: CCL 38, 391-392)
(Séc. V)
O teu desejo é a tua oração
Meu coração grita e geme de dor (Sl 37,9). Há gemidos
ocultos que não são ouvidos pelos homens. Contudo, se o coração está possuído
por tão ardente desejo que a ferida interior do homem se manifesta em sons
externos, procuramos a causa e dizemos a nós mesmos: talvez ele tenha razão de
gemer, e talvez lhe tenha sucedido algo. Mas quem pode compreender esses
gemidos, senão aquele a cujos olhos e ouvidos eles se dirigem? Por isso
diz: Meu coração grita e geme de dor. Porque os homens, se ouvem às
vezes os gemidos de um homem, ouvem freqüentemente os gemidos da carne; mas não
ouvem o que geme em seu coração.
E quem seria capaz de compreender por que grita?
Escuta o que diz: Diante de vós está todo o meu desejo (Sl
37,10). Não diante dos homens, que não podem ver o coração, mas diante de vós
está todo o meu desejo. Se, pois, o teu desejo está diante do Pai, ele que vê o
que está oculto, te recompensará.
Teu desejo é a tua oração; se o desejo é contínuo,
também a oração é contínua. Não foi em vão que o Apóstolo disse: Orai
sem cessar (1Ts 5,17). Será preciso ter sempre os joelhos em terra, o
corpo prostrado, as mãos levantadas, para que ele nos diga: Orai sem
cessar? Se é isto que chamamos orar, não creio que possamos fazê-lo sem
cessar.
Há outra oração interior e contínua: é o desejo. Ainda
que faças qualquer outra coisa, se desejas aquele repouso do sábado eterno, não
cessas de orar. Se não queres cessar de orar, não cesses de desejar.
Se teu desejo é contínuo, a tua voz é contínua.
Ficarás calado, se deixares de amar. Quais são os que se calaram? Aqueles de
quem foi dito: A maldade se espalhará tanto, que o amor de muitos
esfriará (Mt 24,12).
O arrefecimento da caridade é o silêncio do
coração; o fervor da caridade é o clamor do coração. Se tua caridade permanece
sempre, clamas sempre; se clamas sempre, desejas sempre; se desejas, tu te
recordas do repouso eterno.
Diante de vós está todo o meu desejo. Se o desejo está diante de
Deus, o gemido não estará? Como poderia ser assim, se o gemido é a expressão do
desejo?
Por isso o salmista
continua: Meu gemido não vos é oculto (Sl 37,10). Não é oculto
para Deus, mas é oculto para a multidão dos homens. Ouve-se por vezes um
humilde servo de Deus dizer: Meu gemido não vos é oculto e
vê-se também esse servo sorrir. Será por que o desejo está morto em seu
coração? Se o desejo permanece, também permanece o gemido; este nem sempre
chega aos ouvidos dos homens, mas nunca está longe dos ouvidos de Deus.
Sábado do 3ª Semana do Advento – 17/12/2014
Do Livro do Profeta Isaías 45,1-13
A salvação de Israel através de Ciro
1 Isto diz o Senhor sobre Ciro, seu
Ungido:
“Tomei-o pela mão
para submeter os povos ao seu domínio,
dobrar o orgulho dos reis,
abrir todas as portas à sua marcha,
e para não deixar trancar os portões.
2 Irei diante de ti e aplanarei o terreno montanhoso;
farei em pedaços as portas de bronze,
quebrarei as trancas de ferro.
3 Dar-te-ei tesouros ocultos, riquezas escondidas,
para que saibas que eu sou o Senhor,
o Deus de Israel, que te chamou pelo teu nome.
4 Por causa de meu servo Jacó,
e de meu eleito Israel, chamei-te pelo nome;
reservei-te, e não me reconheceste.
5 Eu sou o Senhor, não existe outro:
fora de mim não há deus.
Armei-te guerreiro, sem me reconheceres,
6 para que todos saibam, do Oriente ao Ocidente,
que fora de mim outro não existe.
Eu sou o Senhor, e não há outro,
7 eu formei a luz e criei as trevas,
crio o bem-estar e as condições de mal-estar:
sou o Senhor que faço todas estas coisas.
8 Céus, deixai cair orvalho das alturas,
e que as nuvens façam chover justiça;
abra-se a terra e germine a salvação;
brote igualmente a justiça; eu, o Senhor, a criei.”
9 Ai daquele que reclama contra seu criador,
quando é simples vasilha de barro entre vasilhas de argila!
Porventura a argila dirá a quem a molda:
“O que estás fazendo?Ó ou “tua obra não tem asas?”
10 Ai daquele que diz ao pai: “Por que geraste?”
E à mulher: “Por que dás à luz?”
11 Assim fala o Senhor, o Santo de Israel e seu criador:
“Ireis consultar-me sobre o futuro de meus filhos,
ou fazer-me prescrições a respeito do que devo fazer?
12 Fui eu que fiz a terra,
eu criei os homens que vivem nela;
foram as minhas mãos que estenderam o céu,
e a todo o seu exército eu dei ordens.
13 Fui eu que o suscitei na justiça,
aplainando todos os seus caminhos;
ele reconstruirá minha cidade,
e repatriará os meus deportados,
sem pagar resgates ou indenização”
– diz o Senhor dos exércitos.
“Tomei-o pela mão
para submeter os povos ao seu domínio,
dobrar o orgulho dos reis,
abrir todas as portas à sua marcha,
e para não deixar trancar os portões.
2 Irei diante de ti e aplanarei o terreno montanhoso;
farei em pedaços as portas de bronze,
quebrarei as trancas de ferro.
3 Dar-te-ei tesouros ocultos, riquezas escondidas,
para que saibas que eu sou o Senhor,
o Deus de Israel, que te chamou pelo teu nome.
4 Por causa de meu servo Jacó,
e de meu eleito Israel, chamei-te pelo nome;
reservei-te, e não me reconheceste.
5 Eu sou o Senhor, não existe outro:
fora de mim não há deus.
Armei-te guerreiro, sem me reconheceres,
6 para que todos saibam, do Oriente ao Ocidente,
que fora de mim outro não existe.
Eu sou o Senhor, e não há outro,
7 eu formei a luz e criei as trevas,
crio o bem-estar e as condições de mal-estar:
sou o Senhor que faço todas estas coisas.
8 Céus, deixai cair orvalho das alturas,
e que as nuvens façam chover justiça;
abra-se a terra e germine a salvação;
brote igualmente a justiça; eu, o Senhor, a criei.”
9 Ai daquele que reclama contra seu criador,
quando é simples vasilha de barro entre vasilhas de argila!
Porventura a argila dirá a quem a molda:
“O que estás fazendo?Ó ou “tua obra não tem asas?”
10 Ai daquele que diz ao pai: “Por que geraste?”
E à mulher: “Por que dás à luz?”
11 Assim fala o Senhor, o Santo de Israel e seu criador:
“Ireis consultar-me sobre o futuro de meus filhos,
ou fazer-me prescrições a respeito do que devo fazer?
12 Fui eu que fiz a terra,
eu criei os homens que vivem nela;
foram as minhas mãos que estenderam o céu,
e a todo o seu exército eu dei ordens.
13 Fui eu que o suscitei na justiça,
aplainando todos os seus caminhos;
ele reconstruirá minha cidade,
e repatriará os meus deportados,
sem pagar resgates ou indenização”
– diz o Senhor dos exércitos.
Meditação de Padre Fernando Cardoso
Comentário
por Padre José Humberto
Textos Patrísticas
Das Cartas de São Leão Magno, papa
(Ep. 31,2-3: PL 54, 791-793)
(Séc. V)
O mistério de nossa reconciliação
De nada serve afirmar que nosso Senhor, filho da
Virgem Maria, é verdadeiro e perfeito homem, se não se acredita que ele também
pertence a essa descendência proclamada no Evangelho.
Escreve São Mateus: Livro da origem de
Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão (Mt 1,1). E, a seguir,
apresenta a série de gerações desde os primórdios da humanidade até José, com
quem estava desposada a Mãe do Senhor.
São Lucas, porém, percorrendo em sentido inverso a
ordem dos descendentes, chega ao começo do gênero humano, para mostrar que o
primeiro e o último Adão têm a mesma natureza.
Com efeito, seria possível à onipotência do Filho
de Deus, para ensinar e justificar os homens, manifestar-se do mesmo modo que
aparecera aos patriarcas e profetas, como, por exemplo, quando travou uma luta
ou manteve uma conversa, ou quando aceitou os serviços da hospitalidade a ponto
de tomar o alimento que lhe apresentaram.
Mas essas aparições eram imagens, sinais
misteriosos, que anunciavam a realidade humana do Cristo, assumida da
descendência daqueles antepassados.
Nenhuma daquelas figuras, entretanto, poderia
realizar o mistério da nossa reconciliação, preparado desde a eternidade,
porque o Espírito Santo ainda não tinha descido sobre a Virgem Maria, nem o
poder do Altíssimo a tinha envolvido com a sua sombra; a Sabedoria eterna não
edificara ainda a sua casa no seio puríssimo de Maria para que o Verbo se
fizesse homem; o Criador dos tempos ainda não tinha nascido no tempo, unindo a
natureza divina e a natureza humana numa só pessoa, de modo que aquele por quem
tudo foi criado fosse contado entre as suas criaturas.
Se o homem novo, revestido de uma carne
semelhante à do pecado (cf. Rm 8,3), não tivesse assumido a nossa
condição, envelhecida pelo pecado; se ele, consubstancial ao Pai, não se
tivesse dignado ser também consubstancial à Mãe e unir a si nossa natureza, com
exceção do pecado, a humanidade teria permanecido cativa sob o jugo do demônio;
e não poderíamos nos beneficiar do triunfo do Vencedor, se esta vitória fosse obtida
numa natureza diferente da nossa.
Dessa admirável união, brilhou para nós o
sacramento da regeneração, para que renascêssemos espiritualmente pelo mesmo
Espírito por quem o Cristo foi concebido e nasceu.
Por isso diz o Evangelista, referindo-se aos que
crêem: Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da
vontade do homem, mas de Deus mesmo (Jo 1,13).
Comentários
Postar um comentário