Textos Bíblicos da Terceira Semana e Comentários

TEXTOS BÍBLICOS da III SEMANA DO ADVENTO


3ª Semana do Advento
1º Domingo da 3ª Semana do Advento




Início do Livro do Profeta Isaías             1,1-18
Deus censura o seu povo
1 Visão de Isaías, filho de Amós,
acerca de Judá e Jerusalém
no tempo dos reis de Judá:
Ozias, Joatão, Acaz e Ezequias.
2 Ouvi, ó céus, presta ouvidos, ó terra,
pois é o Senhor quem falou:
“Criei e fiz crescer meus filhos,
mas eles me desprezaram.
3 O boi reconhece o seu dono
e o burro, a manjedoura
do seu senhor;
mas Israel não me conhece,
meu povo não quer entender”.
Ai da nação pecadora,
povo cheio de maldade,
geração de malfeitores, filhos degenerados!
Abandonaram o Senhor,
desprezaram o Santo de Israel,
voltaram para trás.
De que valem novos golpes sobre vós,
se continuais prevaricando?
A cabeça toda é uma chaga,
o coração está esgotado;
6 da planta dos pés à cabeça
não há nele nada de intacto:
feridas, contusões e chagas expostas
não são curadas, não são enfaixadas,
nem recebem o remédio do ungüento.
7 Vossa terra está deserta,
vossas cidades, incendiadas;
forasteiros saqueiam vosso país à vista de todos,
como se fosse devastado numa operação guerreira.
Sião jaz abandonada,
como cabana numa vinha,
como choupana no meio da horta,
como uma cidade sitiada!
Se o Senhor dos exércitos
não vos tivesse deixado um resto,
seríamos como Sodoma,
semelhantes a Gomorra.
10 Ouvi a palavra do Senhor,
magistrados de Sodoma,
prestai ouvidos ao ensinamento do nosso Deus,
povo de Gomorra.
11 Que me importa a abundância de vossos sacrifícios?
– diz o Senhor.
Estou farto de holocaustos de carneiros
e de gordura de animais cevados;
do sangue de touros, de cordeiros
e de bodes, não me agrado.
12 Quando entrais para vos apresentar diante de mim,
quem vos pediu para pisardes os meus átrios?
13 Não continueis a trazer oferendas vazias!
O incenso é para mim uma abominação!
Não suporto lua nova, sábado,
convocação de assembléia:
iniqüidade com reunião solene!
14 Vossas luas novas e vossas solenidades,
eu as detesto!
Elas são para mim um peso,
estou cansado de suportá-las.
15 Quando estendeis as vossas mãos,
escondo de vós os meus olhos.
Ainda que multipliqueis a oração,
eu não ouço:
vossas mãos estão cheias de sangue!
16 Lavai-vos, purificai-vos.
Tirai a maldade de vossas ações
de minha frente.
Deixai de fazer o mal!
17 Aprendei a fazer o bem!
Procurai o direito, corrigi o opressor.
Julgai a causa do órfão, defendei a viúva.
18 Vinde, debatamos – diz o Senhor.
Ainda que vossos pecados sejam como púrpura,
tornar-se-ão brancos como a neve.
Se forem vermelhos como o carmesim,
tornar-se-ão como lã.



Meditação de Padre Fernando Cardoso

Comentário por Padre José Humberto
A Palavra dominante desta semana é o dom da alegria. Alegria que não está nas coisas, nem em nós, nem nos bens materiais, nem no poder, mas unicamente em Deus. Tal alegria foi anunciada pelo Anjo na noite Santa do natal, daí o convite a se alegrar no Senhor. João, o batista, foi agraciado, porque foi o primeiro no ventre a exultar pela presença do Salvador no ventre ditoso de Isabel.
Caro irmão o texto deste domingo da patrística é de Santo Agostinho, bispo do (séc. V). João é a voz, Cristo, a Palavra. Aquele passa, este permanece (cf. 1,1). Mas para que a Palavra Cristo chega ao ouvido preciso da voz, voz do profeta que anuncia a vinda do Senhor. Voz hoje que continua anunciando a sua vinda gloriosa e em cada sacramento. No entanto, a palavra deve chegar também ao coração, porque ela é alimento. Deve penetrar nele como a água penetra na terra. Ela permanece, mas a voz desaparece. É fascinador a palavra do santo bispo. “Guardemos a Palavra; não percamos a palavra concebida em nosso intimo”. Queres ver como a voz passa e a palavra divina desaparece? Que foi feito do batismo de João?, pergunta Agostinho.
Confundira a voz com a Palavra. Mas a voz esclarece com a Palavra e desaparece, mas a Palavra permanece para sempre. João responde que é a apenas a voz (cf. Jo 1,19.23). “Sou a voz que faz ouvir apenas para levar o senhor aos vosso corações...”. O santo bispo termina o texto com um pergunta fundamental para o santo tempo: o que significa : Aplanai o caminho?busque a resposta no texto e com outra pergunta: tenha consciência de que sou voz a serviço da Palavra de Deus?
Pe. Humberto
Textos Patrísticas

Das Catequeses de São Cirilo de Jerusalém, bispo
(Cat. 15,1-3: PG 33,870-874)            (Séc. IV)

As duas vindas de Cristo
Anunciamos a vinda de Cristo: não apenas a primeira, mas também a segunda, muito mais gloriosa. Pois a primeira revestiu um aspecto de sofrimento, mas a segunda manifestará a coroa da realeza divina.
Aliás, tudo o que concerne a nosso Senhor Jesus Cristo tem quase sempre uma dupla dimensão. Houve um duplo nascimento: primeiro, ele nasceu de Deus,antes dos séculos; depois, nasceu da Virgem, na plenitude dos tempos. Dupla descida: uma, discreta como a chuva sobre a relva; outra, no esplendor, que se realizará no futuro.
Na primeira vinda, ele foi envolto em faixas e reclinado num presépio; na segunda, será revestido num manto de luz. Na primeira, ele suportou a cruz, sem recusar a sua ignomínia; na segunda, virá cheio de glória, cercado de uma multidão de anjos.
Não nos detemos, portanto, somente na primeira vinda, mas esperamos ainda, ansiosamente, a segunda. E assim como dissemos na primeira: Bendito o que vem em nome do Senhor (Mt 21,9), aclamaremos de novo, no momento de sua segunda vinda, quando formos com os anjos ao seu encontro para adorá-lo: Bendito o que vem em nome do Senhor.
Virá o Salvador, não para ser novamente julgado, mas para chamar a juízo aqueles que se constituíram seus juízes. Ele, que ao ser julgado, guardara silêncio, lembrará as atrocidades dos malfeitores que o levaram ao suplício da cruz, e lhes dirá: Eis o que fizestes e calei-me (Sl 49,21).
Naquele tempo ele veio para realizar um desígnio de amor, ensinando aos homens com persuasão e doçura; mas, no fim dos tempos, queiram ou não, todos se verão obrigados a submeter-se à sua realeza.
O profeta Malaquias fala dessas duas vindas: Logo chegará ao seu templo o Senhor que tentais encontrar (Ml 3,1). Eis uma vinda.
E prossegue, a respeito da outra: E o anjo da aliança, que desejais. Ei-lo que vem, diz o Senhor dos exércitos; e quem poderá fazer-lhe frente, no dia de sua chegada? E quem poderá resistir-lhe, quando ele aparecer? Ele é como o fogo da forja e como a barrela dos lavadeiros; e estará a postos, como para fazer derreter e purificar(Ml 3,1-3).
Paulo também se refere a essas duas vindas quando escreve a Tito: A graça de Deus se manifestou trazendo salvação para todos os homens. Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas e a viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade, aguardando a feliz esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo (Tt 2,11-13). Vês como ele fala da primeira vinda, pela qual dá graças, e da segunda que esperamos?
Por isso, o símbolo da fé que professamos nos é agora transmitido, convidando-nos a crer naquele que subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. Nosso Senhor Jesus Cristo virá portanto dos céus, virá glorioso no fim do mundo, no último dia. Dar-se-á a consumação do mundo,e este mundo que foi criado será inteiramente renovado.



Segunda-feira da 3ª Semana do Advento



Do Livro do Profeta Isaías             1,21-27; 2,1-5
Julgamento e salvação para Sião, centro de todos os povos

1,21Como se tornou uma meretriz
esta cidade, outrora fiel e justa?
Nela habitava a justiça,
agora moram os assassinos.
22 Tua prata transformou-se em escória,
teu vinho tornou-se aguado;
23teus príncipes são desonestos,
cúmplices de ladrões;
gostam de subornos e vão atrás de gratificações;
não fazem justiça ao órfão,
não chega até eles a causa da viúva.
24 Por isso, diz o Senhor Deus dos exércitos,
o Forte de Israel:
“Ah! tomarei satisfação dos meus adversários,
eu me vingarei dos meus inimigos.
25 Eu voltarei minha mão contra ti,
purificarei ao máximo a tua escória
e te limparei de toda a ganga.
26Farei que teus juízes voltem a ser como eram
e teus conselheiros como os de outrora;
depois disso serás chamada
Cidade da Justiça, Cidade fiel.
27Sião será resgatada com justiça
e os que nela habitam,
pela prática da retidão.
2,1Visão de Isaías, filho de Amós,
sobre Judá e Jerusalém.
Acontecerá, nos últimos tempos,
que o monte da casa do Senhor
estará firmemente estabelecido
no ponto mais alto das montanhas
e dominará as colinas.
A ele acorrerão todas as nações,
3para lá irão numerosos povos e dirão:
“Vamos subir ao monte do Senhor,
à casa do Deus de Jacó,
para que ele nos mostre seus caminhos
e nos ensine a cumprir seus preceitos”;
porque de Sião provém a lei
e de Jerusalém, a palavra do Senhor.
4Ele há de julgar as nações
e argüir numerosos povos;
estes transformarão suas espadas em arados
e suas lanças em foices;
não pegarão em armas uns contra os outros
e não mais travarão combate.
Vinde, todos da casa de Jacó,
e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor.




Meditação de Padre Fernando Cardoso

Comentário por Padre José Humberto
Das Cartas Pastorais de são Carlos Borromeu, bispo (Século XVI).
Nesta carta o bispo fala do “Tempo do Advento” no seu falar este tempo é tão importante e tão solene que todo o Antigo testamento se preparou para a vinda do Filho de Deus na nossa carne, que desejara ardentemente a vinda do salvador. Os patriarcas esperaram, os profetas anunciaram. Completado o tempo, Deus movido por amor envia o seu Filho nascida da Virgem Maria para nos convidar para o céu, para nos revelar os mistérios do reino esperado e chegado, para mostra o esplendor da verdade e enriquecer-nos com os tesouros da graça manifestado na carne. O santo bispo ensina que a vinda de Cristo foi proveitosa para todos os do seu tempo e para o nosso tempo. E a graça nos chega pelos santos sacramentos. Ensina que aquele que veio a primeira vez continua vindo para habitar em nossos corações com o dom do espírito santo dado e comunicado no dia do batismo.
Por isso caro paroquiano o melhor meio, o meio eficaz, o meio por excelência é preparar a liturgia do advento para celebrar bem o santo natal. Agora medite o texto do santo bispo.

Pe. Humberto

Textos Patrísticas

Das Cartas Pastorais de São Carlos Borromeu, bispo
(Acta Eclesiae Mediolanensis, t. 2, Lugduni, 1683, 916-917)            (Séc. XVI)

O tempo do Advento
Caros filhos, eis chegado o tempo tão importante e solene que, conforme diz o Espírito Santo, é o momento favorável, o dia da salvação (cf. 2Cor 6,2), da paz e da reconciliação. É o tempo que outrora os patriarcas e profetas tão ardentemente desejaram com seus anseios e suspiros; o tempo que o justo Simeão finalmente pôde ver cheio de alegria, tempo celebrado sempre com solenidade pela Igreja, e que também deve ser constantemente vivido com fervor, louvando e agradecendo ao Pai eterno pela misericórdia que nos revelou nesse mistério. Em seu imenso amor por nós, pecadores, o Pai enviou seu Filho único a fim de libertar-nos da tirania e do poder do demônio, convidar-nos para o céu, revelar-nos os mistérios do seu reino celeste, mostrar-nos a luz da verdade, ensinar-nos a honestidade dos costumes, comunicar-nos os germes das virtudes, enriquecer-nos com os tesouros da sua graça e, enfim, adotar-nos como seus filhos e herdeiros da vida eterna.
Celebrando cada ano este mistério, a Igreja nos exorta a renovar continuamente a lembrança de tão grande amor de Deus para conosco. Ensina-nos também que a vinda de Cristo não foi proveitosa apenas para os seus contemporâneos, mas que a sua eficácia é comunicada a todos nós se, mediante a fé e os sacramentos, quisermos receber a graça que ele nos prometeu, e orientar nossa vida de acordo com os seus ensinamentos.
A Igreja deseja ainda ardentemente fazer-nos compreender que o Cristo, assim como veio uma só vez a este mundo, revestido da nossa carne, também está disposto a vir de novo, a qualquer momento, para habitar espiritualmente em nossos corações com a profusão de suas graças, se não opusermos resistência.
Por isso, a Igreja, como mãe amantíssima e cheia de zelo pela nossa salvação, nos ensina durante este tempo, com diversas celebrações, com hinos, cânticos e outras palavras do Espírito Santo, como receber convenientemente e de coração agradecido este imenso benefício e a enriquecer-nos com seus frutos, de modo que nos preparemos para a chegada de Cristo nosso Senhor com tanta solicitude como se ele estivesse para vir novamente ao mundo. É com esta diligência e esperança que os patriarcas do Antigo Testamento nos ensinaram, tanto em palavras como em exemplos, a preparar a sua vinda.

Terça-feira da 3ª Semana do Advento



Do Livro do Profeta Isaías 2,6-22; 4,2-6

Deus julga o seu povo
2,6 Rejeitaste teu povo, a casa de Jacó,
porque ela está cheia de adivinhos orientais,
serve-se de agoureiros, como os filisteus,
e estende a mão aos estrangeiros.
7 Encheu-se de ouro e prata esta terra,
seus tesouros não têm fim;
sua terra está cheia de cavalos,
inumeráveis os seus carros de guerra;
encheu-se também de ídolos:
adora-se a obra das mãos do homem,
obra que seus dedos fizeram.
Um homem rebaixou-se, outro está humilhado:
não lhes perdoes, Senhor.
10 Ó homem, entra numa caverna, esconde-te na poeira,
por medo do Senhor e do esplendor da sua glória.
11 A visão orgulhosa do homem será humilhada
e a soberba dos grandes, abatida;
naquele dia, somente o Senhor será exaltado.
12 Pois será o dia do Senhor dos exércitos,
contra soberbos e orgulhosos,
e contra todo arrogante,
que será humilhado;
13 contra os cedros do Líbano, altos e esbeltos,
e contra os carvalhos de Basã;
14 contra todas as montanhas altas
e contra as colinas e elevações;
15 contra toda torre sobranceira,
e contra toda fortificação;
16 contra os navios de Társis,
e contra as embarcações de luxo.
17 A soberba dos homens será abatida
e sua mania de grandeza, humilhada:
somente o Senhor, naquele dia, será exaltado,
18 e os ídolos serão feitos em pedaços.
19 Os homens se esconderão nas cavernas de pedra
e nos abismos terrestres,
por medo do Senhor e do esplendor de sua glória,
quando ele vier castigar a terra!
20 Naquele dia, o homem lançará às toupeiras e aos morcegos
os ídolos de ouro e prata
que tinha feito para adorar.
21 E se esconderá nas aberturas das rochas,
nas cavernas de pedra,
por medo do Senhor e do esplendor de sua glória,
quando ele vier castigar a terra.
22 Cessai de confiar no homem,
cuja vida se prende por um fôlego:
em quanto se pode estimá-lo?
4,2 Naquele dia, o povo do Senhor terá esplendor e glória,
e o fruto da terra será de grande alegria
para os sobreviventes de Israel.
Então, os que forem deixados em Sião,
os sobreviventes de Jerusalém, serão chamados santos,
a saber, todos os destinados à vida em Jerusalém.
Quando o Senhor tiver lavado
as imundícies das filhas de Sião,
e limpado as manchas de sangue dentro de Jerusalém,
com espírito de justiça e de purificação,
ele criará em todo o lugar do monte Sião
e em suas assembléias
uma nuvem durante o dia,
e fumaça e clarão de chamas durante a noite:
e será proteção para toda a sua glória,
6 uma tenda para dar sombra contra o calor do dia,
abrigo e refúgio contra a ventania e a chuva.



Meditação de Padre Fernando Cardoso

Comentário por Padre José Humberto’
Dos sermões de são Gregório de Nazianzo, bispo (séc. IV). O santo bispo apresenta o sermão “Ó Admirável Intercambio”! O Santo bispo apresenta neste belíssimo texto o maravilhoso intercambio entre a natureza divina e a natureza humana, o verbo assume o que é nosso para nos dar o que é seu a natureza divina, daí os justos termos  “ó admirável intercambio”. O que moveu o divino  a assumir o humano? O santo bispo responde: o amor. “Foi por amor do homem se faz homem’. Para que? para nos salvar, para nos reconciliar, para ser nosso modelo de filho, para nos divinizar. Que maravilha! Que graça! Que encanto! Neste “maravilhoso intercambio o homem saiu lucrando. Pois aquele que é rico se fez pobre para no enriquecer. Diz o santo bispo “aceita a pobreza de minha condição humana para que eu possa receber os tesouros de sua divindade”. Mas quais são essas riquezas da bondade? Qual é esse mistério que me concerne? Lendo o texto todo do santo bispo você vai saber. Leia, então. O texto do santo Bispo conclui com uma das imagens mais belas para falar o amor de Deus, a imagem do pastor que dar a vida pelo rebanho. Depois de tantas vozes, vozes a serviço da palavra veio a Palavra do Pai que não passa, Jesus cristo, Nosso Senhor e Salvador. (Jo 1,1). Com ele nascemos com ele morremos, com ele somos sepultados, com ele ressuscitamos e com ele somos glorificados. Agora tome o texto e medite com o coração.
Pe. Humberto Ferreira

Textos Patrísticas

Dos Sermões de São Gregório de Nazianzo, bispo
(Or. 45,9.22.26.28: PG 36,634.635.654.658-659.662)
(Séc. IV)

Ó admirável intercâmbio!
O próprio Filho de Deus, que existe desde toda a eternidade, o invisível, o incompreensível, incorpóreo, princípio que procede do princípio, a luz nascida da luz, a fonte da vida e da imortalidade, a expressão do arquétipo, divino, o selo inamovível, a imagem perfeita, a palavra e o pensamento do Pai, vem em ajuda da criatura feita à sua imagem, e por amor do homem se faz homem. Para purificar aqueles de quem se tornou semelhante, assume tudo o que é humano, exceto o pecado. Foi concebido por uma Virgem, já santificada pelo Espírito Santo no corpo e na alma, para honrar a maternidade e ao mesmo tempo exaltar a excelência da virgindade; e assumindo a humanidade sem deixar de ser Deus, uniu em si mesmo duas realidades contrárias, a saber, a carne e o espírito. Uma delas conferiu a divindade, a outra recebeu-a.
Aquele que enriquece os outros torna-se pobre. Aceita a pobreza de minha condição humana para que eu possa receber os tesouros de sua divindade. Aquele que possui tudo em plenitude, aniquila-se a si mesmo; despoja-se de sua glória por algum tempo, para que eu participe de sua plenitude.
Quais são essas riquezas da bondade? Qual é esse mistério que me concerne? Recebi a imagem divina mas não soube conservá-la. Ele assumiu a minha condição humana para restaurar a perfeição dessa imagem e dar a imortalidade a esta minha condição mortal. Assim estabelece conosco uma segunda aliança, muito mais admirável que a primeira.
Convinha que a santidade fosse dada ao homem mediante a humanidade assumida por Deus. Convinha que ele triunfasse desse modo sobre o tirano que nos subjugava, para nos restituir a liberdade e reconduzir-nos a si através de seu Filho, nosso Mediador; e Cristo realizou, de fato, esta obra redentora para a glória de seu Pai, que era o objetivo de todas as suas ações.
O bom Pastor, que dá a vida por suas ovelhas, veio ao encontro da que estava perdida, procurando-a pelos montes e colinas onde tu sacrificavas aos ídolos; tendo-a encontrado, tomou-a sobre seus ombros – os mesmos que carregaram a cruz – reconduzindo-a à vida eterna.
Depois daquela tênue lâmpada do Precursor, veio a Luz claríssima de Cristo; depois da voz, veio a Palavra; depois do amigo do esposo, o Esposo. O Senhor veio depois daquele que lhe preparou um povo perfeito, predispondo os homens, por meio da água purificadora, para receberem o batismo do Espírito.
Foi necessário que Deus se fizesse homem e morresse, para que tivéssemos a vida. Morremos com ele para sermos purificados; ressuscitamos com ele porque com ele morremos. Fomos glorificados com ele, porque com ele ressuscitamos.


Quarta-feira da 3ª Semana do Advento



Do Livro do Profeta Isaías  31, 1-3; 32, 1-8




O reino da verdadeira justiça 31,1 Ai dos que viajam ao Egito em busca de ajuda, esperando nos cavalos, confiando nos carros de guerra, muito numerosos, e nos cavaleiros, muito afamados, em vez de recorrerem ao Santo de Israel e procurarem o Senhor. 2 Ele, porém, sábio, permite o mal, e não retira a sua palavra; há de erguer-se contra a casa dos ímpios e contra a ajuda dos que praticam iniqüidades. 3 o egípcio é homem, e não deus; os seus cavalos são carne, e não espírito; se o Senhor abaixar a mão, vai ao chão o protetor,cai o protegido e todos se acabam juntamente. 32,1 Eis que o rei deve reinar com justiça e os príncipes devem presidir com equidade. 2 Os homens devem ser como pára-ventos e abrigos contra a tempestade, ou como veios d’água em terra sedenta e sombra de grande rochedo em terra seca. 3 Os olhos dos videntes não ficarão embaçados e os ouvidos dos que ouvem ouvirão com atenção,4 a mente dos simples compreenderá a ciência e a língua dos gagos falará rápido e claro. 5 Não mais se chamará nobre a um insensato nem grande homem a um  trapaceiro; 6 o insensato fala insensatez, tem o pensamento voltado para o mal e para a prática da impiedade:pronuncia blasfêmias contra o Senhor, deixa o pobre morrer de fome e nega água ao que tem sede. 7 O trapaceiro causa os piores danos; ele vive inventando planos para prejudica com mentiras os humildes, mesmo quando o pobre apela à justiça. 8 A pessoa bem formada dá bons conselhos e cresce em estima pessoal.







Meditação de Padre Fernando Cardoso

Comentário por Padre José Humberto

O texto que se segue é do tratado contra as heresias, de santo Irineu, bispo do séc. II. O santo bispo inicia confessando que há um só Deus e que Ele criou todas as coisas pela Palavra. E que esta Palavra é  Nosso Senhor Jesus cristo que se fez homem entre os homens para unir o homem a Deus. E que também os profetas movidos pelo espírito Santo anunciaram a vinda da Palavra que se fez carne (Jo 1,14), unindo – se assim para sempre a nossa natureza mortal a sua natureza imortal, a nossa humanidade a sua divindade. Agora posso ver com os olhos da  carne o Deus humanizado,  pois  “Cristo é a imagem do Deus invisível” *Col 1,15).  Os profetas anunciavam que Deus seria visto pelos homens, conforme diz também o Senhor: Felizes os puros de coração, porque verão a Deus (Mt 5,8). Mas, como posso ver o senhor se a Escritura testemunha tal possibilidade? Sim impossível a nós, mas por amor, por bondade, por misericórdia nos foi concedido ver o seu rosto em cristo. Leia o texto completo do santo bispo, bom advento rumo ao natal de Jesus.

Pe. Humberto

Textos Patrísticas

Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo
(Lib. 4,20, 4-5: SCh 100, 634-640)
(Séc. II)

Com a vinda de Cristo, Deus torna-se visível aos homens
Há um só Deus que, por sua Palavra e Sabedoria, criou e harmonizou todas as coisas.

Sua Palavra é nosso Senhor Jesus Cristo, que nos últimos tempos se fez homem entre os homens, para unir o fim ao princípio, isto é, o homem a Deus.

Por isso, os profetas, que tinham recebido dessa mesma Palavra o carisma profético, anunciaram sua vinda segundo a carne; mediante essa vinda, realizou-se a união e a comunhão de Deus com o homem, conforme a vontade do Pai. Desde o começo a Palavra de Deus tinha anunciado que Deus seria visto pelos homens, que viveria e conversaria com eles na terra, que se faria presente à sua criatura, para salvá-la e ser percebido por ela, livrando-nos das mãos de todos os que nos odeiam (Lc 1,71), isto é, de todo o espírito de pecado, e fazendo que o sirvamos em justiça e santidade enquanto perdurarem nossos dias (Lc 1,74-75). E assim, unido ao Espírito de Deus, o homem tenha acesso à glória do Pai.

Os profetas anunciavam que Deus seria visto pelos homens, conforme diz também o Senhor: Felizes os puros de coração, porque verão a Deus (Mt 5,8).

Contudo, ninguém pode ver a Deus na sua grandeza e glória inenarrável e continuar vivendo (cf. Ex 33,20), porque o Pai é inacessível. Mas em seu amor, sua bondade e sua onipotência, ele chega a conceder aos que o amam o dom de ver a Deus; é isto que anunciavam os profetas, pois o que é impossível aos homens, é possível a Deus (Lc 18,27).

O homem, por si mesmo, não poderá ver a Deus. Mas Deus, se quiser, será visto pelos homens, por aqueles que ele quiser, quando e como quiser. Deus, que tudo pode, foi visto outrora em visão profética por meio do Espírito, deixa-se ver agora por meio de seu Filho, graças à adoção filial, e será visto finalmente no reino dos céus como Pai. Com efeito, o Espírito prepara o homem para o Filho de Deus, o Filho conduz o homem para o Pai e o Pai lhe dá a imortalidade na vida eterna, que é fruto da contemplação de Deus.

Assim como os que vêem a luz estão na luz e recebem a sua claridade, também os que vêem a Deus estão em Deus e recebem a sua claridade. A claridade de Deus vivifica; portanto, os que vêem a Deus recebem a vida.


Quinta-feira da 3ª Semana do Advento



Do Livro do Profeta Isaías 32,15–33,6

Promessa de salvação ao que espera no Senhor
Naqueles dias,
32,15
 se derramará sobre nós
o espírito do alto.
Então, o deserto se tornará jardim
e o jardim crescerá como o bosque;
16 
no deserto haverá lugar para a honestidade,
a justiça terá o seu jardim;
17
 a paz será o fruto da justiça,
e o cultivo da justiça produzirá tranqüilidade
e segurança permanente.
18 
O meu povo viverá num ambiente de paz,
morando com confiança
em lugares seguros.
19 Mas o bosque se desfolhará todo
e a cidade terá profunda decadência.
20 
Felizes vós que plantais,
contando com muitas águas,
e soltais livremente o boi e o asno.
33,1 Ai de ti que roubas sem que ninguém te roube,
saqueias, sem que ninguém te saqueie!
Ao completares o roubo, virá alguém roubar-te;
ao terminares o saque, virão saquear-te.
2
 Senhor, tem piedade de nós,
que estivemos à tua espera;
dá-nos ajuda cada dia,
salva-nos na hora da aflição.
Fugiram os povos ao fragor do trovão,
dispersaram-se com medo de tua presença.
4
 Seus despojos se juntarão
como um monte de lagartas,
e serão atacados como por vorazes gafanhotos.
O Senhor é o Altíssimo, pois habita nos céus;
ele enche Sião de ordem e justiça.
6
 Os teus dias serão de segurança,
a sabedoria e a ciência
constituem as riquezas da salvação:
o teu tesouro é o temor do Senhor.




Meditação de Padre Fernando Cardoso

Comentário por Padre José Humberto

Caros internautas o texto que se segue faz pensar no Eterno Plano de Salvação. Faz pensar em todo o processo da Salvação, primeiro no ato e no propósito da criação do homem e da mulher. Fomos criados para amar e ser amado. Deus primeiro nos amou testemunha toda a sagrada escritura. Somente a felicidade que o homem procura será completa na medida em que correspondemos ao seu amor de pai. Faz pensar na queda do homem e da mulher pela desobediência e nas conseqüências dolorosas. Faz pensar em todo o antigo testamento com o chamado e a resposta de seus parceiros na obra da preparação da primeira vinda do Messias.  Os patriarcas, os juízes, os reis, os profetas, João Batista, o precursor do Senhor na vida e na morte. Diz este importante documento chamado “Dei Verbum” que agora, nos últimos tempos, Deus vem pessoalmente. Acolhamo-lo.   “Com efeito, ele enviou seu Filho, o Verbo eterno que ilumina todos os homens, para habitar entre os homens e dar-lhes a conhecer os segredos de Deus”. Jesus Cristo para realizar o Eterno Plano de amor  passou pela morte, mas o Pai o ressuscitou, e ressuscitado de junto do Pai envia o primeiro dom a Igreja, o Espírito santo, como primeiro dom para continuidade de sua missão na  tempo da Igreja. Agora pense no eterno Plano de amor e medite este magnífico texto. Bom advento!
Pe. Humberto

Textos Patrísticas

Da Constituição dogmática Dei Verbum sobre a revelação divina, do Concílio Vaticano II
(N. 3-4)
(Séc. XX)

Cristo é a plenitude da revelação
Deus, criando e conservando pelo seu Verbo o universo, apresenta aos homens, nas coisas criadas, um contínuo testemunho de si mesmo; além disso, querendo abrir o caminho da salvação eterna, manifestou-se desde o princípio a nossos primeiros pais.

Depois que eles caíram, com a promessa da redenção, deu-lhes a esperança da salvação e cuidou sem cessar do gênero humano, a fim de dar a vida eterna a todos os que buscam a salvação perseverando na prática das boas obras.

No tempo próprio, chamou Abraão para fazer dele um grande povo; depois dos patriarcas, ensinou esse povo, por meio de Moisés e dos profetas, a conhecê-lo como único Deus vivo e verdadeiro, Pai providente e Juiz justo, e a esperar o Salvador prometido. E assim, ao longo dos séculos, preparou o caminho para o Evangelho. Masdepois de ter falado muitas vezes e de muitos modos por meio dos profetas, nestes dias que são os últimos, Deus nos falou por meio do seu Filho (cf. Hb 1,1-2).

Com efeito, ele enviou seu Filho, o Verbo eterno que ilumina todos os homens, para habitar entre os homens e dar-lhes a conhecer os segredos de Deus.

Jesus Cristo, portanto, o Verbo feito carne, homem enviado aos homens, fala as palavras de Deus (Jo 3,34) e consuma a obra da salvação que o Pai lhe confiou.

Assim, ele – quem o vê, vê também o Pai – por toda a sua presença e por tudo o que manifesta de si mesmo, por suas palavras e obras, seus sinais e milagres, mas sobretudo por sua morte e gloriosa ressurreição dentre os mortos, e finalmente pelo envio do Espírito da Verdade, aperfeiçoa e completa a revelação, confirmando com o testemunho divino a revelação de que Deus está conosco para nos libertar das trevas do pecado e da morte e nos ressuscitar para a vida eterna.

A economia cristã, portanto, que é a nova e definitiva aliança, jamais passará; já não há nova revelação pública a esperar antes da manifestação gloriosa de nosso Senhor Jesus Cristo.



Sexta-feira da 3ª Semana do Advento



Do Livro do Profeta Isaías 33,7-24

A salvação futura
7 Eis os pregoeiros gritam lá fora,
os mensageiros da paz chorando amargamente.
Os caminhos estão desertos,
não há ninguém transitando;
foi quebrado o acordo,
rejeitadas as testemunhas,
desconsiderados os homens.
9
 Chora e adoece a terra,
o Líbano caiu na desordem e na imundície,
e Saron tornou-se um deserto,
Basan e o Carmelo secaram.
10 
“Agora vou levantar-me, diz o Senhor,
vou manifestar-me e me farei exaltar.
11
 Sois como quem gera feno e produz palha;
o meu sopro vos devora como fogo.
12 
Os povos arderão como fornalhas de cal;
os feixes de espinho serão atirados ao fogo.
13 
Vós, que estais longe, procurai conhecer a minha obra,
e os que estais perto, reconhecei a minha força”.
14 
Ficaram apavorados os pecadores em Sião,
os ímpios começaram a tremer.
Quem de vós agüenta ficar perto de um fogo devorador?
Ou morar numa ardência eterna?
15 
O que pratica a justiça e a verdade,
o que despreza os lucros ilícitos
e se nega a receber compensações,
o que não se deixa envolver em conluios de violência
e fecha os olhos ao mal;
16 
tal homem habitará as alturas,
uma fortificação de pedra será o seu refúgio;
ele obteve alimento e águas perenes.
17
 E tu verás com teus olhos o esplendor do rei,
verás uma terra de amplas fronteiras.
18 
Com temor interrogar-te-às:
“Onde está o fiscal do censo?
Onde o fiscal dos pesos?
Onde o vigia da torre?”
19 
Não verás mais aquele povo arrogante,
dono de uma linguagem obscura que ninguém entende,
que fala uma língua bárbara e inculta.
20 
Olha para Sião, cidade de nossas festas anuais!
Teus olhos verão Jerusalém,
uma pátria segura,
uma tenda que não será de modo algum removida,
cujas estacas jamais serão arrancadas,
e de cujas amarras jamais alguma se romperá.
21 
Porque aí estará por nós a força do Senhor,
em lugar de rios e largos canais;
lá não navegam barcos a remo
nem trafegam grandes navios.
22 
É o Senhor o nosso juiz, o Senhor, o nosso legislador,
o Senhor, o nosso rei, é ele quem nos salvará.
23
 Afrouxaram-se as cordas do teu barco,
já não conseguem sustentar o mastro,
impedindo de enfunar a vela.
Então, até os cegos repartirão uma grande presa
e os coxos tomarão parte na pilhagem.
24
 Nenhum habitante dirá: “Estou doente”.
E até as culpas do povo que lá habita serão canceladas.




Meditação de Padre Fernando Cardoso

Comentário por Padre José Humberto

Caro internauta, nós estamos diante de um dos textos do Bispo de Hipona. É magfico. Deseja levar o leitor a escuta do coração, não da carne. A escuta do coração e não simplesmente da voz. O mundo interior é revelado no mundo externo. O Santo bispo comenta salmo 37 Meu coração grita e geme de dor (Sl 37,9). Pergunta o bispo: quem vai escut-a-lo? A resposta é magnífica, quem nos olha com o corçao, com a misericórdia, Deus nosso pai. Outra pergunta outra resposta. Quem é capaz de compreender o grito do homem? O Pai do céu. “Se, pois, o teu desejo está diante do Pai, ele que vê o que está oculto, te recompensará”. Mas o verbo “desejar” acompanha o homem. Este deseja bens da carne, bens espirituais, bens passageiros, bens eternos, se o seu coraçao desejar sempre Deus, o modo de se unir a Ele é a oração , a nossa união com Ele. “Teu desejo é a tua oração; se o desejo é contínuo, também a oração é contínua”, diz o santo bispo. O santo bispo insiste para que o nosso desejo seja continuo assim a nossa busca será continua até encontrar aquele que nos sacia. Se o desejo permanece, também permanece o gemido; este nem sempre chega aos ouvidos dos homens, mas nunca está longe dos ouvidos de Deus. No santo advento a liturgia deseja suscitar me nós o “Desejo de Deus”.
Pe. Humberto


Textos Patrísticas

Dos Comentários  sobre os Salmos, de Santo Agostinho, bispo
(In Ps. 37,13-14: CCL 38, 391-392)
(Séc. V)

O teu desejo é a tua oração
Meu coração grita e geme de dor (Sl 37,9). Há gemidos ocultos que não são ouvidos pelos homens. Contudo, se o coração está possuído por tão ardente desejo que a ferida interior do homem se manifesta em sons externos, procuramos a causa e dizemos a nós mesmos: talvez ele tenha razão de gemer, e talvez lhe tenha sucedido algo. Mas quem pode compreender esses gemidos, senão aquele a cujos olhos e ouvidos eles se dirigem? Por isso diz: Meu coração grita e geme de dor. Porque os homens, se ouvem às vezes os gemidos de um homem, ouvem freqüentemente os gemidos da carne; mas não ouvem o que geme em seu coração.

E quem seria capaz de compreender por que grita? Escuta o que diz: Diante de vós está todo o meu desejo (Sl 37,10). Não diante dos homens, que não podem ver o coração, mas diante de vós está todo o meu desejo. Se, pois, o teu desejo está diante do Pai, ele que vê o que está oculto, te recompensará.

Teu desejo é a tua oração; se o desejo é contínuo, também a oração é contínua. Não foi em vão que o Apóstolo disse: Orai sem cessar (1Ts 5,17). Será preciso ter sempre os joelhos em terra, o corpo prostrado, as mãos levantadas, para que ele nos diga: Orai sem cessar? Se é isto que chamamos orar, não creio que possamos fazê-lo sem cessar.

Há outra oração interior e contínua: é o desejo. Ainda que faças qualquer outra coisa, se desejas aquele repouso do sábado eterno, não cessas de orar. Se não queres cessar de orar, não cesses de desejar.

Se teu desejo é contínuo, a tua voz é contínua. Ficarás calado, se deixares de amar. Quais são os que se calaram? Aqueles de quem foi dito: A maldade se espalhará tanto, que o amor de muitos esfriará (Mt 24,12).

O arrefecimento da caridade é o silêncio do coração; o fervor da caridade é o clamor do coração. Se tua caridade permanece sempre, clamas sempre; se clamas sempre, desejas sempre; se desejas, tu te recordas do repouso eterno.

Diante de vós está todo o meu desejo. Se o desejo está diante de Deus, o gemido não estará? Como poderia ser assim, se o gemido é a expressão do desejo?

Por isso o salmista continua: Meu gemido não vos é oculto (Sl 37,10). Não é oculto para Deus, mas é oculto para a multidão dos homens. Ouve-se por vezes um humilde servo de Deus dizer: Meu gemido não vos é oculto e vê-se também esse servo sorrir. Será por que o desejo está morto em seu coração? Se o desejo permanece, também permanece o gemido; este nem sempre chega aos ouvidos dos homens, mas nunca está longe dos ouvidos de Deus.


Sábado do 3ª Semana do Advento – 17/12/2014



Do Livro do Profeta Isaías 45,1-13

A salvação de Israel através de Ciro
Isto diz o Senhor sobre Ciro, seu Ungido:
“Tomei-o pela mão
para submeter os povos ao seu domínio,
dobrar o orgulho dos reis,
abrir todas as portas à sua marcha,
e para não deixar trancar os portões.
2
 Irei diante de ti e aplanarei o terreno montanhoso;
farei em pedaços as portas de bronze,
quebrarei as trancas de ferro.
3
 Dar-te-ei tesouros ocultos, riquezas escondidas,
para que saibas que eu sou o Senhor,
o Deus de Israel, que te chamou pelo teu nome.
Por causa de meu servo Jacó,
e de meu eleito Israel, chamei-te pelo nome;
reservei-te, e não me reconheceste.
Eu sou o Senhor, não existe outro:
fora de mim não há deus.
Armei-te guerreiro, sem me reconheceres,
para que todos saibam, do Oriente ao Ocidente,
que fora de mim outro não existe.
Eu sou o Senhor, e não há outro,
eu formei a luz e criei as trevas,
crio o bem-estar e as condições de mal-estar:
sou o Senhor que faço todas estas coisas.
Céus, deixai cair orvalho das alturas,
e que as nuvens façam chover justiça;
abra-se a terra e germine a salvação;
brote igualmente a justiça; eu, o Senhor, a criei.”
Ai daquele que reclama contra seu criador,
quando é simples vasilha de barro entre vasilhas de argila!
Porventura a argila dirá a quem a molda:
“O que estás fazendo?Ó ou “tua obra não tem asas?”
10
 Ai daquele que diz ao pai: “Por que geraste?”
E à mulher: “Por que dás à luz?”
11 
Assim fala o Senhor, o Santo de Israel e seu criador:
“Ireis consultar-me sobre o futuro de meus filhos,
ou fazer-me prescrições a respeito do que devo fazer?
12 
Fui eu que fiz a terra,
eu criei os homens que vivem nela;
foram as minhas mãos que estenderam o céu,
e a todo o seu exército eu dei ordens.
13 
Fui eu que o suscitei na justiça,
aplainando todos os seus caminhos;
ele reconstruirá minha cidade,
e repatriará os meus deportados,
sem pagar resgates ou indenização”
– diz o Senhor dos exércitos.



Meditação de Padre Fernando Cardoso

Comentário por Padre José Humberto

  
Textos Patrísticas

Das Cartas de São Leão Magno, papa
(Ep. 31,2-3: PL 54, 791-793)
(Séc. V)

O mistério de nossa reconciliação
De nada serve afirmar que nosso Senhor, filho da Virgem Maria, é verdadeiro e perfeito homem, se não se acredita que ele também pertence a essa descendência proclamada no Evangelho.

Escreve São Mateus: Livro da origem de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão (Mt 1,1). E, a seguir, apresenta a série de gerações desde os primórdios da humanidade até José, com quem estava desposada a Mãe do Senhor.

São Lucas, porém, percorrendo em sentido inverso a ordem dos descendentes, chega ao começo do gênero humano, para mostrar que o primeiro e o último Adão têm a mesma natureza.

Com efeito, seria possível à onipotência do Filho de Deus, para ensinar e justificar os homens, manifestar-se do mesmo modo que aparecera aos patriarcas e profetas, como, por exemplo, quando travou uma luta ou manteve uma conversa, ou quando aceitou os serviços da hospitalidade a ponto de tomar o alimento que lhe apresentaram.

Mas essas aparições eram imagens, sinais misteriosos, que anunciavam a realidade humana do Cristo, assumida da descendência daqueles antepassados.

Nenhuma daquelas figuras, entretanto, poderia realizar o mistério da nossa reconciliação, preparado desde a eternidade, porque o Espírito Santo ainda não tinha descido sobre a Virgem Maria, nem o poder do Altíssimo a tinha envolvido com a sua sombra; a Sabedoria eterna não edificara ainda a sua casa no seio puríssimo de Maria para que o Verbo se fizesse homem; o Criador dos tempos ainda não tinha nascido no tempo, unindo a natureza divina e a natureza humana numa só pessoa, de modo que aquele por quem tudo foi criado fosse contado entre as suas criaturas.

Se o homem novo, revestido de uma carne semelhante à do pecado (cf. Rm 8,3), não tivesse assumido a nossa condição, envelhecida pelo pecado; se ele, consubstancial ao Pai, não se tivesse dignado ser também consubstancial à Mãe e unir a si nossa natureza, com exceção do pecado, a humanidade teria permanecido cativa sob o jugo do demônio; e não poderíamos nos beneficiar do triunfo do Vencedor, se esta vitória fosse obtida numa natureza diferente da nossa.

Dessa admirável união, brilhou para nós o sacramento da regeneração, para que renascêssemos espiritualmente pelo mesmo Espírito por quem o Cristo foi concebido e nasceu.

Por isso diz o Evangelista, referindo-se aos que crêem: Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus mesmo (Jo 1,13).


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NOMEAÇÕES NA DIOCESE DE PETROLINA / PE:

Paróquia Nossa Senhora do Rosário inicia a festa de sua padroeira com uma belissima carreata/motocada e a Santa Missa de abertura!