Homilia da Noite de Natal
A LUZ NAS TREVAS - HOMILIA DA
NOITE
1.
Dileto paroquiano hoje nesta Noite santa resplandece o cumprimento da promessa do
Pai, o natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. A luz nasce para iluminar a noite
das trevas do mundo inteiro. Bendito seja Deus pela sua luz que chegou para
permanecer conosco. Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo. Mas por
que razão Deus Pai envia o seu Filho Salvador? Por que razão a liturgia fala tanto de luz, de
alegria, de libertação?
2.
A razão pela qual Deus Pai envia seu filho unigênito é única, porque nos ama
profundamente. Ele vem como salvador do homem todo e de todo homem. «O Pai enviou o Filho como salvador do
mundo» (1 Jo 4, 14). Ele vem como cordeiro que vem tirar o pecado do
mundo. «E Ele veio para tirar os pecados» (1 Jo 3, 5). Testemunha São
Gregório: Enferma, a nossa natureza precisava ser curada; decaída, precisava
ser elevada; morta, precisava ser ressuscitada. Tínhamos perdido a posse do
bem; era preciso que nos fosse restituído. Encerrados nas trevas, precisávamos de quem nos trouxesse a
luz; cativos, esperávamos um salvador: prisioneiro esperávamos um auxílio;
escravos, precisávamos dum libertador”.
3.
A salvação é anunciada pelo profeta Isaias em seu aspecto de Luz, de alegria,
de libertação. Cristo é a luz do mundo, é a alegria que nasceu para nós, é o
libertador de todas as cadeias de opressões. O menino que nasceu para nós é
descrito com as virtudes dos heróis do povo de Israel. «Um Menino nasceu para nós, um filho nos foi concedido. Tem o poder
sobre os ombros, e dão-lhe o seguinte nome: “Conselheiro admirável! Deus
valoroso! Pai para sempre! Príncipe da Paz!” O poder será engrandecido
numa paz sem fim» (Is 9, 5-6). O santo papa Emérito Bento XVI diz: “Estamos
perante uma visão que se estende muito para além daquele momento histórico apontando para algo misterioso, colocado
no futuro. Um menino, em toda a sua fragilidade, é Deus valoroso; um menino, em
toda a sua indigência e dependência, é Pai
para sempre. E isto «numa paz sem fim». Antes, o profeta falara duma espécie de
«grande luz» e, a propósito da paz dimanada d’Ele, afirmara que o bastão do
opressor, o calçado ruidoso da guerra, toda a veste manchada de sangue seriam
lançados ao fogo (cf. Is 9, 1.3-4). Nada de violência. Nada de guerra.
Nada de ódio. Tudo é novo. Não somos mais da noite, nem das trevas, mas do
Dia. O batizado
4.
Deus vem para que voltemos a Ele. Voltemos a Ele como filhos reconciliados
através de seu Filho Unigênito. Deus vem dar ao mundo a alegria de seu
Filho. Alegremo-nos todos no senhor:
hoje nasceu
o salvador do mundo, desceu do céu a verdadeira paz. No século V,
são Leão Magno, Papa de Roma, dizia ao povo na noite de hoje: “Hoje, amados
filhos, nasceu o nosso Salvador. Alegremo-nos! Não pode haver tristeza no dia
em que nasce a vida; uma vida que, dissipando o temor da morte, enche-nos de
alegria com a promessa da eternidade. Ninguém está excluído da participação
nesta felicidade. Exulte o justo, porque se aproxima da vitória; rejubile o
pecador, porque lhe é oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado
à vida!”. Por isso a alegria dos anjos, por isso, a exultação da Igreja!
Abramos nosso coração, abramos nossa vida, nossos afetos, nossos sentimentos,
nossos projetos para o mistério desta Noite.
5.
Paulo testemunha a essência do
natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Manifestou-se a garça. A graça de Deus
manifestou-se. A quem se manifestou e com que disposição acolhe-la? A todos os
homens, mas o Evangelho testemunha o modo como devemos acolher a graça desta
noite santa. Com a atitude de pobreza e a disposição de Maria. Mas também com a
atitude de pobreza e a disposição dos pastores. Eles são as primeiras
testemunhas escolhidas pelo anjo de Deus. “Para estes ressoa a saudação
bíblica: ‘não temais”; com a atitude e a pobreza de São José, homem justo e obediente.
Mas, sobretudo, com a atitude de Jesus que ama os pobres e se fez pobre também.
”Jesus nasceu na humildade dum estábulo, no seio de uma família pobre”.
Portanto, o mistério santo do natal cumpre-se em nós quando Cristo “Se forma’
em nós. O natal é o mistério desta admirável permuta. ‘O criador do gênero
humano tomando corpo e alma dignou-Se nascer de uma Virgem; e, feito homem sem progenitor
humano, tornou-nos participantes da sua divindade”.
“você, que crê, é um sinal de que a graça de Deus é mais
eficaz do que o mundo. São muitos aqueles que como você, crê e celebram um natal
diverso porque recebem o Cristo nos
próprios corações. Mas a maioria, lamentavelmente, celebra um natal
superficial e sempre mais secularizado. Dependendo do modo como me preparei
terei um verdadeiro ou superficial natal. Escolhe o melhor modo”. (Padre
Fernando no livro o Pão Nosso de cada dia).
Concluo convidando-te a elevar o coração ao alto e cantar como os anjos
e toda a Igreja: “gloria a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa
vontade”. Porque o esperado chegou com o dom da paz e permanece conosco até o
fim.
Feliz
Natal a todos! Que reine no coração de todo homem e mulher a graça desta noite santíssima! Amém. Aleluia!
Pe. Humberto
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