Tempo do Natal e Epifania

TEMPO DO NATAL E EPIFANIA

Nota introdutória:
Caro paroquiano a você apresento o essencial da liturgia do tempo do natal.  Primeiro, apresento uma brevíssima nota histórica da festa do natal, em seguida, a estrutura do tempo do natal (como se organiza em suas várias celebrações); posteriormente, a teologia da celebração do natal (o ensinamento de Deus para a humanidade em todos os tempos); e, por fim, a espiritualidade do natal (o Dom de ser Filho de Deus e  o dom da comunhão fraterna).
O termômetro para saber se de fato uma comunidade ama Cristo e a sua igreja é a liturgia. Quem ama cuida, cultiva, corrige, dar o melhor de si ao senhor. Preparar bem a liturgia e celebrá-la com decoro é nosso dever e salvação.

O natal
Caro internauta tenha em mente que a festa do natal e da epifania do Senhor (celebramos como festa dos reis magos no dia 6 de janeiro) a princípio constituía uma só festa com um único objetivo: A CELEBRAÇAO DA ENCARNAÇAO DO FILHO DE DEUS (Jo 1,14), no entanto, era celebrada com enfoque e data diferente no Ocidente e no oriente. Nós, ocidentais celebramos no dia 25 de dezembro como festa do nascimento de Jesus. O oriente celebra no dia 6 de janeiro, mas como festa da epifanica, manifestação do Deus menino aos pagãos. A distinção separando as comemorações em duas festas, com conteúdos deferentes ocorreu entre o fim do séc. IV e o começo do séc. V.

 A história do natal: a notícia vem de Roma
A notícia que temos conforme documentação histórica é que no ano de 336 em Roma já se celebrava a festa do natal no dia 25 de dezembro. Outra noticia dada por santo Agostinho é que também na África se celebrava o natal em data aproximativa a Roma. E, ainda, é noticia que no fim do séc. IV a festa do natal já se encontra estabilizada no norte da Itália. Idem na Espanha. Outro grande padre da Igreja, João Crisóstomo informa que em Antioquia se celebrava a festa do natal como vinda de Roma, porém diferente da epifania.
AINDA SOBRE A ORIGEM DO NATAL:
Que causas contribuíram para o aparecimento do natal? Foram diversas, mas devo considerar o essencial. Uma foi afastar a idéia paga do culto deus ao sol e anunciar Cristo, verdadeiro sol que nasce do alto. Tenha em mente que a data escolhida 25 de dezembro para celebrar o natal não é histórica, mas o importante saber é que o salvador nasceu por e de Virgem Maria por obra do Espírito Santo.  . “O culto do sol estava muito em voga nesse período de paganismo decadente e, no solstício de inverno ocorriam celebrações solenes. Para afastar os fies dessas festas idolátricas, a Igreja convidou os cristãos a considerarem o nascimento de Cristo, verdadeira luz que ilumina todo homem. (cf. no nosso retiro a antífona ó Sol de justiça é comentada).
Outra causa combater as heresias criptológicas dos séc. IV e V que  o mistério de Cristo e a defesa da Igreja com a profissão de fé dos concílios ecumênicos de Nicéia, Éfeso, Caledônia e Constantinopla fizeram do natal, sobretudo pela atuação de as. Leão Magno, a oportunidade para afirmar a autentica fé no mistério da encarnação. (notas sobre as heresias e defesa da Igreja c. Catecismo da Igreja Católica n.464 a 478e também no meu curso de cristologia).
A ESTURTURA DO TEMPO DO NATAL
A reforma litúrgica do vaticano II recebeu da tradição anterior um rico patrimônio litúrgico, mas precisava ser renovado e o foi com acréscimos significativos. Foi renovado com textos e celebrações solenes.  Na liturgia da solenidade do natal além da missa das vésperas, a Igreja celebra a missa da noite do natal, da aurora do natal e do dia;  o natal prolonga-se com a oitava do natal com testemunhos eloqüentes a favor de Jesus (comentários a seguir faremos). Foi restabelecida a solenidade da divina maternidade de Maria na oitava do natal, segunda a antiga tradição; foi dado maior destaque ao mistério do batismo de Jesus, celebrado no domingo depois da epifania; a festa da sagrada família foi colocada em evidencia, transferida para o domingo depois do natal. O tempo do natalício, pois vai desde as primeiras vésperas do natal do Senhor até o domingo depois de 6 de janeiro (Normas sobre o ano litúrgico e o calendário, n. 32-38). 
4. A teologia da celebração do natal
Caro internauta tenha em mente que o mistério da encarnação já aconteceu historicamente (Jesus nasceu por Maria e de Maria Virgem), mas a liturgia torna presente no hoje o mistério da encarnação. “Alegremo-nos todos no Senhor: hoje nasceu o salvador do mundo, desceu do céu a verdadeira paz”. O ontem de Deus é o hoje e o hoje da Igreja é o tempo do kairós. Evidentemente, o fato histórico é fundamento para a celebração da encarnação e da memória que a liturgia faz em cada celebração eucarística do mistério pascal de Cristo.  O memorial recebe um sentido novo no Novo Testamento. Quando a Igreja celebra a Eucaristia, faz memória da Páscoa de Cristo, e esta se torna presente: o sacrifício que Cristo ofereceu na cruz uma vez por todas, continua sempre atual. (CIC n, 1364). “Retomando a expressão de São João («o Verbo fez-Se carne»: Jo 1, 14), a Igreja chama «Encarnação» ao fato de o Filho de Deus ter assumido uma natureza humana, para nela levar a efeito a nossa salvação”. [...]. Meditemos as razões de sua Encarnação.
a.O natal, Mistério de salvação:
Santo Agostinho não considerava a celebração do natal um “sacramento” (mistério) como a páscoa, mas uma simples memória entendida como aniversário.  Mas tenha em mente sempre que não se comemora o natal de Jesus como se faz aniversário de uma pessoa. O aniversário é evento de um passado, mas o nascimento  de Jesus não tem passado, É “Hoje”.  Hoje nasceu o salvador para nós é o anuncio da Igreja na liturgia sacramental.
A posição de Agostinho foi superada pela teologia da Encarnação do papa São Leão Magno. Ele fala do mistério da natividade de Cristo para indicar o valor salvífico do evento. Os profetas de Deus e os Evangelistas testemunham a favor desta verdade de fé.  ‘Nos favorece e nos ensinam que o natal do Senhor, quando o Verbo se fez carne (Jo 1,140, não se nos apresenta como recordação  do passado,mas nós o vemos  no presente”; por isso” a presente festividade renova para nós o natal de Jesus’. No prefacio do advento  falando da dupla vinda de Cristo diz: “Revestido da nossa fragilidade, ele veio a primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação. Revestido de sua glória, ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes”. . Portanto, Jesus nasceu para morrer e morreu para ressuscitar e ressuscita para dar o dom do Espírito Santo a igreja. (1Cor 15,1-5).
Ele fez-Se carne para salvar.  Que significa dizer que Jesus é Salvador? Salvador de quem e de que? você precisa de um salvador? você deseja ser salgado pelo verbo divino para que a sua carne não seja corrompida?
b. A Encarnação do Verbo
Para melhor compreendermos o conteúdo das solenidades natalinas, é preciso lembrar o sentido da expressão MANIFESTAÇAO DO SENHOR NA CARNE. Santo Agostinho diz: “por vós, o Redentor do mundo apareceu na carne”.  Mas é com o papa Leão Magno que a teologia do natal aprofunda mais o seu sentido. “Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Esta verdade da fé, teve a Igreja de a defender e clarificar no decurso dos primeiros séculos, perante heresias que a falsificavam” (CIC n. 464).
As interpretações erradas da Igreja forma muitas, a saber: gnóstica, ariana, docetista, maniquéia, ou monofisita. Ele fez-Se verdadeiro homem, permanecendo verdadeiro Deus. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem (sobre o sentido de das heresia para mais esclarecimentos consulte: catecismo da Igreja católica n. 464-474).
c.  O admirável Intercambio entre a divindade e a humanidade:
O termo intercambio na linguagem dos padres da Igreja é comum.  O Filho de Deus assume o que nosso e o humano participa de sua filiação divina. A descida de Deus e a elevação do homem. O que é nosso? o que é do Senhor Jesus? Numa expressão é nossa a humanidade com todas as suas situações limites. É dele a divindade e a imortalidade, o poder e a glória.  “Deus se fez homem, a fim de que o homem se tornasse Deus”, diz Agostinho de Hipona.
Portanto, nós lucramos com a vinda do Senhor. Ele se humilhou para nos elevar com ele no mistério da páscoa. Bendito seja Deus que hoje e sempre nos reuniu no amor de Cristo.
O Verbo fez-Se carne, para nos tornar «participantes da natureza divina» (2 Pe 1, 4): «Pois foi por essa razão que o Verbo Se fez homem, e o Filho de Deus Se fez Filho do Homem: foi para que o homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo assim a adoção divina, se tornasse filho de Deus» (83). «Porque o Filho de Deus fez-Se homem, para nos fazer deuses» (84). «Unigenitus [...] Dei Filias, suae divinitatis volens nos esse participes, naturam nostram assumpsit, ut homines deos faceret factos homo – O Filho Unigênito de Deus, querendo que fôssemos participantes da sua divindade, assumiu a nossa natureza para que, feito homem, fizesse os homens deuses.
Ora tal participação não é simbólica, mas é real como é real a sua humanidade do Verbo divino (Jo 1,14).
d) O natal na perspectiva da páscoa
 O natal é inicio de salvação como também é inicio a Igreja que nasce com o nascimento de Cristo, cabeça da Igreja.  A páscoa é a conclusão do mistério do natal. Em outros termos, aquele que nasce é aquele que vai oferecer o seu corpo na cruz para morrer e aquele que morreu é aquele que ressuscitou e aquele que ressuscitou é aquele que pleno do espírito como fruto de sua páscoa dar o Espírito Santo à Igreja como primeiro dom da páscoa. Sem a encarnação não tem páscoa de Cristo e sem páscoa não teria sentido a encarnação.  “O Filho de Deus assume um corpo para se oferecer ao Pai com um sacrifício existencial e pessoal (cf. Hb 10,5-10).
Portanto, pense na encarnação sinal de humilhação e exaltação de Deus. Pense na páscoa sinal de humilhação na morte de  cruz  de Cristo e na exaltação (cf. Fil 6,5-11).
Natal principio da igreja e da solidariedade de todos os homens
O nascimento de Cristo, cabeça da Igreja é também nascimento da Igreja, membros do corpo de Cristo. “O natal da cabeça é também natal do corpo”.  (São Leão magno). A Igreja Mãe fixa o olhar em Maria, mãe do Senhor para ser como Maria discípulo e missionária do Senhor. Com o mistério da encarnação iniciou a união de cristo com cada pessoa e com toda a humanidade. Tal união será plena na Gloria de deus pai por cristo no espírito santo. Somos a família de Deus. São expressivas as palavras do vaticano II da constituição  Gs n. 22  Cristo, o homem novo
 Na realidade, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente. Adão, o primeiro homem, era efectivamente figura do futuro (20), isto é, de Cristo Senhor. Cristo, novo Adão, na própria revelação do mistério do Pai e do seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime. Não é por isso de admirar que as verdades acima ditas tenham n'Ele a sua fonte e n'Ele atinjam a plenitude.
«Imagem de Deus invisível» (Col. 1,15) (21), Ele é o homem perfeito, que restitui aos filhos de Adão semelhança divina, deformada desde o primeiro pecado. Já que, n'Ele, a natureza humana foi assumida, e não destruída (22), por isso mesmo também em nós foi ela elevada a sublime dignidade. Porque, pela sua encarnação, Ele, o Filho de Deus, uniu-se de certo modo a cada homem. Trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana (23), amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, excepto no pecado (24).
Cordeiro inocente, mereceu-nos a vida com a livre efusão do seu sangue; n 'Ele nos reconciliou Deus consigo e uns com os outros (25) e nos arrancou da escravidão do demónio e do pecado. De maneira que cada um de nós pode dizer com o Apóstolo: o Filho de Deus «amou-me e entregou-se por mim» (Gál. 2,20). Sofrendo por nós, não só nos deu exemplo, para que sigamos os seus passos (26), mas também abriu um novo caminho, em que a vida e a morte são santificados e recebem um novo sentido.
O cristão, tornado conforme à imagem do Filho que é o primogénito entre a multidão dos irmãos (27), recebe «as primícias do Espírito» (Rom. 8,23), que o tornam capaz de cumprir a lei nova do amor (28). Por meio deste Espírito, «penhor da herança (Ef. 1,14), o homem todo é renovado interiormente, até à «redenção do corpo» (Rom. 8,23): «Se o Espírito d'Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos dará também a vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita» (Rom. 8,11) (29). É verdade que para o cristão é uma necessidade e um dever lutar contra o mal através de muitas tribulações, e sofrer a morte; mas, associado ao mistério pascal, e configurado à morte de Cristo, vai ao encontro da ressurreição, fortalecido pela esperança (30).
E o que fica dito, vale não só dos cristãos, mas de todos os homens de boa vontade, em cujos corações a graça opera ocultamente (31). Com efeito, já que por todos morreu Cristo (32) e a vocação última de todos os homens é realmente uma só, a saber, a divina, devemos manter que o Espírito Santo a todos dá a possibilidade de se associarem a este mistério pascal por um modo só de Deus conhecido.
Tal é, e tão grande, o mistério do homem, que a revelação cristã manifesta aos que crêem. E assim, por Cristo e em Cristo, esclarece-se o enigma da dor e da morte, o qual, fora do Seu Evangelho, nos esmaga. Cristo ressuscitou, destruindo a morte com a própria morte, e deu-nos a vida (33), para que, tornados filhos no Filho, exclamemos no Espírito: Abba, Pai 
NATAL, MISTÉRIO DA RENOVAÇAO COSMICA
 Na historia da salvação testemunhamos quatro sim. O primeiro, o sim de Deus que através de sua Palavra e do sopro de seus lábios, disse: “faça-se’ e tudo foi feito. O livro do Gn testemunha a maravilhosa obra da criação. O segundo, o sim da Virgem Maria. “O mundo inteiro a espera, prostrado a teus pés. E não é sem razão, pois de tua palavra depende o alívio dos infelizes, a redenção dos cativos, a liberdade dos condenados, enfim, a salvação de todos os filhos de Adão, de toda a tua raça”. Não demores, ó virgem em pronunciar uma única palavra., pois tu és a nova Eva que trouxe o novo Adão. “Pronuncia uma palavra e recebe a Palavra; profere a tua palavra e concebe a Palavra de Deus; dize uma palavra passageira e abraça a Palavra eterna”. Que Palavra bendita que trouxe o fruto bendito, Jesus Cristo. Com a encarnação o sim de Deus se humaniza. A humanidade tanto quanto o cosmo intero é atingido pelo mistério  da encarnação. Agora, resta o seu sim no tempo da Igreja. Sem o sim não há salvação. Não há Reino de Deus. pense bem! Diga sim a Deus e manifeste este sim no serviço. Agora medite este parágrafo do documento GS 38.
O Verbo de Deus, pelo qual todas as coisas foram feitas, fazendo-se homem e vivendo na terra dos homens (10), entrou como homem perfeito na história do mundo, assumindo-a e recapitulando-a (11). Ele revela-nos que «Deus é amor» (1 Jo. 4, 8) e ensina-nos ao mesmo tempo que a lei fundamental da perfeição humana e, portanto, da transformação do mundo, é o novo mandamento do amor. Dá, assim, aos que acreditam no amor de Deus, a certeza de que o caminho do amor está aberto para todos e que o esforço por estabelecer a universal fraternidade não é vão. Adverte, ao mesmo tempo, que este amor não se deve exercitar apenas nas coisas grandes, mas, antes de mais, nas circunstâncias ordinárias da vida. Suportando a morte por todos nós pecadores (12), ensina-nos com o seu exemplo que também devemos levar a cruz que a carne e o mundo fazem pesar sobre os ombros daqueles que buscam a paz e a justiça. Constituído Senhor pela sua ressurreição, Cristo, a quem foi dado todo o poder no céu e na terra (13), actua já pela força do Espírito Santo nos corações dos homens; não suscita neles apenas o desejo da vida futura, mas, por isso mesmo, anima, purifica e fortalece também aquelas generosas aspirações que levam a humanidade a tentar tornar a vida mais humana e a submeter para esse fim toda a terra. Sem dúvida, os dons do Espírito são diversos: enquanto chama alguns a darem claro testemunho do desejo da pátria celeste e a conservarem-no vivo no seio da família humana, chama outros a dedicarem-se ao serviço terreno dos homens, preparando com esta sua actividade como que a matéria do reino dos céus. Liberta, porém, a todos, para que, deixando o amor próprio e empregando em favor da vida humana todas as energias terrenas, se lancem para o futuro, em que a humanidade se tornará oblação agradável a Deus (14).
O penhor desta esperança e o viático para este caminho deixou-os o Senhor aos seus naquele sacramento da fé, em que os elementos naturais, cultivados pelo homem, se convertem no Corpo e Sangue gloriosos, na ceia da comunhão fraterna e na prelibação do banquete celeste.
A espiritualidade do natal  

Caro irmão o que muda em nós com a encarnação do Filho de Deus?  Que espiritualidade o cristão deve encarnar? A espiritualidade de Filho de Deus e de irmão em cristo. O vinculo não é mais a carne , mas o Espírito Santo (Jo 3,5).
Não olhe apenas a sua pobreza, a sua humildade, o seu gesto de amor na manjedoura, mas tal acontecimento da encarnação foi nos dado para sermos semelhante a Ele tudo como ele é semelhante a nós em tudo, menos no pecado como a carta aos Hebreus testemunha. A espiritualidade do natal é a espiritualidade da adoção como Filho de Deus.  “Vede que prova de amor o Pai nos deu de sermos chamados filhos de Deus”, exclama São Evangelista.
A nossa imitação a Cristo deve ser uma realidade de experiência interior que se manifesta exteriormente com atitudes de humildade, pobreza, amor a exemplo de Maria e José.
O santo papa, Leão magno exorta a cada cristão a reconhecer a sua dignidade de filho de Deus. Hoje, amados filhos, nasceu o nosso Salvador. Alegremo-nos. Não pode haver tristeza no dia em que nasceu a vida; uma vida que, dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa da eternidade.
Ninguém está excluído da participação nesta felicidade. A causa da alegria é comum a todos, porque nosso Senhor, vencedor do pecado e da morte, não tendo encontrado ninguém isento de culpa, veio libertar a todos. Exulte o justo, porque se aproxima da vitória ; rejubile o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida.
Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade. E já que participas da natureza divina, não voltes aos erros de antes por um comportamento indigno de tua condição. Lembra-te de que a cabeça e de que corpo és membro. Recorda-te que fostes arrancado do poder das trevas e levado para a luz e o reino de Deus Dos Sermões de São Leão Magno, papa.
(Sermo 1 in Nativitate Domini, 1-3: PL 54, 190-193).
O Batismo nos une ao mistério de Cristo e ao mistério da Igreja. Tal união aumenta a nossa união com o senhor e com os irmãos. O vínculo de tal união é o Espírito Santo que em Cristo nos torna um só corpo. “Receber a eucaristia na comunhão traz consigo, como fruto principal, a união íntima com Cristo Jesus” (Jo 6,56)
Portanto a graça do natal exige dos cristãos a vivência da dignidade de filho de Deus e a comunhão fraterna.
 Pe. Humberto

DA MENTE AO CORAÇÃO

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo

Sermo 25,7-8: PL 46,937-938)
(Séc.V)

Aquela que acreditou em virtude da fé,
também pela fé concebeu

Prestai atenção, rogo-vos, naquilo que Cristo Senhor diz, estendendo a mão para seus
discípulos: Eis minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de meu Pai que me enviou, este
é meu irmão, irmã e mãe (Mt 12,49-50). Acaso não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que
creu pela fé, pela fé concebeu, foi escolhida dentre os homens para que dela nos nascesse a
salvação e que foi criada por Cristo antes que Cristo nela fosse criado? Sim! Ela o fez! Santa
Maria fez totalmente a vontade do Pai e por isto mais valeu para ela ser discípula de Cristo do
que mãe de Cristo; maior felicidade gozou em ser discípula do que mãe de Cristo. Assim Maria
era feliz porque, já antes de dar à luz o Mestre, trazia-o na mente.

Vede se não é assim como digo. O Senhor passava acompanhado pelas turbas, fazendo milagres
divinos, quando certa mulher exclamou: Bem-aventurado o seio que te trouxe. Feliz o ventre
que te trouxe! (Lc 11,27) O Senhor, para que não se buscasse a felicidade na carne, que
respondeu então? Muito mais felizes os que ouvem a palavra de Deus e a guardam (Lc 11,28).
Por conseguinte, também aqui é Maria feliz, porque ouviu a palavra de Deus e a guardou.
Guardou a verdade na mente mais do que a carne no seio. Verdade, Cristo; carne, Cristo; a
verdade-Cristo na mente de Maria; a carne-Cristo no seio de Maria. É maior o que está na
mente do que o trazido no seio.

Santa Maria, feliz Maria! Contudo, a Igreja é maior que a Virgem Maria. Por quê? Porque
Maria é porção da Igreja, membro santo, membro excelente, membro supereminente, mas
membro do corpo total. Se ela pertence ao corpo total, logo é maior o corpo que o membro. A
cabeça é o Senhor; e o Cristo total, é a cabeça e o corpo. Que direi? Temos cabeça divina,
temos Deus por cabeça!

Portanto, irmãos, dai atenção avós mesmos. Também vós sois membros de Cristo, também vós
sois corpo de Cristo. Vede de que modo o sois. Diz: Eis minha mãe e meus irmãos (Mt 12,49).
Como sereis mãe de Cristo? Todo aquele que ouve e faz a vontade de meu Pai que está nos
céus, este é meu irmão e irmã e mãe (cf. Mt 12,50). Pensai: entendo irmão, entendo irmã; é
uma só a herança, e é essa a misericórdia de Cristo que, sendo único, não quis ficar sozinho;
quis que fôssemos herdeiros do Pai, co-herdeiros seus.

Fonte de pesquisa:
BERGAMINI, Augusto. Cristo, Festa da Igreja o Ano Liturgico.  Pulinas, São Paulo: 1994.
DICIONÁRIO DE LITURGIA, Dirigido por Domenico Sartore e A. M. Triacca. Edições Paulinas, São Paulo: 1992.
CATESISMO DA IGREJA CATÓLICA, 2º Ed. Coimbra: 1997.
  


Liturgia das Horast

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