Textos Bíblicos da Segunda Semana e Comentários

2ª Semana do Advento
2º Domingo do Advento




Do Livro do Profeta Isaías 22,8-23
Censura a Jerusalém e ao prefeito Sobna
Foi retirada a cobertura de Judá,
e olhaste, nesse dia, o arsenal da casa do Bosque;
todos vós podíeis ver quão numerosas
eram as brechas da casa de Davi;
e recolhestes as águas da piscina baixa.

10 Contastes as casas de Jerusalém
e demolistes casas
para construir uma muralha;
11 abristes um lago entre dois muros
para as águas da piscina velha,
mas não vos lembrastes daquele que tudo fez
nem vos apercebestes da ação daquele que operou de longe.
12 Então, o Senhor Deus dos exércitos, naquele dia,
veio convidar-vos a todos para chorar e gemer,
para rapar a cabeça e vestir saco;
13 eis o que se vê: alvoroço e alegria,
matam bois e degolam carneiros,
comem carne e bebem vinho:
“Vamos comer e beber,
pois amanhã estaremos mortos”.
14 Aí, me revelou o Senhor dos exércitos
dentro dos meus ouvidos:
“Ficai certos de que não vos será perdoado este pecado
até morrerdes!Ó diz o Senhor Deus dos exércitos.
15 E isto diz ainda o Senhor Deus dos exércitos:
“Vai ter com este procurador, Sobna,
que é prefeito do palácio:
16 Que força tens aqui? Ou com que estás contando
para mandares lavrar aqui o teu monumento fúnebre?
– fazendo cavar em lugar alto o sepulcro,
ele fazia talhar na pedra uma morada para si. –
17 Pois olha, homem, o Senhor,
pegando-te, com força, te lançará para longe.
18 Ele te transformará numa massa redonda
e te lançará como bola
num terreno largo e espaçoso:
aí ficarás morto,
junto com os carros da tua fama,
– vergonha que és da casa de teu amo.
19 Eu te vou destituir do posto que ocupas
e demitir-te do teu cargo.
20 Acontecerá que nesse dia
chamarei meu servo Eliacim, filho de Helcias,
21 e o vestirei com a tua túnica
e colocarei nele a tua faixa,
porei em suas mãos a tua autoridade;
ele será um pai para os habitantes de Jerusalém
e para a casa de Judá.
22 Eu o farei portar aos ombros
a chave da casa de Davi;
ele abrirá, e ninguém poderá fechar;
ele fechará e ninguém poderá abrir.
23 Hei de fixá-lo como estaca em lugar seguro
e aí ele terá o trono de glória na casa de seu pai!”



Meditação de Padre Fernando Cardoso
Comentário por Padre José Humberto

Dos comentários sobre o profeta Isaías, de Eusébio de Cesaréia, bispo (Séc IV).
O santo bispo comenta sobre o precursor. João é a voz a serviço da Palavra que é Cristo, aquele que vem no natal. Aquele que está no meio de nós e aquele que prometeu a vinda definitiva. “Preparai o caminho do senhor, aplanai a estrada de nosso Deus (Is 40,3). Tal profecia terá o seu cumprimento no deserto, lugar de combate, lugar de discernimento, lugar da manifestação da gloria do Senhor e do anuncio da salvação de Deus a toda a humanidade. Concretamente tudo isto João anunciou e testemunho, quando por ocasião do batismo do senhor foi  realizada o cumprimento de tal promessa. A voz do Pai, a Palavra Bendita e o Espírito Santo descendo em forma de pomba sobre Jesus. A Voz ordena que se prepare o caminho para o Senhor, a chegada do senhor. “Preparai o caminho do Senhor (Mc 1,3). Irmao ,leia a excelencia da meditação e encontrarás o modo como preparar bem a chegado do salvador.
Pe. Humberto
Textos Patrísticas

Dos Comentários sobre o Profeta Isaías, de Eusébio de Cesaréia, bispo
(Cap. 40: PG 24,366-367)
(Séc. IV)

Uma voz clama no deserto
Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, aplainai a estrada de nosso DeusÓ (Is 40,3). O profeta afirma claramente que não será em Jerusalém, mas no deserto que se realizará esta profecia, isto é, a manifestação da glória do Senhor e o anúncio da salvação de Deus para toda a humanidade.
Na verdade, tudo isto se realizou literalmente na história, quando João Batista anunciou no deserto do Jordão a vinda salvífica de Deus e ali se revelou a salvação de Deus. De fato, Cristo manifestou-se a todos em sua glória quando, depois de seu batismo, os céus se abriram e o Espírito Santo, descendo em forma de pomba, pousou sobre ele; e a voz do Pai se fez ouvir, dando testemunho do Filho: Este é o meu Filho amado, escutai-o (Mt 17,5).
Estas coisas foram ditas porque Deus deveria vir ao deserto, desde sempre fechado e inacessível. Com efeito, todas as nações pagãs estavam privadas do conhecimento de Deus, e os homens justos e os profetas de Deus nunca haviam penetrado nelas.
Por este motivo, a voz ordena que se prepare um caminho para a Palavra de Deus e se aplainem os terrenos escarpados e ásperos, a fim de que o nosso Deus possa entrar quando vier. Preparai o caminho do Senhor (Mc 1,3): é esta a pregação evangélica que traz um novo consolo e deseja ardentemente que o anúncio da salvação de Deus chegue a todos os homens.
Sobe a um alto monte, tu, que trazes a boa-nova a Sião. Levanta com força a voz, tu, que trazes a boa-nova a Jerusalém (Is 40,9). Depois que se mencionou a voz que clama no deserto, convêm perfeitamente estas palavras, que se referem aos evangelistas e anunciam a vinda de Deus entre os homens. De fato, a alusão aos evangelistas devia logicamente seguir a profecia sobre João Batista.
Que Sião é esta, senão a que antes se chamava Jerusalém? Era realmente um monte, como declara esta palavra da Escritura: O monte Sião que escolhestes para morada (Sl 73,2). E o Apóstolo: Vós vos aproximastes do monte de Sião (Hb 12,22). Não será uma alusão ao grupo dos apóstolos, escolhido entre o antigo povo da circuncisão?
Tal é, pois, Sião ou Jerusalém, que recebeu a salvação de Deus, e que foi edificada sobre o monte de Deus, isto é, sobre o Verbo, seu Filho único. A ela, que subiu ao alto monte, é que Deus ordena anunciar a palavra da salvação. Mas quem anuncia a boa-nova, senão o coro dos evangelistas? E o que significa anunciar a boa-nova? É proclamar a todos os homens, e em primeiro lugar às cidades de Judá, a vinda de Cristo à terra.

Segunda-feira da 2ª Semana do Advento



Do Livro do Profeta Isaías             24,1-18

O Senhor se manifesta no seu dia
1 Eis que o Senhor devasta a terra e a castiga,
perturbando sua superfície
e dispersando seus habitantes.
2 Como for tratado o povo, assim será o sacerdote;
como o escravo, assim o senhor;
como a serva, assim a patroa;
como o que compra, assim o que vende;
como o que empresta, assim o que toma emprestado;
como o credor, assim o devedor.
A terra será entregue à devastação
e será vítima de pilhagens:
foi o Senhor que o disse.
Enluta-se e adoece a terra,
perde vigor e adoece o mundo,
perdem vigor céus e terra.
A terra foi corrompida por seus habitantes,
porque eles transgrediram suas leis,
violaram o mandamento de Deus,
desfizeram a aliança eterna.
6 Por isso a maldição envolveu a terra
e seus habitantes sofreram penas;
diminuíram os que a cultivam,
poucos homens foram deixados.
7 O vinho está deteriorado,
a videira secou,
gemem todos os que tinham o coração alegre.
A alegria dos tambores acabou,
calou-se a zoada dos folgazões,
acabou a alegria da cítara;
não mais tomarão vinho entre cantigas,
a bebida será amarga para os que a tomam.
10 A cidade vazia foi destruída,
toda casa está fechada, para ninguém entrar;
11 nas ruas grita-se por vinho,
acabou-se toda a alegria
desapareceu o prazer de viver.
12 Reina a solidão no casario,
e a porta da cidade tombou em pedaços;
13 tudo isso acontece no meio da região,
no meio dos povos,
como oliveiras sacudidas
ou cachos colhidos ao fim da vindima.
14 Alguns levantarão a voz,
louvarão a majestade do Senhor,
gritarão do outro lado onde fica o mar.
15 Por isso glorificai o Senhor do lado da luz do sol,
louvai o nome do Senhor Deus de Israel
nas terras do além-mar.
16 Dos confins da terra ouviram-se aclamações:
“Glória a Deus justo”.
E eu disse: “Guardarei meu segredo,
guardarei meu segredo.
Ai de mim!”
Surgiram os transgressores,
cometendo toda sorte de infrações.
17 Ó habitante da terra,
para ti estão reservados medo, armadilha e rede.
18 Quem por medo fugir a um grito,
cairá na armadilha;
e quem escapar da armadilha,
ficará preso à rede.
Abriu-se o aguaceiro das nuvens
e abalaram-se as fundações da terra.



Meditação de Padre Fernando Cardoso

Comentário Padre José Humberto
Do tratado ‘a subida do Monte Carmelo”, de São Joao da Cruz, presbítero.
Neste magnífico texto “Deus nos falou pelo Cristo” antes falara pela boca dos profetas. Eles anunciavam a vinda do Senhor e desejavam-no como o vigia pela aurora. O santo diz que era necessário que os santos profetas desejassem visões,  e revelações divinas, que se interrogasse sobre o mistério de Deus e que o senhor respondesse pela palavra dos enviados. De muitos modos Deus falara pelos profetas (Hb 1,1-2). Mas quando chega a Plenitude dos tempos deus envia a Palavra da verdade, o silencio foi rompido pela Palavra que se fez carne e habitou entre nós (Jo ,14). É muito belo o dizer do santo “Ao dar-nos, como nos deu, o seu filho, que é a única Palavra (e não há outra), disse-nos tudo de uma vez nessa Palavra e nada mais tem a dizer”. Assim não temem sentio recuar a antiga revelação se a nova diz tudo, diz tudo em Cristo. Interrogar sobre outras revelações, após a revelação plena na faria injuria a Deus não pondo os olhos totalmente em Cristo. Mas o que Deus nos diz pelo Filho? O que o senhor continua dizendo pela Igreja? Esta meditação do Mistrico de Deus lhe orientará. Leia, portanto.
Pe. Humberto

Textos Patrísticas

Segunda leitura
Do Tratado “A subida do Monte Carmelo”, de São João da Cruz, presbítero
(Lib. 2, cap. 22)             (Séc. XVI)

Deus nos falou pelo Cristo
O motivo principal por que na antiga Lei eram lícitas as perguntas feitas a Deus, e convinha aos profetas e sacerdotes desejarem visões e revelações divinas, era não estar ainda bem fundada a fé nem estabelecida a Lei evangélica. Era assim necessário que se interrogasse a Deus e ele respondesse, ora por palavras, ora por visões e revelações, ora por meio de figuras e símbolos ou finalmente por muitas outras maneiras de expressão. Porque tudo o que respondia, falava e revelava, eram mistérios da nossa fé ou verdades que a ela se referiam ou a ela conduziam.
Agora, já estando firmada a fé em Cristo e promulgada a Lei evangélica nesta era de graça, não há mais razão para perguntar a Deus, daquele modo, nem para que ele responda como antigamente. Ao dar-nos, como nos deu, o seu Filho, que é a sua única Palavra (e não há outra), disse-nos tudo de uma vez nessa Palavra e nada mais tem a dizer.
É este o sentido do texto em que São Paulo busca persuadir os hebreus a se afastarem daqueles primitivos modos de tratar com Deus, previstos na lei de Moisés, e a fixarem os olhos unicamente em Cristo, dizendo: Muitas vezes e de muitos modos falou Deus outrora aos nossos pais, pelos profetas; nestes dias, que são os últimos, ele nos falou por meio de seu Filho (Hb 1,1-2). Por estas palavras o Apóstolo dá a entender que Deus emudeceu, por assim dizer, e nada mais tem a falar, pois o que antes dizia em parte aos profetas, agora nos revelou no todo, dando-nos o Tudo, que é o seu Filho.
Se agora, portanto, alguém quisesse interrogar a Deus, ou pedir-lhe alguma visão ou revelação, faria injúria a Deus não pondo os olhos totalmente em Cristo, sem querer outra coisa ou novidade alguma. Deus poderia responder-lhe deste modo: Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o! (Mt 17,5). Já te disse todas as coisas em minha Palavra. Põe os olhos unicamente nele, pois nele tudo disse e revelei, e encontrarás ainda mais do que pedes e desejas.
Desde o dia em que, no Tabor, desci com meu Espírito sobre ele, dizendo: Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!, aboli todas as antigas maneiras de ensinamento e resposta. Se falava antes, era para prometer o Cristo; se me interrogavam, eram perguntas relacionadas com o pedido e a esperança da vinda do Cristo, no qual haviam de encontrar todo o bem – como agora o demonstra toda a doutrina dos evangelhos e dos apóstolos.

Terça-feira da 2ª Semana do Advento



Do Livro do Profeta Isaías             24,19–25,5
O Reino de Deus. Ação de graças
Naquele dia:
24,19 A terra sofreu roturas,
esmagada por grandes choques,
a terra estremeceu de medo;
20 a terra agita-se, cambaleia como bêbado,
ou balança como tenda ao vento;
pesará sobre ela o seu crime,
ela cairá e não conseguirá levantar-se.
21 Naquele dia,
o Senhor sustará no alto os milicianos do céu
e na terra os reis da terra;
22 todos serão ajuntados e amarrados num fosso
ou fechados numa prisão,
e aí ficarão impedidos por muito tempo.
23 A lua enrubescerá e o sol perderá o brilho.
Sim, reina o Senhor dos exércitos
no monte Sião e em Jerusalém,
a ele será dada glória pelos seus anciãos.
25,1 Senhor, és o meu Deus;
eu te exaltarei e louvarei o teu nome,
porque fizeste maravilhas,
de acordo com o teu antigo desígnio,
fiel e verdadeiro.
E porque transformaste a cidade num montão
e a fortaleza numa ruína,
a cidadela dos valentões não será mais uma cidade,
nunca mais será reconstruída.
Por isso te louvará um povo forte,
as nações fortes te saberão temer,
4 porque te fizeste força para o fraco,
força em suas aflições,
abrigo na tempestade,
sombra contra o calor;
já o auxílio dos poderosos
é como chuva no inverno.
5 Como o calor no deserto,
assim abaterás a arrogância dos soberbos;
como o calor à sombra da nuvem,
farás emudecer a canção dos poderosos.




Meditação de Padre Fernando Cardoso

Comentário Padre José Humberto
O texto que se segue, da Constituição dogmática Lúmen Gentium ,sobre a Igreja do Concilio vaticano II, é de natureza escatológica, ou seja, fala das realidades últimas que vão acontecer na segunda vinda de Cristo, como o juiz e salvador da  humanidade. Há promessa de Deus de um novo céu e uma nova terra sem pecado, sem morte, sem dor, com o triunfo do seu Reino já presente em nós e um dia plenamente a realizar na Gloria de Deus Pai. Tudo, o mundo, a historia, a humanidade é recapitulado no Cristo. A ação salvifica de Cristo continua por meio da Igreja até a sua volta gloriosa. Como Ele ela é Instrumento universal de salvação. O reino se faz presente entre nós. “Já chegou para nós o fim dos tempos; a renovação do mundo foi irrevogavelmente decidida e decerto modo é realmente antecipada neste mundo”. Agora medite este magnífico texto do magistério da Igreja.
Pe. Humberto
Textos Patrísticas

Segunda leitura
Da Constituição dogmática Lumen gentium sobre a Igreja, do Concílio Vaticano II
(N. 48)             (Séc. XX)

Índole escatológica da Igreja peregrina
A Igreja, à qual somos todos chamados no Cristo Jesus e na qual, pela graça de Deus, alcançamos a santidade, só será consumada na glória celeste, quando chegar o tempo da restauração de todas as coisas; e quando, com o gênero humano, também o mundo inteiro, que está intimamente unido ao homem e por ele atinge o seu fim, for perfeitamente recapitulado no Cristo.
Cristo, ao ser elevado da terra, atraiu a si todos os homens; ressuscitado dos mortos, enviou aos discípulos seu Espírito vivificante e por meio dele constituiu seu Corpo, que é a Igreja, como sacramento universal de salvação. Sentado à direita do Pai, age continuamente no mundo para conduzir os homens à Igreja e por ela uni-los mais estreitamente a si e, alimentando-os com seu Corpo e seu Sangue, torná-los participantes de sua vida gloriosa.
A restauração que nos foi prometida e que esperamos já começou, pois, em Cristo, prossegue na missão do Espírito Santo e por meio dele continua na Igreja que, pela fé, também nos ensina o sentido de nossa vida temporal, enquanto, com a esperança dos bens futuros, vamos realizando a obra que o Pai nos confiou no mundo e trabalhamos para a nossa salvação.
Já chegou para nós o fim dos tempos; a renovação do mundo foi irrevogavelmente decidida e de certo modo é realmente antecipada neste mundo. De fato, a Igreja possui, já na terra, uma verdadeira santidade, embora imperfeita.
Contudo, até que venham os novos céus e a nova terra onde habita a justiça, a Igreja peregrina, em seus sacramentos e instituições que pertencem a este tempo, traz consigo a figura deste mundo que passa, e vive entre as criaturas que até agora gemem e sofrem dores de parto, aguardando a manifestação dos filhos de Deus.

Quarta-feira da 2ª Semana do Advento



Do Livro do Profeta Isaías         25,6-26,6

O Senhor há de preparar um banquete;
cântico dos remidos
25,6O Senhor dos exércitos dará
neste monte, para todos os povos,
um banquete de ricas iguarias,
regado com vinho puro,
servido de pratos deliciosos
e dos mais finos vinhos.
7
 Ele removerá, neste monte,
a ponta da cadeia que ligava todos os povos,
a teia em que tinha envolvido todas as nações.
O Senhor Deus
eliminará para sempre a morte
e enxugará as lágrimas de todas as faces
e acabará com a desonra de seu povo em toda a terra,
o Senhor o disse.
Naquele dia, se dirá: “Este é o nosso Deus,
esperamos nele, até que nos salvou;
este é o Senhor, nele temos confiado:
vamos alegrar-nos e exultar por nos ter salvo”.
10
 E a mão do Senhor repousará sobre este monte.
Moab será esmagado em seu território,
como palha no monturo;
11 
e estenderá as mãos em seu redor,
como faz o nadador para nadar;
mas será humilhada a sua soberba
e suas mãos serão quebrantadas.
12 
O Senhor derrubou a forte defesa dos teus muros,
pôs por terra e reduziu tudo a pó.
26,1
 Naquele dia, cantarão este canto em Judá:
“Uma cidade fortificada é a nossa segurança;
o Senhor cercou-a de muros e antemuros.
Abri as suas portas, para que entre um povo justo,
cumpridor da palavra,
firme em seu propósito;
e tu lhe conservarás a paz,
porque confia em ti.
Esperai no Senhor por todos os tempos,
o Senhor é a rocha eterna.
Ele derrubou os que habitam no alto,
a cidadela inacessível,
vai humilhá-los até o chão,
até esfregá-los na poeira.
6 Eles serão pisados,
estarão debaixo dos pés dos pobres,
dos passos dos humildes.




Meditação de Padre Fernando Cardoso

Comentário Padre José Humberto
O texto de santo Agostinho, “Dos comentários sobre os salmos” três palavras chaves destacamos para a sua maior compreensão. A primeira é a promessa de Deus. Diz Agostinho que Deus estabeleceu um tempo para as suas promessas. Mas que promessas o senhor prometera ao seu povo? Numa palavra que contêm todas as outras, prometeu a salvação eterna e a imortalidade.  A segunda chave é o cumprimento da promessa por meio de Jesus. Nele se cumpre o que Deus prometeu. Realizou-se para sempre a salvação, ofertando o dom da imortalidade e da vida nova em Cristo. São expressavas as suas palavras: “Deus prometeu aos homens a divindade, aos mortais a imortalidade, aos pecadores a justificação, aos humilhados a gloria”. A terceira palavra é o caminho, Jesus é o caminho que nos leva a caminhar para o Pai. Ora para caminhar conosco Ele fez homem para nos fazer divinos. Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo. Agora com as três palavras chaves: promessa, cumprimento e caminho é hora de meditar o texto de Agostinho.
Pe. Humberto
Textos Patrísticas

Segunda leitura
Dos comentários sobre os Salmos, de Santo Agostinho, bispo
(In Ps. 109,1-3: CCL 40,1601-1603)             (Séc. V)

Deus cumpre as suas promessas por meio de seu Filho
Deus estabeleceu não só um tempo para suas promessas, como também um tempo para a realização do que prometera. O tempo das promessas vai dos profetas a João Batista. A partir dele começa o tempo de cumprir-se o prometido.
Deus, que se fez nosso devedor, é fiel, nada recebendo de nós mas nos prometendo tão grandes bens. Pareceu-lhe pouco a simples promessa e, por isso, quis ainda comprometer-se por escrito, como que firmando conosco um contrato. Desse modo, quando começasse a cumprir as coisas prometidas, veríamos em tal escritura a ordem com que seriam realizadas. O tempo das profecias era o do anúncio das promessas, como já dissemos várias vezes.
Prometeu-nos a salvação eterna, a vida bem-aventurada e sem fim em companhia dos anjos, a herança imperecível, a glória eterna, a doçura da visão de seu rosto, a sua morada santa nos céus e, pela ressurreição dos mortos, a exclusão total da morte. É esta, de certo modo, a sua promessa final, o objeto de toda nossa aspiração. Quando a tivermos alcançado, nada mais buscaremos, nada poderemos exigir. Não deixou também de revelar o caminho que nos havia de conduzir a esses últimos fins, mas o prometeu e anunciou.
Deus prometeu aos homens a divindade, aos mortais a imortalidade, aos pecadores a justificação, aos humilhados a glória.
Contudo, meus irmãos, pareceria inacreditável aos homens que Deus prometesse tirá-los da sua condição mortal de corrupção, vergonha, fraqueza, pó e cinza, para torná-los semelhantes aos anjos. Por isso, não só firmou com eles um contrato que os levasse a crer, mas constituiu ainda como mediador e garantia, não um príncipe qualquer ou algum anjo ou arcanjo, mas seu Filho único. Desse modo, mostrou-nos e ofereceu-nos, por meio de seu próprio Filho, o caminho que nos levaria ao fim prometido.
Não bastou, porém, a Deus fazer seu filho indicar o caminho; quis que ele mesmo fosse o caminho, a fim de te deixares conduzir por ele, caminhando sobre ele próprio.
Para isso, o Filho único de Deus deveria vir ao encontro dos homens e assumir a natureza humana. Tornando-se homem, deveria morrer, ressuscitar, subir aos céus, sentar-se à direita do Pai e realizar entre os povos o que prometera. E, depois da realização de suas promessas entre os povos, cumprirá também a de voltar para pedir contas de seus dons, separando os que merecerão a sua ira ou sua misericórdia, tratando os ímpios como ameaçara e os justos como prometera.
Tudo isso devia ser profetizado, anunciado e recomendado, para que, ao suceder, não provocasse medo com uma vinda inesperada, mas ao contrário, sendo objeto da nossa fé, o fosse também por uma ardente esperança.







Quinta-feira da 2ª Semana do Advento



Do Livro do Profeta Isaías 26,7-21
Cântico dos justos e promessa de ressurreição
7 O caminho do justo é reto,
e tu ainda aplainas a estrada ao justo.
Sim, no caminho dos teus juízos
esperamos em ti, Senhor:
para o teu nome e para a tua memória
volta-se o nosso desejo.
Quando vem a noite anseia por ti a minh’alma
e com a força do espírito te procuro no meu íntimo.
Quando brilharem na terra teus juízos,
os habitantes do mundo aprenderão a ser justos.
10 
Dá-se perdão ao mau,
e ele não aprende a ser justo;
no país da retidão comporta-se mal
e não sente a presença da majestade de Deus.
11 
Ergues a mão, Senhor, mas essa gente não a vê;
que se envergonhem, vendo o teu zelo pelo povo,
e o fogo dos teus inimigos a devorá-los.
12
 Senhor, hás de dar-nos a paz,
como nos deste a mão em nossos trabalhos.
13
 Senhor, nosso Deus, outros senhores
em tua ausência nos dominaram;
queremos lembrar-nos somente do teu nome.
14 
Os mortos não reviverão,
os falecidos não ressuscitarão;
pois que os castigaste e destruíste,
e apagaste toda a memória deles.
15 
Fizeste crescer o povo, Senhor,
fizeste-o crescer e foste glorificado;
estendeste todas as fronteiras de sua terra.
16 
Senhor, eles a ti recorreram na angústia;
exageraram na superstição
e veio-lhes o teu castigo.
17 
Como a mulher grávida, ao aproximar-se o parto,
geme e chora em suas dores,
assim nós, Senhor, em tua presença.
18
 Concebemos e sofremos dores de parto,
e o que geramos foi vento.
Não demos à terra frutos de salvação,
não fizemos nascer habitantes para o mundo.
19
 Reviverão os teus mortos
e se levantarão também os meus mortos.
Despertai, cantai louvores, vós que jazeis no pó!
Senhor, é orvalho de luz o teu orvalho,
e a terra trará à luz os falecidos.
20 
Vai, povo meu, entra em casa,
deixa as portas fechadas,
fica escondido um pouquinho
até que passe a minha ira.
21 
Eis que o Senhor sairá de sua morada
para punir a maldade dos habitantes da terra contra ele;
e a terra mostrará quanto sangue derramou
e não esconderá mais os seus assassínios.



Meditação de Padre Fernando Cardoso

Comentário Padre José Humberto
Caros irmãos vocês tem um dos Sermões de São Pedro crisólogo, bispo, (séc. V).  “O amor deseja ardentemente ver a Deus”. Fascina quem ler o seu texto, fascina quem se deixa guiar pelo sentimento que o santo bispo expressa na letra que fala, fascina, porque a razão da vinda do Verbo de Deus é o amor.  “Vendo o mundo oprimido pelo temor, procuras continuadamente chamá-lo com amor”. “Fez isto, quando chamou Noé para gerar um mundo novo, mundo onde reina o amor; fez isto quando chamou o pai Abraão e se faz peregrino com ele para que ‘aprendesse a amar a deus e não mais a temê-lo, a honralo com amor e não com medo”. Quando consola Jacó no combate e na luta. Fez isto ,quando chama Moisés para ser instrumento de libertação. São eloqüentes as palavras do santo bispo. “o amor se não alcança o que deseja, chega a matar o que ama”. Agora me calo e medite o sermão do santo bispo com estas perguntas: você ama a Deus?, Deseja a Deus?, Busca a Deus?. Não diga com os lábios, mas com toda a sua vida.
Pe. Humberto
Textos Patrísticas

Segunda leitura
Dos Sermões de São Pedro Crisólogo, bispo
(Sermo 147: PL, 52, 594-595)
(Séc. V)
O amor deseja ardentemente ver a Deus
Vendo o mundo oprimido pelo temor, Deus procura continuamente chamá-lo com amor, convidá-lo com a sua graça, segurá-lo com a caridade, abraçá-lo com afeto.
Por isso, purifica com o castigo do dilúvio a terra que se tinha inveterado no mal; chama Noé para gerar um mundo novo; encoraja-o com palavras afetuosas, concede-lhe sua confiante amizade, o instrui com bondade acerca do presente e anima-o com sua graça a respeito do futuro. E já não se limita a dar-lhe ordens mas, tomando parte no seu trabalho, encerra na arca toda aquela descendência que havia de perdurar por todos os tempos, para que esta aliança de amor acabasse com o temor da servidão e se conservasse na comunhão de amor o que fora salvo com a comunhão de esforços.
Por esse motivo chama Abraão dentre os pagãos, engrandece seu nome, torna-o pai dos crentes, acompanha-o em sua viagem, protege-o entre os estrangeiros, cumula-o de bens, exalta-o com vitórias, dá-lhe a garantia de suas promessas, livra-o das injúrias, torna-se seu hóspede, maravilha-o com o nascimento de um filho que ele já não podia esperar. Tudo isso a fim de que, cumulado de tantos benefícios, atraído pela grande doçura da caridade divina, aprendesse a amar a Deus e não mais temê-lo, a honrá-lo com amor e não com medo.
Por isso também, consola em sonhos a Jacó quando fugia, desafia-o para um combate em seu regresso e na luta aperta-o nos braços, para que não temesse, porém, amasse o instigador do combate.
Por isso ainda, chama Moisés na própria língua e fala-lhe com afeto paterno, convidando-o a ser o libertador de seu povo.
Em todos esses fatos que relembramos, de tal modo a chama da caridade divina inflamou o coração dos homens e o inebriamento do amor de Deus penetrou os seus sentidos que, cheios de afeto, começaram a desejar ver a Deus com os olhos do corpo.
Deus, que o mundo não pode conter, como o olhar limitado do homem o abrangeria? Mas o que deve ser, o que é possível, não é a regra do amor. O amor ignora as leis, não tem regra, desconhece medida. O amor não desiste perante o impossível, não desanima diante das dificuldades.
O amor, se não alcança o que deseja, chega a matar o que ama; vai para onde é atraído, e não para onde deveria ir. O amor gera o desejo, cresce com ardor e pretende o impossível. E que mais?
O amor não pode deixar de ver o que ama. Por isso todos os santos consideravam pouca coisa toda recompensa, enquanto não vissem a Deus.
Por isso mesmo, o amor que deseja ver a Deus, vê-se impelido, para além de todo raciocínio, pelo fervor da piedade.
Por isso Moisés se atreve a dizer: Se encontrei graça na vossa presença, mostrai-me o vosso rosto (Ex 33,13.18). Por isso, diz também o salmista: Não me escondais a vossa face (Sl 26,9). Por isso, enfim, até os próprios pagãos, no meio de seus erros, modelaram ídolos, para poderem ver com seus próprios olhos o objeto de seu culto

Sexta-feira da 2ª Semana do Advento



Do Livro do Profeta Isaías 27,1-13

O Senhor vai cultivar novamente sua vinha
1 Naquele dia, o Senhor desembainhará
sua espada aguçada, forte e grande
contra o monstro Leviatan,
serpente fugidia e disforme,
e matará o dragão do mar.
Haverá, naquele tempo, uma bela vinha;
tecei louvores a ela!
Eu, o Senhor, sou quem toma conta dela;
a cada momento a estou regando;
para que não venha a sofrer danos,
tomo conta dela noite e dia.
Não tenho motivos para queixas.
E se me forem mostrados espinhos e sarças?
Vou à guerra contra ela,
posso até mesmo queimá-la,
a não ser que aceite meus cuidados
e faça a paz comigo,
isto mesmo, a paz comigo.
6
 Nos tempos futuros, Jacó lançará raízes,
Israel germinará e florescerá,
se encherá de frutos a face da terra.
7
 Acaso Deus o feriu
na medida das chagas que o inimigo lhe infligiu?
Ou sofreu a morte na medida em que sofreu dos inimigos?
Pune-os com brandura, se os rejeita;
impele-os com o seu sopro violento,
enquanto sopra o vento leste.
Assim será perdoado o pecado de Jacó,
e este será o fruto do perdão de suas faltas:
reduzir todas as pedras do altar
a pedaços de pedra-cal,
para que não mais existam bosques sagrados e colunas.
10 
A cidade fortificada foi destruída,
e o casario, abandonado e feito deserto;
o gado aí vem pastar,
aí vem pernoitar e comer as ramadas.
11
 Devido à estiagem, os galhos secos são cortados
e as mulheres os recolhem para queimar.
Se o povo não tem sabedoria,
aquele que o fez não se compadecerá dele,
aquele que o criou não lhe perdoará.
12 
Naquele dia, o Senhor baterá as espigas,
desde o rio até à torrente do Egito;
e vós, filhos de Israel,
sereis enfeixados um a um.
13 
Naquele dia, soará a grande trombeta
e voltarão os remanescentes da terra assíria,
e os desterrados da terra egípcia;
eles adorarão o Senhor no santo monte de Jerusalém.



Meditação de Padre Fernando Cardoso

Comentário Padre José Humberto
O presente texto é de Santo Irineu, bispo (séc. II). Nele faz o paralelo entre Eva e Maria. O primeiro paralelo é acerca da desobediência da primeira Eva e da obediência da Virgem Maria, a nova Eva. A primeira trouxe o pecado e a morte, a segunda a graça e a salvação vinda de Cristo, novo Adão. Ambas seduzidas, mas somente a Virgem Maria venceu o tentador. ”Uma deixou-se seduzir de modo a desobedecer a Deus, a outra se deixou persuadir a obedecer-lhe”. O texto do santo bispo é tão expressivo que afirma que o senhor que vai chegar no natal declara guerra ao pecado para libertar Ada homem da situação de pecado e de morte que o pecado trouxe. No proto-evangelho Deus já anuncia a vinda do salvador , depois da queda do homem, e neste anuncio a Virgem Maria já se faz presente no Plano de salvação , conforme as palavras do livro do Genesis 3,15.  Mas quem é este descendente que o texto faz referencia? Como ele vencerá? Lendo o texto de santo Bispo voce encontrará a resposta. Boa leitura! Bom advento com Maria, Mae do senhor.
Pe. Humberto
Textos Patrísticas

Segunda leitura
Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo
(Lib. 5,19,1; 20,2; 21,1: SCh 153, 248-250,260-264)
(Séc. II)

Eva e Maria
Quando o Senhor veio de modo visível ao que era seu, levado pela própria criação que ele sustenta, tomou sobre si, por sua obediência, na árvore da cruz, a desobediência cometida por meio da árvore do paraíso. A sedução de que foi vítima, miseravelmente, a virgem Eva, destinada ao primeiro homem, foi desfeita pela boa-nova da verdade, maravilhosamente anunciada pelo anjo à Virgem Maria, já desposada com um homem.
Assim como Eva foi seduzida pela conversa de um anjo e afastou-se de Deus, desobedecendo à sua palavra, Maria recebeu a boa-nova pela anunciação de outro anjo e mereceu trazer Deus em seu seio, obedecendo à sua palavra. Uma deixou-se seduzir de modo a desobedecer a Deus, a outra deixou-se persuadir a obedecer-lhe. Deste modo, a Virgem Maria tornou-se advogada da virgem Eva.
Por conseguinte, recapitulando em si todas as coisas, o Senhor declarou guerra contra o nosso inimigo. Atacou e venceu aquele que no princípio, em Adão, fez de todos nós seus prisioneiros; e esmagou sua cabeça, conforme estas palavras, ditas por Deus à serpente, que se lêem no Gênesis: Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça enquanto tu tentarás ferir o seu calcanhar (Gn 3,15).
Desde esse momento, pois, foi anunciado que a cabeça da serpente seria esmagada por aquele que, semelhante a Adão, devia nascer de uma virgem. É este o descendente de que fala o Apóstolo na sua Carta aos Gálatas: A lei foi estabelecida até que chegasse o descendente para quem a promessa fora feita (cf. Gl 3,19).
Na mesma Carta, o Apóstolo se exprime ainda com mais clareza, ao dizer: Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher (Gl 4,4). O inimigo não teria sido vencido com justiça se o homem que o venceu não tivesse nascido de uma mulher, pois desde o princípio ele tinha se oposto ao homem, dominando-o por meio de uma mulher.
É por isso que o próprio Senhor declara ser o Filho do homem, recapitulando em si aquele primeiro homem a partir do qual foi modelada a mulher. E assim como pela derrota de um homem o gênero humano foi precipitado na morte, pela vitória de outro homem subimos novamente para a vida.

Sábado da 2ª Semana do Advento



Do Livro do Profeta Isaías 29,1-8
O juízo de Deus sobre Jerusalém
Ai de ti, Ariel, Ariel,
cidade que Davi sitiou!
Junte-se ano a ano,
girem os ciclos das festas,
depois eu farei cercar Ariel;
haverá grande tristeza e aflição
e ela será para mim como “Ariel”.
3
 Vou rodear-te como num círculo completo,
e levantar trincheiras ao teu redor
e fortificações para o assédio.
4
 Serás humilhada; falarás do chão,
a tua voz a custo se ouvirá desde o pó;
– como uma voz espectral da terra.
A tua fala é um sussurro que vem do solo.
A multidão dos teus inimigos será como poeira fina
e a soldadesca, como cisco voando.
Mas de repente, num instante,
chegará a visita do Senhor dos exércitos,
com trovões e tremores de terra,
grandes estrondos, ventos e tempestades,
e incêndios devastadores.
7
 Será como o sonho de uma visão noturna
essa multidão dos que combatem contra Ariel,
contra ela e suas fortificações,
contra todos os seus opressores.
Como o faminto que sonha estar comendo
e sente, ao despertar, o estômago vazio;
e como o sedento que sonha estar bebendo
e, depois de acordar, sente o aperto da sede
sobre o estômago vazio;
assim estará a multidão de todos os povos
que guerreiam contra o monte Sião.




Meditação de Padre Fernando Cardoso
Comentário Padre José Humberto
Continuamos a nossa meditação com Maria e quem nos ajuda é o bem–aventurado Isaac, abade do Mosteiro de Stella, do séc. XII. Agora o paralelo é com Maria e a Igreja. Todos os textos da escritura que se referem à Virgem  Maria se aplicam a Igreja. Se em Maria tem aplicação perfeita, na igreja, ou seja, em cada membro buscamos a perfeição, cumprindo o mandado do Senhor: “sede perfeito como o Pai do céu é perfeito”. Cada pessoa é chamada a ser um só com o senhor que nos associa a sua natureza e se une a nossa. “o Filho de Deus é o primogênito dentre muitos irmãos; sendo Filho único por natureza, associou a si pela graça, para serem um só com ele.”. Assim como Cristo (cabeça) e os membros formam pelo vínculo do Espírito um só Filho, assim também a Maria e a Igreja são uma só Mãe e muitas mães. Cristo habitou e veio da Virgem Maria e do Espírito Santo, assim também Cristo eucarístico habita em cada fiel para sempre pelo poder do Espírito santo. Agora medite o magnífico texto com os olhos em você “sou igreja’ e a Virgem Maria “modelo de ser Igreja’ na preparação a vinda do natal.
Pe. Humberto

Textos Patrísticas

Segunda leitura
Dos Sermões do Bem - aventurado Isaac, abade do Mosteiro de Stella
(Sermo 51: PL 194, 1862-1863.1865)
(Séc. XII)
Maria e a Igreja
O Filho de Deus é o primogênito dentre muitos irmãos; sendo Filho único por natureza, associou a si muitos pela graça, para serem um só com ele. Com efeito, a quantos o recebem, deu-lhes capacidade de se tornarem filhos de Deus (Jo 1,12).
Constituído Filho do homem, a muitos constituiu filhos de Deus. Ele, o Filho único, por seu amor e poder associou muitos a si. E todos esses, embora sejam muitos por sua geração segundo a carne, são um só com ele pela regeneração divina.
Um só, portanto, é o Cristo total, cabeça e corpo: Filho único do único Deus nos céus e de uma única mãe na terra. Muitos filhos, e um só Filho. Pois assim como a cabeça e os membros são um só Filho, assim também Maria e a Igreja são uma só Mãe e muitas mães; uma só Virgem e muitas virgens.
Ambas são mães e ambas são virgens; ambas concebem virginalmente do mesmo Espírito; ambas, sem pecado, dão à luz uma descendência para Deus Pai. Maria, imune de todo pecado, deu à luz a Cabeça do corpo; a Igreja, para a remissão de todos os pecados, deu à luz o corpo da Cabeça. Ambas são mães do Cristo, mas nenhuma delas pode, sem a outra, dar à luz o Cristo total.
Por isso, nas Escrituras divinamente inspiradas, o que se atribui de modo geral à Igreja, virgem e mãe, aplica-se particularmente a Maria. E o que se atribui especialmente a Maria, virgem e mãe, pode-se com razão aplicar de modo geral à Igreja, virgem e mãe; e quando o texto se refere a uma delas, pode ser aplicado indistinta e indiferentemente a uma e à outra.
Além disso, cada alma fiel é igualmente, a seu modo, esposa do Verbo de Deus, mãe de Cristo, filha e irmã, virgem e mãe fecunda. É a própria Sabedoria de Deus, o Verbo do Pai, que designa ao mesmo tempo a Igreja em sentido universal, Maria num sentido especial e cada alma fiel em particular.

Eis o que diz a Escritura: E habitarei na herança do Senhor (cf. Eclo 24,7.13). A herança do Senhor é, na sua totalidade, a Igreja, muito especialmente é Maria, e de modo particular, a alma de cada fiel. No tabernáculo do seio de Maria, o Cristo habitou durante nove meses; no tabernáculo da fé da Igreja, habitará até o fim do mundo; e no amor da alma fiel, habitará pelos séculos dos séculos.

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