AS TENCACOES DE JESUS ( 05 DE MARCO)
As tentações de Jesus
Vamos
meditar os textos em forma de leitura Orante e depois convido você a meditar a
rica homilia de Dom Henrique. É riqueza espiritual para quem verdadeiramente se
prepara para santa páscoa do Senhor. Antes convido com insistência a tomar os
textos e meditar comigo na sua integralidade.
DEUS E A HUMANIDADE
INTEGRADA COM A CASA COMUM
O Plano divino da Salvação:
“Deus Pai nos escolheu e predestinou em Cristo desde toda a eternidade a filiação (
cf. Ef 1,3-6.11-12). Ele me teceu no ventre materno e me consagrou para E me
consagrou missão. ( cf. Jr 1,4-5; Salmo
138). Sou uma obra de Deus única!
Deus
cria por amor: “No principio Deus criou o céu e a terra” (Gn 1,1). Ele pôs um
começo a tudo que existe fora dele. Só Ele cria. Tudo ser
existe na sua essência depende do Ser
de Deus. Com esta solenidade confessando “creio em Deus Pai Todo –Poderoso
do céu e da terra “ “de todas as coisas visíveis e invisíveis” (Símbolo
Apostólico).
A criação é o começo da História da
Salvação, que culmina
em Cristo. ‘No principio era o Verbo... e o Verbo era Deus...Tudo foi feito por
e e, e sem ele nada foi feito (Jo 1,1-3). Deus cria tudo pó meio da Palavra
Eterna. “nele (Em Cristo)foram criadas todas as coisas no céu e na terra (Cl
1,16-170. “Desde o inicio , Deus tinha
em vista a glória da nova criação em Cristo (Rm 8,18-23).
Deus
criou o mundo para manifestar e para comunicar sua glória. Que suas criaturas
participem de sua verdade, de sua bondade e de sua beleza, é a gloria para a qual deus as criou. Não só criou o universo , mas
mantém a sua existência todo ser no
Verbo da Vida (hb 1,3) e pelo Espirito criador que dá a
vida (Gn 2,7).
Pergunta Santa Catarina: Quem é, pois, o ser que vai vir á existência cercado
de tal consideração? É o homem, grande e dairada
figura viva, mais preciosa aos olhos de Deus do que a criação inteira: é o
homem é para ele que existem o céu e a terra e o mar e a totalidade da criação,
é a salvação dele que deus atribuiu
tanta importância que nem sequer poupou o seu Filho único (Jo 3,16).
O
homem no paraíso: o homem foi criado integrado com o univers. Deus Soprou-lhe nas narinas o sopro da vida e o homem tornou-se um
ser vivente”. (Gn 2,7).Colocou-o no jardim ado Éden (casa
comum). Vivem num estado de santidade e justiça original.
Jardim sinala da familiaridade de
Deus; “o sinal da familiaridade com Deus é o fato de Deus o colocar no Jardim
(Gn 2,15). Lá vive para cultiva-lo e guarda-lo. chamado a ser plenamente homem: feliz
na comunhão com Deus, feliz em ter no seu Deus sua plenitude e sua vida.
A
QUEDA E ENTRADA DO PECADO NO MUNDO COM
SUAS CONSEQUENCIAS
Esta
queda consiste na opção livre (criados anjos bons, tornaram-se maus livremente)
desses espíritos criados, que rejeitaram radical e irrevogalmente a Deus e o
seu reino.
O
diabo é pecador desde o principio (1Jo3,8, “pai da mentira” (Jo 8,44).
“Homicida” (Jo 8,44). Semeador do reino de trevas.
O
Diabo seduz o homem primeiro distorce o preceito de Deus (“É verdade que Deus vos disse: ‘Não comereis de nenhuma das árvores
do jardim’?”).
Semeia a desconfiança no coração do
homem e o sentimento de inferioridade: :“Não!
Vós não morrereis! Vossos olhos se abrirão e sereis como Deus, conhecendo o bem
e o mal!”
MUNDO:
pergunta profunda que inquenta toda alma que vem a este mundo. De onde vem o
mal! O “mistério da iniquidade’ (2Ts 2,7) só se explica á luz do “Mistério da piedade” (1Tm3,16). O pecado entrou no mundo por um
só homem. Através do pecado, entrou a morte. E a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”.
A
revelação do amor divino em Cristo manifestou-se a extensão do mal e a
superabundância da graça (Rm 5,20). É
preciso conhecer a Cristo como fonte para conhecer Adão como fonte do pecado.
É
o Espírito- paraclito, enviado por Cristo ressuscitado, que veio estabelecer ‘a
culpabilidade do mundo a respeito do pecado (cf.1Jo 16).
JESUS NOVO ADÃO:
Então,
nosso destino é a morte? Não há saída para a humanidade? O mistério da iniquidade
destruiu o mistério da piedade? Não! De modo algum!
Jesus Cristo, novo Adão é nossa vitória acontecida plenamente
na páscoa. “A transgressão de um só levou
a multidão humana à morte; mas foi de
modo bem superior que a graça de Deus… concedida através de Jesus Cristo, se derramou em abundância sobre todos. Por
um só homem a morte começou a reinar. Muito mais reinarão na vida, pela
mediação de um só, Jesus Cristo, os que recebem o dom gratuito e superabundante
da justiça”
Em
Cristo revelou o amor de Deus salvador (Jo 3,16)Pela Obediência de Cristo é
reparada a desobediência de antigo Adão, homem carnal, pela morte de Cristo na
arvore da vida temos acesso ao fruto bendito concedido da páscoa, o espírito
que nos dar vida nova e nos perdoa. Assim em Cristo o homem é justificado e,
portanto, vive do espírito.
Mas,
esta salvação em Jesus teve alto preço: a encarnação do Filho de Deus e sua humilde obediência,
até a morte e morte de cruz. (Fil 2,5-11). Não consente na desobediência que
Adão sucumbira, que Israel também sucumbira. Ele acolheu a proposta do Pai.
Ele
se fez obediente: à
glória do pão (dos bens materiais, dos prazeres, do conforto) ele preferiu a
Palavra do Pai como único sentido e única orientação de sua vida;
À
glória do sucesso (a honra, a fama, o aplauso), ele preferiu a humildade de
não tentar Deus;
À
glória do poder (da
força, das amizades poderosas e influentes, do prestígio político para impor e
conseguir tudo) ele preferiu o compromisso absoluto e total com o Absoluto de
Deus somente. Cristo, homem, novo, novo Adão que traz vida nova para todos.
O CAMINHO DE CRISTO É O NOSSO CAMINHO.
Obediência ao Pai escolher a fazer a vontade do Pai “seja feita a vossa vontade”, combater o pecado e as
tentações com as armas da Palavra de Deus, com a pratica das obras de
misericórdia, com um retiro espiritual, com a firma decisão de voltar para si e
voltar para Deus. Convertamo-nos ao senhor. Reze esta prece:
“Concedei-nos,
ó Deus onipotente, que, ao longo desta quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder ao
seu amor por uma vida santa”. Amém.
Gn 2,7-9; 3,1-7
Sl 50
Rm 5,12-19
Mt 4,1-11
Sl 50
Rm 5,12-19
Mt 4,1-11
Logo no início deste santo caminho
para a Páscoa, a Palavra de Deus nos desvenda dois mistérios tremendos: o
mistério da piedade e o mistério da iniqüidade! Esses dois mistérios atravessam
a história humana e se interpenetram misteriosamente; dois mistérios que nos
atingem e marcam nossa vida, e esperam nossa decisão, nossa atitude, nossa
escolha! Um é mistério de vida; o outro, mistério de morte.
Comecemos
pelo mistério da iniqüidade: “O pecado entrou no mundo por
um só homem. Através do pecado, entrou a morte. E a morte passou a todos os
homens, porque todos pecaram”. Eis! A vida que vivemos, a vida da
humanidade é uma vida de morte, ferida por tantas contradições, por tantas
ameaças físicas, psíquicas, morais… Viver tornou-se uma luta e, se é verdade
que a vida vale a pena ser vivida, não é menos verdade que ela também tem muito
de peso, de dor, de pranto, de fardo danado. Mas, como isso foi possível?
Escutemos a primeira leitura: “O
Senhor Deus formou o homem do pó da terra, soprou-lhe nas narinas o sopro da
vida e o homem tornou-se um ser vivente”. Somos obra de Deus, do
seu amor gratuito: do nada ele nos tirou e encheu-nos de vida. Mais
ainda: “O Senhor Deus plantou um
jardim em Éden, ao oriente, e ali pôs o homem que havia formado”.
Vede: o Senhor não somente nos tirou do pó do nada, não somente nos encheu de
vida; também nos colocou no jardim de delícias, pensou nossa vida como vida de
verdade toda banhada pela luz do oriente. E mais: nosso Deus passeava no jardim
à brisa do dia (cf. Gn 3,8), como amigo do homem. Eis o mistério da piedade, o
projeto que Deus concebeu para nós desde o início, apresentado pela Palavra de
modo poético e simbólico: um Deus que é Deus de amor, de ternura, de carinho,
de respeito pela sua criatura, com a qual ele deseja estabelecer uma parceria;
um homem chamado a ser plenamente homem: feliz na comunhão com Deus, feliz em
ter no seu Deus sua plenitude e sua vida; homem plenamente homem nos limites de
homem. O homem é homem, não é Deus! Somente o Senhor Deus é o Senhor do Bem e
do Mal. Por isso as duas árvores no Éden: a do conhecimento do Bem e do Mal
(isto é, o poder de decidir por si mesmo o que é bem ou mal, certo ou errado) e
a árvore da Vida (da vida plena, da vida divina). Se o homem confiasse em Deus,
se cumprisse seu preceito, se reconhecesse seus limites, um dia comeria do
fruto da árvore da Vida…
Mas, o
homem foi seduzido; é seduzido inda agora: deseja ser seu próprio Deus, sem
nenhum limite, sem nenhuma abertura à graça! Somente sua vontade lhe importa,
somente sua medida! Hoje, como no princípio, ele pensa que é a medida de todas
as coisas! Eis aqui o seu pecado! O Diabo o seduz: primeiro distorce o preceito
de Deus (“É verdade que Deus vos disse:
‘Não comereis de nenhuma das árvores do jardim’?”), semeando no
coração do homem a desconfiança e o sentimento de inferioridade; depois, mente
descaradamente:“Não! Vós não morrereis! Vossos
olhos se abrirão e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal!” Ser como Deus, decidindo de modo
autônomo o que é certo e o que é errado; decidindo que a libertinagem é um bem,
que as aventuras com embriões humanos, que o aborto, que a infidelidade feita
de preservativos, são um bem… Decidindo loucamente que levar a sério a religião
e a Palavra de Deus é um mal… Ser como Deus… Eis nosso sonho, nossa loucura,
nossa mais triste ilusão! Tudo tão atraente, tudo tão apto para dar
conhecimento, autonomia, felicidade… O resultado: os olhos dos dois se abriram:
estavam nus… estamos nus… somos pó e, por nós mesmos, ao pó tornaremos,
inapelavelmente!
Então, nosso destino é a morte? Não há
saída para a humanidade? O mistério da iniqüidade destruiu o mistério da
piedade? Não! De modo
algum! Ao contrário: revelou-o ainda mais: “A transgressão de um só levou a multidão humana à morte; ma foi
de modo bem superior que a graça de Deus… concedida através de Jesus Cristo, se
derramou em abundância sobre todos. Por um só homem a morte começou a reinar.
Muito mais reinarão na vida, pela mediação de um só, Jesus Cristo, os que
recebem o dom gratuito e superabundante da justiça”. Eis aqui o
mistério tão grande, o mistério da piedade, o centro da nossa fé: em Cristo
revelou-se todo o amor de Deus para conosco; pela obediência de Cristo a nossa
desobediência é redimida; pela morte de Cristo na árvore da cruz, nós temos
acesso ao fruto da Vida, da Vida plena, da Vida em abundância, da Vida que
nunca haverá de se acabar! Pela obediência de Cristo, pelo dom do seu Espírito,
nós temos a vida divina, nós somos divinizados, somos, por pura graça, aquilo que
queríamos ser de modo autônomo e soberbo! Assim, manifestou-se a justiça de
Deus: em Jesus morto e ressuscitado por nós – e só nele! – a humanidade
encontra vida!
Mas,
esta salvação em Jesus teve alto preço: a encarnação do Filho de Deus e sua humilde obediência,
até a morte e morte de cruz. O Senhor desfez o nó da nossa desobediência, da
nossa auto-suficiência, da nossa prepotência, renunciando ser o senhor de sua
existência humana: ele acolheu a proposta do Pai, ele se fez obediente: à
glória do pão (dos bens materiais, dos prazeres, do conforto) ele preferiu a
Palavra do Pai como único sentido e única orientação de sua vida; à glória do
sucesso (a honra, a fama, o aplauso), ele preferiu a humildade de não tentar
Deus; à glória do poder (da força, das amizades poderosas e influentes, do
prestígio político para impor e conseguir tudo) ele preferiu o compromisso
absoluto e total com o Absoluto de Deus somente. Assim, Cristo Jesus, o Homem
novo, o novo Adão (de quem o primeiro era somente figura e sombra) abriu-nos o
caminho da obediência que nos faz retornar ao Pai!
Este
é também o nosso caminho.
Nossa vocação é entrar, participar, da obediência de Cristo pela oração, a
penitência e a caridade fraterna para sermos herdeiros de sua vitória pascal!
Este sagrado tempo que estamos iniciando é tempo de combate espiritual, para
que voltemos, pelo caminho da obediência Àquele de quem nos afastamos pela
covardia da desobediência. Convertamo-nos, portanto! Deixemos a teimosia e a
ilusão de achar que nos bastamos a nós mesmos! Sinceramente, abracemos os
sentimentos de Cristo, percorramos o caminho de Cristo, convertamo-nos a
Cristo!
Concluamos
com as palavras da Coleta de hoje: “Concedei-nos,
ó Deus onipotente, que, ao longo desta quaresma, possamos progredir no conhecimento
de Jesus Cristo e corresponder ao seu amor por uma vida santa”.
Amém.
D.
Henrique Soares da Costa
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