Homilia: Quarto Domingo do Tempo Comum Ano B

HOMILIA DO QUARTO DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B

Caros irmãos a nossa atenção na presente homilia é para o sentido do novo ensinamento de Jesus e o seu efeito em cada pessoa que acolhe e que testemunha. Mas por que o seu ensinamento causa tanta admiração no povo? o texto sagrado responde porque o seu falar era com autoridade.  A admiração que Jesus causa não é apenas  por ser um rabi, um mestre da lei como outros tantos. Ele não fala a partir de outros mestres, como os fariseus falavam a partir de ouros. Jesus fala a partir de si próprio e da sua relação filial íntima com Deus Pai. Não tenho dúvida de que a palavra educa, mas a educação se faz também com as atitudes concretas, pois a palavra sem obra é como o corpo sem a alma.
Deus outrora falava pela voz dos profetas e de muitos modos (cf. Hb 1,1) e nunca deixou faltar a palavra eficaz dos profetas ao povo de Israel. Promete ao seu povo um profeta pela boca de Moisés. “O Senhor teu Deus fará surgir para ti, da tua nação e do meio de teus irmãos, um profeta como eu: a ele deverás escutar!” Moisés é o guia do povo de Israel, o instrumento da libertação, o intercessor em favor do povo na peregrinação de Israel, através dele vem a lei do Senhor que educa o povo na justiça e na liberdade. Ele faz um anuncio que alimentará sempre a peregrinação de Israel e a sua esperança. Deus suscitará um profeta como eu. João, o precursor de Jesus, no nascimento, no ministério da palavra e no testemunho heróico se identifica de tal maneira com o Filho de Deus que muitos judeus confundem a natureza de sua identidade e questionam: “És tu o Profeta que esperamos ou devemos esperar outro?” (Jo 1,21), isto é, “És o Profeta prometido por Moisés?”
Ora, meu caro irmão peregrino, depois do profeta João, Deus vem pessoalmente, não envia mensageiro. Agora nestes últimos tempos, vem falar pessoalmente pelo seu filho. “Este é meu filho amado, escutai-o’.  Ele, novo Moisés anuncia  uma nova lei que consiste a amar a Deus e amar o próximo. “Como eu vos amei amais –vos uns aos outros’.  A sua palavra é nova porque sempre produz efeito de salvação em quem o recebe.    “Jesus apareceu aos olhos dos Judeus e dos seus chefes espirituais como um «rabbi» (365). Muitas vezes argumentou, no quadro da interpretação rabínica da Lei (366). Mas, ao mesmo tempo, Jesus tinha forçosamente de Se confrontar com os doutores da Lei porque não Se contentava com propor a sua interpretação a par das deles: «ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas» (Mt 7, 28-29). N'Ele, era a própria Palavra de Deus, que Se fizera ouvir no Sinai, para dar a Moisés a Lei escrita, que de novo Se fazia ouvir sobre a montanha das bem-aventuranças (367). Esta Palavra de Deus não aboliu a Lei, mas cumpriu-a, ao fornecer, de modo divino, a sua interpretação última: «Ouvistes que foi dito aos antigos [...] Eu, porém, digo-vos» (Mt 5, 33-34). Com esta mesma autoridade divina, desaprova certas «tradições humanas» (368) dos fariseus, que «anulam a Palavra de Deus» (CIC n. 581).
João Batista era a voz a serviço da Palavra, você é  seguidor de Jesus, é a voz que continua ecoando o seu Evangelho, mas Jesus é a Palavra definitiva do Pai para a humanidade. Palavra que produz o que diz. Isto é meu corpo e assim produz o seu corpo, eu te absorvo e assim produz o perdão e o efeito do perdão, a paz interior e a reconciliação. Por isso os milagres (sinais) realizados por Jesus testemunham que o Pai o enviou. Convidam a crer nEle. “Ao libertar certos homens dos males terrenos da fome , da injustiça  da doença e da morte  – Jesus realizou sinais messiânicos; no entanto, Ele não veio para abolir todos os males deste mundo , mas para libertar os homens da mais grave das escravidões, a do pecado , que os impede de realizar a sua vocação de filhos de Deus e é causa de todas as servidões humanas”. (CIC, n. 549).
Meus caros, se Jesus é essa Palavra potente, Palavra de vida, então viver sua Palavra é encontrar verdadeiramente a vida e a liberdade. Escutá-lo e segui-lo é causa de alegria e salvação. Não escutá-lo é causa de perdição e profunda tristeza. “Porei em sua boca as minhas palavras e ele lhes comunicará tudo o que eu lhe mandar. Eu mesmo pedirei contas a quem não escutar as minhas palavras que ele pronunciar em meu nome”. O próprio senhor disse: “Eu sou a luz do mundo quem me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12), e ainda, ele é o pão da vida que nos enche de vida divina. Não se pode viver sem a palavra da vida nem o pão da vida eterna, embora muitos no mundo queiram afastar-se do Senhor com a falsa ideia de uma autonomia. Os cristãos sabem que sem Jesus não há luz, não há esperança, não há felicidade. Ele nos fala pela palavra de vida e pelo Espírito Santo.
É tão grande a experiência do encontro com a Palavra, que é Cristo, que Paulo Apostolo relativiza e renuncia o que é natural a todo homem e a toda mulher, o  enlace  do ato matrimonial. Ele renuncia a tal ato não por um ato egoísta, mas por amor e por causa do Reino de Deus. Ele explica as vantagens para se ocupar com mais liberdade das coisas de Deus, pois o casado fica dividido nas ocupações e pode se dedicar a uma em prejuízo da outra. É um conselho de Paulo não para limitar a liberdade, mas para nos deixar mais livre e mais consciente da missão evangelizadora. O celibato assumido interiormente é um testemunho profético e faz memória aos casados a relatividade do seu estado, ajudando-os, no meio de suas preocupações, a conservarem, também eles, o sadio relativismo de tudo que é deste mundo, inclusive a sua família. No Reino de Deus nem homem nem mulher se dão em matrimonio. Seremos como os anjos.
Termino com uma magnífica oração de São Francisco: “Te peço, ó Senhor; que a ardente e doce força do teu amor arrebate a minha mente de todas as coisas que estão sob o céu, par que eu morra por amor do teu amor, como tu te dignaste morrer por amor do meu amor”.

Pe. Humberto


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