Nota Introdutória

ADVENTO TEMPO DE ESPERA
 

Nota Introdutória
Caro paroquiano a vocês apresento o essencial da Liturgia do tempo do Advento. Uma brevíssima nota histórica, a sua dinâmica espiritual, os modelos de espera dos personagens bíblicos do advento, as atitudes espirituais esperadas, as quais deverão ser cultivadas sempre pelos fies seguidores de Cristo, as orientações pastorais para as equipes de celebração. Uma coisa é certa: a comunidade que não prepara bem a liturgia do advento, não celebra bem o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. A liturgia é o meio por excelência para que tal objetivo seja alcançado. Não duvide, mas creia.


Pequena Nota histórica:
As verdadeiras origens do advento são incertas e as informações que nos chegaram são escassas. É necessário fazer a destinação de elementos relativos a práticas de caráter ascéticas de outros de natureza litúrgica. A salvação é realidade do passado, do presente e do futuro.  È acontecimento de Salvação já realizado, mas que caminha á Plenitude. A vinda de Jesus “já aconteceu”, mas a sua vinda gloriosa “ainda não’, mas acontecerá no fim dos tempos, como prometido por Deus Pai e esperado pelos fies. O advento que prepara o natal do Senhor e o advento que celebra a sua segunda vinda gloriosa e as suas vindas no tempo e na historia. Deus sinaliza a sua presença no mundo, na liturgia e no irmão que nos interpela. O advento é tempo litúrgico típico do Ocidente; o oriente tem somente uma breve preparação de poucos dias para o natal. Um dado é certo: é imperativo bíblico a preparação para a vinda do senhor seja no natal , seja no final dos tempos, seja no agora de nossa vida.
Sem buscar muitos detalhes históricos voltemos a nossa atenção para o dado essencial que consiste na vinda do Filho de Deus ao mundo. O Pai promete o Salvador (Gn 3,15), O povo de Israel espera como o noivo espera a noiva para o enlace matrimonial e a promessa cumpre-se em Jesus Cristo. Quando chegou a Plenitude dos tempos, Deus enviou a Plenitude da Graça (Gl 4,4).
O catecismo da Igreja católica faz eco a toda este itinerário de espera. “A vinda do Filho de Deus a terra é um acontecimento de tal imensidão que Deus quis prepará-lo durante séculos. Ritos e Sacrifícios, figuras e símbolos da “primeira Aliança” Hb 9,15, tudo faz convergir para o Cristo; anuncia-o pela boca dos profetas que se sucederam em Israel. Desperta o coração dos pagãos a obscura expectativa desta vinda (CIC 522)”.

Os quatro domingos do advento
Chamarei para facilitar uma seqüência temática e cíclica, o primeiro domingo, o da vigilância, o segundo da conversão, o terceiro da alegria, o quarto o domingo da mulher grávida.
Podemos contemplar o advento em duas partes: a primeira considerando domingo da vigilância enfocando a vinda gloriosa do Senhor. Ninguém deve ficar indiferente a sua Vinda, a sua Vinda é causa de salvação e também de julgamento. Causa de intensa alegria.  Deus amou tanto que enviou o seu Filho não para condenar, mas para Salvar (Jo 3,16).
         Os domingos posteriores (segundo e terceiro) enfocam as vindas de Jesus no nosso tempo e na nossa história, pois aquele que veio não se afastou de nós, nem do Pai do Céu. “Revestido da nossa fragilidade, ele veio a primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação. Revestido de sua glória, ele irá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens  prometidos que hoje, vigilantes, esperamos “ (Prefácio do Advento I).
         O tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio dessa lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda de Cristo no final dos tempos. Por este duplo motivo, o tempo do advento se apresenta com um tempo de piedosa e alegre expectativa (NALC 39).
A segunda parte é a Semana Santa do Natal (dias 17 a 24 de dezembro). É um período de riquíssima espiritualidade e intensos sentimentos: a partir do dia 17 de dezembro, o texto evangélico será do evangelho da infância de Jesus segundo Mateus e Lucas, adquirindo assim a pessoa de José e, sobretudo, a de Maria, a mãe do senhor, um relevo especial na introdução em cena do protagonista principal: o próprio Jesus. As antífonas “Ó” entrarão em evidencia. Estas antífonas serão meditadas no nosso retiro em preparação próxima ao santo natal de 17 a 23 de dezembro. Todas as comunidades são convocadas a participar que culminará com uma vigília de natal paroquial no dia 23 de dezembro.

Modelos dos personagens bíblicos de espera no tempo do advento


O profeta Isaías – LEIA OS CAPÍTULOS
Precisamos de modelos para esperar e preparar o natal do Senhor. Eles estão longe no tempo, mas próximo no espírito e na verdade. Na medida em que o mundo coloca sua esperança no efêmero, os cristãos têm uma esperança viva não no efêmero, mas em Jesus Cristo. A Tradição antiguíssima e universal escolheu para o advento a leitura do profeta Isaías, porque nele se encontra um eco da grande esperança que confortou o povo eleito durante os séculos duros e decisivos da sua historia. As páginas mais significativas do livro de Isaías são proclamadas durante o advento e constituem um anuncio de esperança perene para os homens de todos os tempos (Dicionário de Liturgia, p13).
O profeta João Batista é o último dos profetas e resume na sua pessoa e na sua palavra toda a historia anterior no momento em que desemboca no seu cumprimento. Encarna bem, portanto, o espírito do advento. Ele é o sinal da intervenção de Deus em favor do seu povo; como precursor do messias, tem a missão de preparar os caminhos do Senhor (Is 40,3), de oferecer a Israel o conhecimento da salvação (Lc 7,77-78), e , sobretudo, de apontar Cristo já presente no meio do seu povo (Jo 1,29-34). (Dicionário de Liturgia, p.13). Dois modelos vivos Isaías e João Batista, dois modelos seguros, dois jeitos de anunciar aquele que é a palavra definitiva do Pai. “No principio era a Palavra e a Palavra se fez carne (Jo 1,1).
A Virgem Maria e seu esposo São José: O advento é o tempo litúrgico em que com mais intensidade evidencia a cooperação de Maria no mistério da redenção. Ela realiza a promessa de Deus e cumpre a esperança no acolhimento aquele que é o esperado. Mas para fazer justiça outro sim ecoou, o de José, homem justo. Também Zacarias e Isabel, Simeão e Ana e todos os anawim (= os pobres de Iahweo h). A missão de Maria foi preparada assim como a do seu Filho. Na promessa de Deus já é incluída a Virgem Maria.   “Ao longo da Antiga Aliança, a missão de Maria foi preparada pela missão de santas mulheres. Logo no princípio, temos Eva; apesar da sua desobediência, ela recebe a promessa duma descendência que sairá vitoriosa do Maligno(131) e de vir a ser a mãe de todos os vivos (132). Em virtude desta promessa, Sara concebe um filho, apesar da sua idade avançada (133). Contra toda a esperança humana, Deus escolheu o que era tido por incapaz e fraco (134) para mostrar a sua fidelidade à promessa feita: Ana, a mãe de Samuel (135), Débora, Rute, Judite e Ester e muitas outras mulheres. Maria «é a primeira entre os humildes e pobres do Senhor, que confiadamente esperam e recebem a salvação de Deus. Com ela, enfim, excelsa filha de Sião, passada a longa espera da promessa, cumprem-se os tempos e inaugura-se a nova economia da salvação»(CIC , n. 489)


Atitudes próprias do Advento:
A vigilância é própria de quem não dorme. É próprio de quem tem alguma meta ou de quem espera alguém. A Vigilância se refere ao estado de alerta para perceber os sinais de Deus na vida e na história. Cristo vigiou e exortou os seus a Vigiar. A atitude de quem vigia a atitude da esperança, a atitude da fé, a atitude de reconhecer o Senhor que vem, vem sempre. Jesus se identifica com os pobres e chama-os de irmãos. Acolha-os.  Caros paroquianos acompanhem as meditações que se seguirão a cada semana com destaque na atitude correspondente da liturgia.



A conversão é a segunda atitude para quem espera o Senhor que vem.   “Jesus chama à conversão. Tal apelo é parte essencial do anúncio do Reino: «O tempo chegou ao seu termo, o Reino de Deus está próximo: convertei-vos e acreditai na boa-nova» (Mc 1, 15). Na pregação da Igreja, este apelo dirige-se, em primeiro lugar, àqueles que ainda não conhecem Cristo e o seu Evangelho. Por isso, o Batismo é o momento principal da primeira e fundamental conversão. É pela fé na boa-nova e pelo Batismo (10) que se renuncia ao mal e se adquire a salvação, isto é, a remissão de todos os pecados e o dom da vida nova”. (CIC n. 1427). Sem conversão não acontece salvação nem o ingresso no reino de Deus. De um coração convertido nasce o testemunho cristão. O mundo precisa de mestre, mas muito mais de testemunhas do Senhor.

Outra atitude é a pobreza interior, toda a vida de Cristo tem este sentido. Seu nascimento, seu ministério, sua morte, sua ressurreição. Ele se fez pobre para nos enriquecer. Sem muito teorizar, vamos olhar o jeito de Maria para saber se preparar bem no advento e receber o salvador no Natal. Vamos olhar o jeito de São José para aprender a ser justo e obediente aos sinais de Deus. Vamos olhar o presépio para aprender dele a lição do salvador. A lição de humildade, de paz e de amor. Maria e José encarnam toda a esperança dos pobres e tem neles o cumprimento de Deus.
Ainda outra atitude é o Dom da alegria, na feliz expectativa do Cristo que vem e na invencível certeza de que ele não falhará. O anuncio do nascimento preanuncia a alegria do triunfo da vida pascal. Os anjos cantam e anunciam a grande alegria. Neste sentido é significativa a exortação do papa Francisco, A Alegria do Evangelho. “O Evangelho, onde resplandece gloriosa a Cruz de Cristo, convida insistentemente à alegria. Apenas alguns exemplos: «Alegra-te» é a saudação do anjo a Maria (Lc 1, 28). A visita de Maria a Isabel faz com que João salte de alegria no ventre de sua mãe (cf. Lc 1, 41). No seu cântico, Maria proclama: «O meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador» (Lc 1, 47). E, quando Jesus começa o seu ministério, João exclama: «Esta é a minha alegria! E tornou-se completa!» (Jo 3, 29). O próprio Jesus «estremeceu de alegria sob a ação do Espírito Santo» (Lc 10, 21). A sua mensagem é fonte de alegria: «Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa» (Jo 15, 11). A nossa alegria cristã brota da fonte do seu coração transbordante. Ele promete aos seus discípulos: «Vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há-de converter-se em alegria» (Jo 16, 20). E insiste: «Eu hei-de ver-vos de novo! Então, o vosso coração há-de alegrar-se e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria» (Jo 16, 22). Depois, ao verem-No ressuscitado, «encheram-se de alegria» (Jo 20, 20). O livro dos Atos dos Apóstolos conta que, na primitiva comunidade, «tomavam o alimento com alegria» (2, 46). Por onde passaram os discípulos, «houve grande alegria» (8, 8); e eles, no meio da perseguição, «estavam cheios de alegria» (13, 52). Um eunuco, recém-baptizado, «seguiu o seu caminho cheio de alegria» (8, 39); e o carcereiro «entregou-se, com a família, à alegria de ter acreditado em Deus» (16, 34). Porque não havemos de entrar, também nós, nesta torrente de alegria?” (Papa Francisco)
Peculiaridades litúrgicas
1. A cor roxa, recordando a sobriedade de quem vigia e espera ansioso; as cores falam e comunicam. O gosto pela estética para todos os ministérios dignifica a quem nos servimos o Senhor e os nossos irmãos.
2. As flores na Igreja são usadas com moderação, também como sinal de expectativa; de beleza interior que se exterioriza no esplendor do templo. Será abundante na Noite Santa do Natal.
3. O canto do «Glória» jejuado no tempo do advento e no tempo da quaresma será rompido na Noite santa do natal.  “Gloria a Deus nas alturas e paz na terra”.
4. Convém que se motivem as crianças para reverenciar o Deus–menino através de cantos litúrgicos, flores, envolvendo os pequenos torna o sinal de Cristo mais próximo e belo.

Sugestões pastorais
O “Natal em Família” costume que deve ser cultivado e bem preparado. Organizado com seus multi-grupos, Cada setor da paróquia deve organizar os grupos.
Responsabilidade e organização cada setor de cada comunidade, envolvendo todos os membros das pastorais, grupos e movimentos.
A leitura e meditação do Livro do Profeta Isaías (capítulos 45-66). Colocarei no site da paróquia e no meu face textos bíblicos, catequéticos e litúrgicos para proveito espiritual.
A Coroa do Advento e o Presépio – Todas as famílias devem prolongar o ato que vive na celebração litúrgica em comunidade, em sua casa com a sua família. Na sala de visita construa uma coroa e siga a orientação litúrgica que a igreja vai oferecer.

A valorização das Antífonas “Ó” é fonte de conteúdo  para um retiro paroquial.
O incremento de uma autêntica espiritualidade Mariana (mais que o Mês de Maio, o Advento é o tempo mariano por excelência)! Faremos isto cantando o grande Hino a Maria aos sábados, Meditações dos Mistérios do Rosário organizados pela legião a de Maria e Homens do terço, oficio de Nossa senhora.
A Celebração da Reconciliação sacramental (se possível com um momento comunitário).
Colocarei a disposição dos fies os textos da patrística fonte de intensa espiritualidade neste rico tempo do advento. 
O cuidado na decoração do espaço celebrativo: sobriedade e, a partir da Semana Santa do Natal, a ornamentação da Coroa e a armação do Presépio sem o Menino (colocado na Missa do Galo)
Toda a liturgia do Advento deve criar um clima de tensão alegre e ansiosa pela vinda do Senhor, deve desenvolver nos fiéis uma profunda nostalgia de Deus como Presença, Companhia, Aconchego, Intimidade, Salvação e Plenitude. Somente quem alarga o coração pelo desejo, pode exultar pelo Dom desejado e depois recebido.
Observações práticas
I. A Coroa do Advento: a) Deve ser abençoada na missa principal do primeiro domingo.
b) Cada vela deveria ser acesa seguindo-se um rito próprio.
c) Deve ser toda verde, sendo ornamentada com bolas, flores e luzes somente a partir do dia 17 de dezembro.
d) Permanece na igreja até a Festa do Batismo do Senhor, quando retiram-se os ornamentos de Natal.
II. O presépio: a) Deve ser armado no dia 17 de dezembro, início da Semana Santa do Natal;
b) O menino Jesus somente deve ser colocado na Missa do Galo.
c) Deve ser desarmado somente após a Festa do Batismo do Senhor.
III. As Antífonas Ó: a) É recomendável cantá-las ao Aleluia do Evangelho da Missa de cada dia de 17 a 24
b) Pode-se colocá-las ao lado do Presépio, ladeada por velas, sobre uma estante, como um livro, do dia 17 de dezembro até o Batismo do Senhor
IV. As kalendas: a) São entoadas após o Ato Penitencial e antes do Glória da Missa do Galo.
b) Para facilitar, entoa-se com tom salmódico.
c) O modo de calcular a data da lua é o seguinte: subtrai-se 25- (dia da lua nova de dezembro) e anuncia-se o dia em número ordinal (por exemplo: “25º. da lua”).

ORAÇÃO DA MENTE AO CORAÇÃO DO LIVRO DO PAPA BENTO XVI
DA CARTA ENCÍCLICA SPE SALVI DO SUMO PONTÍFICE BENTO XVI
Maria, estrela da esperança
49.    Com um hino do século VIII/IX, portanto com mais de mil anos, a Igreja saúda Maria, a Mãe de Deus, como « estrela do mar »: Ave maris stella. A vida humana é um caminho. Rumo a qual meta? Como achamos o itinerário a seguir? A vida é como uma viagem no mar da história, com freqüência enevoada e tempestuosa, uma viagem na qual perscrutamos os astros que nos indicam a rota. As verdadeiras estrelas da nossa vida são as pessoas que souberam viver com retidão. Elas são luzes de esperança. Certamente, Jesus Cristo é a luz por antonomásia, o sol erguido sobre todas as trevas da história. Mas, para chegar até Ele precisamos também de luzes vizinhas, de pessoas que dão luz recebida da luz d'Ele e oferecem, assim, orientação para a nossa travessia. E quem mais do que Maria poderia ser para nós estrela de esperança? Ela que, pelo seu « sim », abriu ao próprio Deus a porta do nosso mundo; Ela que Se tornou a Arca da Aliança viva, onde Deus Se fez carne, tornou-Se um de nós e estabeleceu a sua tenda no meio de nós (cf. Jo 1,14).

50.    Por isso, a Ela nos dirigimos: Santa Maria, Vós pertencíeis àquelas almas humildes e grandes de Israel que, como Simeão, esperavam « a consolação de Israel » (Lc 2,25) e, como Ana, aguardavam a « libertação de Jerusalém » (Lc 2,38). Vós vivíeis em íntimo contacto com as Sagradas Escrituras de Israel, que falavam da esperança, da promessa feita a Abraão e à sua descendência (cf. Lc 1,55). Assim, compreendemos o santo temor que Vos invadiu, quando o anjo do Senhor entrou nos vossos aposentos e Vos disse que daríeis à luz Àquele que era a esperança de Israel e o esperado do mundo. Por meio de Vós, através do vosso « sim », a esperança dos milênios havia de se tornar realidade, entrar neste mundo e na sua história. Vós Vos inclinastes diante da grandeza desta missão e dissestes « sim ». « Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra » (Lc 1,38). Quando, cheia de santa alegria, atravessastes apressadamente os montes da Judéia para encontrar a vossa parente Isabel, tornastes-Vos a imagem da futura Igreja, que no seu seio, leva a esperança do mundo através dos montes da história. Mas, a par da alegria que difundistes pelos séculos, com as palavras e com o cântico do vosso Magnificat, conhecíeis também as obscuras afirmações dos profetas sobre o sofrimento do servo de Deus neste mundo. Sobre o nascimento no presépio de Belém brilhou o esplendor dos anjos que traziam a boa nova aos pastores, mas, ao mesmo tempo, a pobreza de Deus neste mundo era demasiado palpável. O velho Simeão falou-Vos da espada que atravessaria o vosso coração (cf. Lc 2,35), do sinal de contradição que vosso Filho haveria de ser neste mundo. Depois, quando iniciou a atividade pública de Jesus, tivestes de Vos pôr de lado, para que pudesse crescer a nova família, para cuja constituição Ele viera e que deveria desenvolver-se com a contribuição daqueles que tivessem ouvido e observado a sua palavra (cf. Lc 11,27s). Apesar de toda a grandeza e alegria do primeiro início da atividade de Jesus, Vós, já na Sinagoga de Nazaré, tivestes de experimentar a verdade da palavra sobre o « sinal de contradição » (cf. Lc 4,28s). Assim, vistes o crescente poder da hostilidade e da rejeição que se ia progressivamente afirmando à volta de Jesus até à hora da cruz, quando tivestes de ver o Salvador do mundo, o herdeiro de David, o Filho de Deus morrer como um falido, exposto ao escárnio, entre os malfeitores. Acolhestes então a palavra: « Mulher, eis aí o teu filho » (Jo 19,26). Da cruz, recebestes uma nova missão. A partir da cruz ficastes mãe de uma maneira nova: mãe de todos aqueles que querem acreditar no vosso Filho Jesus e segui-Lo. A espada da dor trespassou o vosso coração. Tinha morrido a esperança? Ficou o mundo definitivamente sem luz, a vida sem objetivo? Naquela hora, provavelmente, no vosso íntimo tereis ouvido novamente a palavra com que o anjo tinha respondido ao vosso temor no instante da anunciação: « Não temas, Maria! » (Lc 1,30). Quantas vezes o Senhor, o vosso Filho, dissera a mesma coisa aos seus discípulos: Não temais! Na noite do Gólgota, Vós ouvistes outra vez esta palavra. Aos seus discípulos, antes da hora da traição, Ele tinha dito: « Tende confiança! Eu venci o mundo » (Jo 16,33). « Não se turve o vosso coração, nem se atemorize » (Jo 14,27). « Não temas, Maria! » Na hora de Nazaré, o anjo também Vos tinha dito: « O seu reinado não terá fim » (Lc 1,33). Teria talvez terminado antes de começar? Não; junto da cruz, na base da palavra mesma de Jesus, Vós tornastes-Vos mãe dos crentes. Nesta fé que, inclusive na escuridão do Sábado Santo, era certeza da esperança, caminhastes para a manhã de Páscoa. A alegria da ressurreição tocou o vosso coração e uniu-Vos de um novo modo aos discípulos, destinados a tornar-se família de Jesus mediante a fé. Assim Vós estivestes no meio da comunidade dos crentes, que, nos dias após a Ascensão, rezavam unanimemente pedindo o dom do Espírito Santo (cf. At 1,14) e o receberam no dia de Pentecostes. O « reino » de Jesus era diferente daquele que os homens tinham podido imaginar. Este « reino » iniciava naquela hora e nunca mais teria fim. Assim, Vós permaneceis no meio dos discípulos como a sua Mãe, como Mãe da esperança. Santa Maria, Mãe de Deus, Mãe nossa, ensinai-nos a crer, esperar e amar convosco. Indicai-nos o caminho para o seu reino! Estrela do mar, brilhai sobre nós e guiai-nos no nosso caminho!
BENTO XVI

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