Textos Bíblicos da Primeira Semana e Comentários
Início do Livro do Profeta Isaías 1,1-18
Deus censura o seu povo
1 Visão de Isaías, filho de
Amós,
acerca de Judá e Jerusalém
no tempo dos reis de Judá:
Ozias, Joatão, Acaz e Ezequias.
2 Ouvi, ó céus, presta
ouvidos, ó terra,
pois é o Senhor quem falou:
“Criei e fiz crescer meus filhos,
mas eles me desprezaram.
3 O boi reconhece o seu dono
e o burro, a manjedoura
do seu senhor;
mas Israel não me conhece,
meu povo não quer entender”.
4 Ai da nação pecadora,
povo cheio de maldade,
geração de malfeitores, filhos degenerados!
Abandonaram o Senhor,
desprezaram o Santo de Israel,
voltaram para trás.
5 De que valem novos golpes sobre
vós,
se continuais prevaricando?
A cabeça toda é uma chaga,
o coração está esgotado;
6 da planta dos pés à cabeça
não há nele nada de intacto:
feridas, contusões e chagas expostas
não são curadas, não são enfaixadas,
nem recebem o remédio do ungüento.
7 Vossa terra está deserta,
vossas cidades, incendiadas;
forasteiros saqueiam vosso país à vista de todos,
como se fosse devastado numa operação guerreira.
8 Sião jaz abandonada,
como cabana numa vinha,
como choupana no meio da horta,
como uma cidade sitiada!
9 Se o Senhor dos exércitos
não vos tivesse deixado um resto,
seríamos como Sodoma,
semelhantes a Gomorra.
10 Ouvi a palavra do Senhor,
magistrados de Sodoma,
prestai ouvidos ao ensinamento do nosso Deus,
povo de Gomorra.
11 Que me importa a abundância
de vossos sacrifícios?
– diz o Senhor.
Estou farto de holocaustos de carneiros
e de gordura de animais cevados;
do sangue de touros, de cordeiros
e de bodes, não me agrado.
12 Quando entrais para vos
apresentar diante de mim,
quem vos pediu para pisardes os meus átrios?
13 Não continueis a trazer oferendas
vazias!
O incenso é para mim uma abominação!
Não suporto lua nova, sábado,
convocação de assembléia:
iniqüidade com reunião solene!
14 Vossas luas novas e vossas
solenidades,
eu as detesto!
Elas são para mim um peso,
estou cansado de suportá-las.
15 Quando estendeis as vossas
mãos,
escondo de vós os meus olhos.
Ainda que multipliqueis a oração,
eu não ouço:
vossas mãos estão cheias de sangue!
16 Lavai-vos, purificai-vos.
Tirai a maldade de vossas ações
de minha frente.
Deixai de fazer o mal!
17 Aprendei a fazer o bem!
Procurai o direito, corrigi o opressor.
Julgai a causa do órfão, defendei a viúva.
18 Vinde, debatamos – diz o Senhor.
Ainda que vossos pecados sejam como púrpura,
tornar-se-ão brancos como a neve.
Se forem vermelhos como o carmesim,
tornar-se-ão como lã.
Meditação de Padre Fernando Cardoso
Comentário por Padre José Humberto
TEXTOS DA
PATRISTICAS PRIMEIRA SEMANA DO ADVENTO
Caro paroquiano apresento a você nesta primeira semana do advento texto
‘Das Catequeses de São Cirilo de Jerusalém, bispo’ do século IV. A cada dia a
Palavra de Deus é alimento de toda a Igreja, a palavra também dos santos
padres. Como é maravilhoso escutar as fontes das primeiras testemunhas de nossa
fé. Não estamos sozinhos. Somos a família de Deus.
São Cirilo de
Jerusalém fala das duas “vindas’ do senhor, a primeira vinda na carne, a
segunda na gloria. Acolhamos sua presença nos acontecimentos da vida, no irmão
que chega, na Igreja que fala em seu nome, nos sacramentos e tenho pensado na
sua vinda no final dos tempos. Acompanhe o texto com duas perguntas no coração:
como tenho acolhido o senhor, com amor ou desamor? Sou presença de cristo onde
estou? Mas que tipo de presença? Agora boa leitura. Bom advento.
Pe. Humberto – o servo de Deus
Textos Patrísticas
Das Catequeses de São Cirilo de Jerusalém, bispo
(Cat. 15,1-3: PG
33,870-874)
(Séc. IV)
As duas vindas de Cristo
Anunciamos a vinda de Cristo: não apenas a
primeira, mas também a segunda, muito mais gloriosa. Pois a primeira revestiu
um aspecto de sofrimento, mas a segunda manifestará a coroa da realeza divina.
Aliás, tudo o que concerne a nosso Senhor Jesus
Cristo tem quase sempre uma dupla dimensão. Houve um duplo nascimento:
primeiro, ele nasceu de Deus,antes dos séculos; depois, nasceu da Virgem, na
plenitude dos tempos. Dupla descida: uma, discreta como a chuva sobre a relva;
outra, no esplendor, que se realizará no futuro.
Na primeira vinda, ele foi envolto em faixas e
reclinado num presépio; na segunda, será revestido num manto de luz. Na
primeira, ele suportou a cruz, sem recusar a sua ignomínia; na segunda, virá
cheio de glória, cercado de uma multidão de anjos.
Não nos detemos, portanto, somente na primeira
vinda, mas esperamos ainda, ansiosamente, a segunda. E assim como dissemos na
primeira: Bendito o que vem em nome do Senhor (Mt 21,9),
aclamaremos de novo, no momento de sua segunda vinda, quando formos com os
anjos ao seu encontro para adorá-lo: Bendito o que vem em nome do
Senhor.
Virá o Salvador, não para ser novamente julgado,
mas para chamar a juízo aqueles que se constituíram seus juízes. Ele, que ao
ser julgado, guardara silêncio, lembrará as atrocidades dos malfeitores que o
levaram ao suplício da cruz, e lhes dirá: Eis o que fizestes e calei-me (Sl
49,21).
Naquele tempo ele veio para realizar um desígnio de
amor, ensinando aos homens com persuasão e doçura; mas, no fim dos tempos,
queiram ou não, todos se verão obrigados a submeter-se à sua realeza.
O profeta Malaquias fala dessas duas vindas: Logo
chegará ao seu templo o Senhor que tentais encontrar (Ml 3,1). Eis uma
vinda.
E prossegue, a respeito da outra: E o anjo
da aliança, que desejais. Ei-lo que vem, diz o Senhor dos exércitos; e quem
poderá fazer-lhe frente, no dia de sua chegada? E quem poderá resistir-lhe,
quando ele aparecer? Ele é como o fogo da forja e como a barrela dos
lavadeiros; e estará a postos, como para fazer derreter e purificar(Ml
3,1-3).
Paulo também se refere a essas duas vindas quando
escreve a Tito: A graça de Deus se manifestou trazendo salvação para
todos os homens. Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas e
a viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade, aguardando a feliz
esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus
Cristo (Tt 2,11-13). Vês como ele fala da primeira vinda, pela qual dá
graças, e da segunda que esperamos?
Por isso, o símbolo da fé que professamos nos é
agora transmitido, convidando-nos a crer naquele que subiu aos céus, onde
está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar
os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. Nosso Senhor Jesus Cristo
virá portanto dos céus, virá glorioso no fim do mundo, no último dia. Dar-se-á
a consumação do mundo,e este mundo que foi criado será inteiramente renovado.
Do Livro do Profeta
Isaías
1,21-27; 2,1-5
Julgamento e salvação para Sião, centro
de todos os povos
1,21Como se tornou uma meretriz
esta cidade, outrora fiel e justa?
Nela habitava a justiça,
agora moram os assassinos.
22 Tua prata transformou-se em
escória,
teu vinho tornou-se aguado;
23teus príncipes são desonestos,
cúmplices de ladrões;
gostam de subornos e vão atrás de gratificações;
não fazem justiça ao órfão,
não chega até eles a causa da viúva.
24 Por isso, diz o Senhor Deus dos
exércitos,
o Forte de Israel:
“Ah! tomarei satisfação dos meus adversários,
eu me vingarei dos meus inimigos.
25 Eu voltarei minha mão contra ti,
purificarei ao máximo a tua escória
e te limparei de toda a ganga.
26Farei que teus juízes voltem a
ser como eram
e teus conselheiros como os de outrora;
depois disso serás chamada
Cidade da Justiça, Cidade fiel.
27Sião será resgatada com justiça
e os que nela habitam,
pela prática da retidão.
2,1Visão de Isaías, filho de Amós,
sobre Judá e Jerusalém.
2 Acontecerá, nos últimos tempos,
que o monte da casa do Senhor
estará firmemente estabelecido
no ponto mais alto das montanhas
e dominará as colinas.
A ele acorrerão todas as nações,
3para lá irão numerosos povos e
dirão:
“Vamos subir ao monte do Senhor,
à casa do Deus de Jacó,
para que ele nos mostre seus caminhos
e nos ensine a cumprir seus preceitos”;
porque de Sião provém a lei
e de Jerusalém, a palavra do Senhor.
4Ele há de julgar as nações
e argüir numerosos povos;
estes transformarão suas espadas em arados
e suas lanças em foices;
não pegarão em armas uns contra os outros
e não mais travarão combate.
5 Vinde, todos da casa de Jacó,
e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor.
Meditação de Padre Fernando Cardoso
Comentário por Padre José Humberto
Das Cartas Pastorais de são Carlos Borromeu, bispo (Século XVI).
Nesta carta o
bispo fala do “Tempo do Advento” no seu falar este tempo é tão importante e tão solene que todo o Antigo testamento se
preparou para a vinda do Filho de deus na nossa carne, que desejara
ardentemente a vinda do salvador. Os patriarcas esperaram, os profetas
anunciaram. Completado o tempo, Deus movido por amor envia o seu Filho nascida
da Virgem Maria para nos convidar para o céu, para nos revelar os mistérios do
reino esperado e chegado, para mostra o esplendor da verdade e enriquecer-nos
com os tesouros da graça manifestado na carne. O santo bispo ensina que a vinda
de Cristo foi proveitosa para todos os do seu tempo e para o nosso tempo. E a
graça nos chega pelos santos sacramentos. Ensina que aquele que veio a primeira
vez continua vindo para habitar em nossos corações com o dom do espírito santo
dado e comunicado no dia do batismo.
Por isso caro
paroquiano o melhor meio, o meio eficaz, o meio por excelência é preparar a
liturgia do advento para celebrar bem o santo natal. Agora medite o texto do
santo bispo.
Pe. Humberto
Textos Patrísticas
Das Cartas Pastorais de São Carlos Borromeu, bispo
(Acta Eclesiae Mediolanensis, t. 2, Lugduni, 1683,
916-917)
(Séc. XVI)
O tempo do Advento
Caros filhos, eis chegado o tempo tão importante e
solene que, conforme diz o Espírito Santo, é o momento favorável, o dia
da salvação (cf. 2Cor 6,2), da paz e da reconciliação. É o tempo que
outrora os patriarcas e profetas tão ardentemente desejaram com seus anseios e
suspiros; o tempo que o justo Simeão finalmente pôde ver cheio de alegria,
tempo celebrado sempre com solenidade pela Igreja, e que também deve ser
constantemente vivido com fervor, louvando e agradecendo ao Pai eterno pela
misericórdia que nos revelou nesse mistério. Em seu imenso amor por nós,
pecadores, o Pai enviou seu Filho único a fim de libertar-nos da tirania e do
poder do demônio, convidar-nos para o céu, revelar-nos os mistérios do seu
reino celeste, mostrar-nos a luz da verdade, ensinar-nos a honestidade dos
costumes, comunicar-nos os germes das virtudes, enriquecer-nos com os tesouros
da sua graça e, enfim, adotar-nos como seus filhos e herdeiros da vida eterna.
Celebrando cada ano este mistério, a Igreja nos
exorta a renovar continuamente a lembrança de tão grande amor de Deus para
conosco. Ensina-nos também que a vinda de Cristo não foi proveitosa apenas para
os seus contemporâneos, mas que a sua eficácia é comunicada a todos nós se,
mediante a fé e os sacramentos, quisermos receber a graça que ele nos prometeu,
e orientar nossa vida de acordo com os seus ensinamentos.
A Igreja deseja ainda ardentemente fazer-nos
compreender que o Cristo, assim como veio uma só vez a este mundo, revestido da
nossa carne, também está disposto a vir de novo, a qualquer momento, para
habitar espiritualmente em nossos corações com a profusão de suas graças, se
não opusermos resistência.
Por isso, a Igreja, como mãe amantíssima e cheia de
zelo pela nossa salvação, nos ensina durante este tempo, com diversas
celebrações, com hinos, cânticos e outras palavras do Espírito Santo, como
receber convenientemente e de coração agradecido este imenso benefício e a
enriquecer-nos com seus frutos, de modo que nos preparemos para a chegada de
Cristo nosso Senhor com tanta solicitude como se ele estivesse para vir
novamente ao mundo. É com esta diligência e esperança que os patriarcas do
Antigo Testamento nos ensinaram, tanto em palavras como em exemplos, a preparar
a sua vinda.
Terça-feira da 1ª Semana do
Advento
Do Livro do Profeta Isaías 2,6-22; 4,2-6
Deus julga o seu povo
2,6 Rejeitaste teu povo, a casa
de Jacó,
porque ela está cheia de adivinhos orientais,
serve-se de agoureiros, como os filisteus,
e estende a mão aos estrangeiros.
7 Encheu-se de ouro e prata
esta terra,
seus tesouros não têm fim;
8 sua terra está cheia de cavalos,
inumeráveis os seus carros de guerra;
encheu-se também de ídolos:
adora-se a obra das mãos do homem,
obra que seus dedos fizeram.
9 Um homem rebaixou-se, outro está
humilhado:
não lhes perdoes, Senhor.
10 Ó homem, entra numa
caverna, esconde-te na poeira,
por medo do Senhor e do esplendor da sua glória.
11 A visão orgulhosa do homem
será humilhada
e a soberba dos grandes, abatida;
naquele dia, somente o Senhor será exaltado.
12 Pois será o dia do Senhor dos exércitos,
contra soberbos e orgulhosos,
e contra todo arrogante,
que será humilhado;
13 contra os cedros do Líbano,
altos e esbeltos,
e contra os carvalhos de Basã;
14 contra todas as montanhas
altas
e contra as colinas e elevações;
15 contra toda torre sobranceira,
e contra toda fortificação;
16 contra os navios de Társis,
e contra as embarcações de luxo.
17 A soberba dos homens será abatida
e sua mania de grandeza, humilhada:
somente o Senhor, naquele dia, será exaltado,
18 e os ídolos serão feitos em
pedaços.
19 Os homens se esconderão nas
cavernas de pedra
e nos abismos terrestres,
por medo do Senhor e do esplendor de sua glória,
quando ele vier castigar a terra!
20 Naquele dia, o homem
lançará às toupeiras e aos morcegos
os ídolos de ouro e prata
que tinha feito para adorar.
21 E se esconderá nas aberturas das
rochas,
nas cavernas de pedra,
por medo do Senhor e do esplendor de sua glória,
quando ele vier castigar a terra.
22 Cessai de confiar no homem,
cuja vida se prende por um fôlego:
em quanto se pode estimá-lo?
4,2 Naquele dia, o povo do
Senhor terá esplendor e glória,
e o fruto da terra será de grande alegria
para os sobreviventes de Israel.
3 Então, os que forem deixados em
Sião,
os sobreviventes de Jerusalém, serão chamados
santos,
a saber, todos os destinados à vida em Jerusalém.
4 Quando o Senhor tiver lavado
as imundícies das filhas de Sião,
e limpado as manchas de sangue dentro de Jerusalém,
com espírito de justiça e de purificação,
5 ele criará em todo o lugar do
monte Sião
e em suas assembléias
uma nuvem durante o dia,
e fumaça e clarão de chamas durante a noite:
e será proteção para toda a sua glória,
6 uma tenda para dar sombra
contra o calor do dia,
abrigo e refúgio contra a ventania e a chuva.
Meditação de Padre Fernando Cardoso
Comentário por Padre José Humberto’
Dos sermões de são Gregório de Nazianzo, bispo (séc. IV). O santo bispo
apresenta o sermão “Ó Admirável Intercambio”! O Santo bispo apresenta neste
belíssimo texto o maravilhoso intercambio entre a natureza divina e a natureza
humana, o verbo assume o que é nosso para nos dar o que é seu a natureza
divina, daí os justos termos “ó
admirável intercambio”. O que moveu o divino
a assumir o humano? O santo bispo responde: o amor. “Foi por amor do
homem se faz homem’. Para que? para nos salvar, para nos reconciliar, para ser
nosso modelo de filho, para nos divinizar. Que maravilha! Que graça! Que
encanto! Neste “maravilhoso intercambio o homem saiu lucrando. Pois aquele que
é rico se fez pobre para no enriquecer. Diz o santo bispo “aceita a pobreza de
minha condição humana para que eu possa receber os tesouros de sua divindade”.
Mas quais são essas riquezas da bondade? Qual é esse mistério que me concerne?
Lendo o texto todo do santo bispo você vai saber. Leia, então. O texto do santo
Bispo conclui com uma das imagens mais belas para falar o amor de Deus, a
imagem do pastor que dar a vida pelo rebanho. Depois de tantas vozes, vozes a
serviço da palavra veio a Palavra do Pai que não passa, Jesus cristo, Nosso
Senhor e Salvador. (Jo 1,1). Com ele nascemos com ele morremos, com ele somos
sepultados, com ele ressuscitamos e com ele somos glorificados. Agora tome o
texto e medite com o coração.
Pe. Humberto Ferreira
Textos Patrísticas
Dos Sermões de São Gregório de Nazianzo, bispo
(Or. 45,9.22.26.28: PG 36,634.635.654.658-659.662)
(Séc. IV)
Ó admirável intercâmbio!
O próprio Filho de Deus, que existe desde toda a
eternidade, o invisível, o incompreensível, incorpóreo, princípio que procede
do princípio, a luz nascida da luz, a fonte da vida e da imortalidade, a
expressão do arquétipo, divino, o selo inamovível, a imagem perfeita, a palavra
e o pensamento do Pai, vem em ajuda da criatura feita à sua imagem, e por amor
do homem se faz homem. Para purificar aqueles de quem se tornou semelhante,
assume tudo o que é humano, exceto o pecado. Foi concebido por uma Virgem, já
santificada pelo Espírito Santo no corpo e na alma, para honrar a maternidade e
ao mesmo tempo exaltar a excelência da virgindade; e assumindo a humanidade sem
deixar de ser Deus, uniu em si mesmo duas realidades contrárias, a saber, a
carne e o espírito. Uma delas conferiu a divindade, a outra recebeu-a.
Aquele que enriquece os outros torna-se pobre.
Aceita a pobreza de minha condição humana para que eu possa receber os tesouros
de sua divindade. Aquele que possui tudo em plenitude, aniquila-se a si mesmo;
despoja-se de sua glória por algum tempo, para que eu participe de sua
plenitude.
Quais são essas riquezas da bondade? Qual é esse
mistério que me concerne? Recebi a imagem divina mas não soube conservá-la. Ele
assumiu a minha condição humana para restaurar a perfeição dessa imagem e dar a
imortalidade a esta minha condição mortal. Assim estabelece conosco uma segunda
aliança, muito mais admirável que a primeira.
Convinha que a santidade fosse dada ao homem
mediante a humanidade assumida por Deus. Convinha que ele triunfasse desse modo
sobre o tirano que nos subjugava, para nos restituir a liberdade e
reconduzir-nos a si através de seu Filho, nosso Mediador; e Cristo realizou, de
fato, esta obra redentora para a glória de seu Pai, que era o objetivo de todas
as suas ações.
O bom Pastor, que dá a vida por suas ovelhas, veio
ao encontro da que estava perdida, procurando-a pelos montes e colinas onde tu
sacrificavas aos ídolos; tendo-a encontrado, tomou-a sobre seus ombros – os
mesmos que carregaram a cruz – reconduzindo-a à vida eterna.
Depois daquela tênue lâmpada do Precursor, veio a
Luz claríssima de Cristo; depois da voz, veio a Palavra; depois do amigo do
esposo, o Esposo. O Senhor veio depois daquele que lhe preparou um povo
perfeito, predispondo os homens, por meio da água purificadora, para receberem
o batismo do Espírito.
Foi necessário que Deus se fizesse homem e
morresse, para que tivéssemos a vida. Morremos com ele para sermos purificados;
ressuscitamos com ele porque com ele morremos. Fomos glorificados com ele,
porque com ele ressuscitamos.
Quarta-feira da 1ª Semana do Advento
Do Livro do Profeta
Isaías
5,1-7
Cântico contra a vinha do Senhor
1 Vou cantar para o meu amado
o cântico da vinha de um amigo meu:
Um amigo meu possuía uma vinha
em fértil encosta.
2 Cercou-a
de pedras,
plantou videiras escolhidas,
edificou uma torre no meio
e construiu um lagar;
esperava que ela produzisse uvas boas,
mas produziu uvas selvagens.
3 Agora,
habitantes de Jerusalém
e cidadãos de Judá,
julgai a minha situação e a de minha vinha.
4 O que poderia eu ter feito a mais por
minha vinha
e não fiz?
Eu contava com uvas de verdade,
mas por que produziu ela uvas selvagens?
5 Pois
agora vou mostrar-vos
o que farei com minha vinha:
vou desmanchar a cerca,
e ela será devastada;
vou derrubar o muro,
e ela será pisoteada.
6 Vou
deixá-la inculta e selvagem:
ela não terá poda nem lavra,
espinhos e sarças tomarão conta dela;
não deixarei as nuvens derramar a chuva sobre
ela.
7 Pois
bem, a vinha do Senhor dos exércitos
é a casa do Israel,
e o povo de Judá, sua dileta plantação;
eu esperava deles frutos de justiça
– e eis injustiça; esperava obras de bondade
– e eis iniqüidade.
Meditação de Padre Fernando Cardoso
Comentário por Padre José Humberto
Dos sermões de São Bernardo, abade (Séc.
XII)
São Bernardo fala das vindas do senhor.
Ele veio na carne, virá na Gloria e entre estas duas vindas, vem no tempo da
Igreja espiritualmente. Portanto, conhecemos uma tríplice vinda do senhor,
entre a primeira e a última há uma vinda intermediaria. Diz o santo: “na
primeira, o senhor veio na fraqueza da carne; na intermediaria, vem
espiritualmente, manifestando o poder se sua graça; na última, virá com todo o
esplendor da sua glória”. Muitos textos das escrituras testemunha esta tríplice
vida do senhor (cf.Jo 14,24; 1,14; Mat 25). Neste tempo somos chamados a
guardar a Palavra, viver da Palavra, pregar a Palavra. ‘Guarda, pois, a Palavra
de Deus, porque são felizes os que a guardam [...]que ela entre no mais intimo de tua alma e penetre em todos
os teus sentimentos e costumes’. Como o primeiro Adão contagiou a humanidade
toda, agora o segundo Adão Salva a humanidade toda. Agora tome texto e medite.
Pe. Humberto
Textos Patrísticas
Dos
Sermões de São Bernardo, abade
(Sermo 5
in Adventu Domini, 1-3: Opera omnia, Edit. cisterc. 4 [1966],
188-190)
(Séc. XII)
O Verbo de Deus virá a nós
Conhecemos uma tríplice vinda do
Senhor. Entre a primeira e a última há uma vinda intermediária. Aquelas são
visíveis, mas esta, não. Na primeira vinda o Senhor apareceu na terra e
conviveu com os homens. Foi então, como ele próprio declara, que viram-no e não
o quiseram receber. Na última, todo homem verá a salvação de Deus (Lc
3,6) e olharão para aquele que transpassaram (Zc 12,10). A
vinda intermediária é oculta e nela somente os eleitos o vêem em si mesmos e
recebem a salvação. Na primeira, o Senhor veio na fraqueza da carne; na
intermediária, vem espiritualmente, manifestando o poder de sua graça; na
última, virá com todo o esplendor da sua glória.
Esta vinda intermediária é,
portanto, como um caminho que conduz da primeira à última; na primeira, Cristo
foi nossa redenção; na última, aparecerá como nossa vida; na intermediária, é
nosso repouso e consolação.
Mas, para que ninguém pense que é
pura invenção o que dissemos sobre esta vinda intermediária, ouvi o próprio
Senhor: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o
amará, e nós viremos a ele (cf. Jo 14,23). Lê-se também noutro
lugar: Quem teme a Deus, faz o bem (Eclo 15,1). Mas vejo que
se diz algo mais sobre o que ama a Deus, porque guardará suas palavras. Onde
devem ser guardadas? Sem dúvida alguma no coração, como diz o profeta: Conservei
no coração vossas palavras, a fim de que eu não peque contra vós (Sl
118,11).
Guarda, pois, a palavra de Deus,
porque são felizes os que a guardam; guarda-a de tal modo que ela entre no mais
íntimo de tua alma e penetre em todos os teus sentimentos e costumes.
Alimenta-te deste bem e tua alma se deleitará na fartura. Não esqueças de comer
o teu pão para que teu coração não desfaleça, mas que tua alma se sacie com
este alimento saboroso.
Se assim guardares a palavra de
Deus, certamente ela te guardará. Virá a ti o Filho em companhia do Pai, virá o
grande Profeta que renovará Jerusalém e fará novas todas as coisas. Graças a
essa vinda, como já refletimos a imagem do homem terrestre, assim
também refletiremos a imagem do homem celeste (1Cor 15,49). Assim como
o primeiro Adão contagiou toda a humanidade e atingiu o homem todo, assim agora
é preciso que Cristo seja o senhor do homem todo, porque ele o criou, redimiu e
o glorificará.
Quinta-feira da 1ª Semana do Advento
Primeira leitura
Do Livro do Profeta
Isaías
16,1-5; 17,4-8
Os
moabitas refugiam-se no reino de Judá.
Conversão
de Efraim
16,1 Enviai um cordeiro ao dominador da
terra,
desde Pedra, no deserto,
ao monte de Sião.
2 Acontecerá que as cidades de Moab
fugirão para os baixios do
Arnon,
como aves e seus filhotes
que saem voando,
abandonando os ninhos.
3 Dá um conselho, toma uma
decisão;
faze escurecer como noite
a tua sombra ao meio-dia,
esconde os fugitivos, não
denuncies os errantes.
4 Deixa morar contigo os fugitivos de
Moab;
serve-lhes de esconderijo
contra o devastador;
pois a opressão se acabou,
a devastação chegou ao fim,
desapareceu da terra o
invasor.
5 O trono se firmará sobre a
misericórdia;
sentar-se-á sobre ele, com
toda a verdade,
na terra de Davi, um juiz
que busca a justiça
e sabe ministrá-la com
rapidez.
17,4 “Naquele dia, diminuirá a glória
de Jacó,
sua robustez perderá
vigor;
5 será como o ceifeiro que agarra
os caules
e com o braço colhe
espigas;
ou como o catador de
espigas no vale de Rafaim;
6 ali não será deixado senão um
cacho de uvas;
ou será como ao sacudir-se
a oliveira,
em que ficam duas ou três
azeitonas na ponta do galho;
ou será ainda como quando
ficam
quatro ou cinco frutas no
alto da árvore”,
diz o Senhor Deus de
Israel.
7 Naquele dia, o homem se voltará para o
seu criador
e olhará só para o Deus
Santo de Israel;
8 não prestará atenção aos altares
que suas mãos fabricaram
e seus dedos
aperfeiçoaram;
nem olhará para bosques e
altares de incenso.
Meditação de Padre Fernando Cardoso
Comentário por Padre José Humberto
Do comentário sobre o Diatéssaron, de
santo Efrém, (Séc. IV).
Santo Efrém nos exorta a atitude da
vigilância. “Vigiai; cristo virá de novo. Veio na carne, vem em cada sinal
sacramental, virá glorioso. Como antes foi preparada a sua chegada na carne,
agora no tempo da realização com a lembrança constante do acontecimento
inaudito da primeira vinda somos chamados a intensificar a preparação tanto
para celebrar O natal quanto para a sua vinda no final dos tempos. A atitude do
fiel é vigiar e orai sempre. Diz o santo que o momento cronológico foi oculto
para a nossa vantagem, pois se soubéssemos, a sua vinda não provocaria
interesse. “Ocultou-nos para que ficássemos vigilantes e cada um de nós
pudesse pensar que esse acontecimento se
daria durante a nossa vida”. Todas as gerações de todos os séculos o esperam
ardentemente como a mãe espera o seu primeiro filho. Mas quais sao os sinais de
sua vinda? Como poderia estar oculto àquele que descreveu os sinais de sua
vinda, o que ele próprio estabeleceu? Por que o senhor recomenda a vigilância?
Lendo o texto você encontrará a resposta, mas sobretudo, celebrando a liturgia
DO TEMPO DO ADVENTO. Vigia e orai.
Pe. Humberto
Textos Patrísticas
Do Comentário sobre o Diatéssaron, de Santo
Efrém, diácono
(Cap. 18,15-17; SCh
121,325-328).
(Séc. IV)
Vigiai: Cristo virá de novo
Para impedir que os
discípulos o interrogassem sobre o momento de sua vinda, disse-lhes Cristo: Aquela hora ninguém a conhece, nem
os anjos nem o Filho. Não vos compete saber o tempo e o momento (cf. Mc 13,32-33). Ocultou-nos isso
para que ficássemos vigilantes e cada um de nós pudesse pensar que esse
acontecimento se daria durante a nossa vida. Se tivesse revelado o tempo de sua
vinda, esta deixaria de ter interesse e não seria mais desejada pelos povos da
época em que se manifestará. Ele disse que viria, mas não declarou o momento e
por isso as gerações e todos os séculos o esperam ardentemente.
Embora o Senhor tenha dado
a conhecer os sinais de sua vinda, não se vê exatamente o último deles, pois
numa mudança contínua, esses sinais apareceram e passaram e, por outro lado,
ainda perduram. Sua última vinda será igual à primeira.
Os justos e os profetas o
desejavam, pensando que se manifestaria em seu tempo; do mesmo modo, cada um
dos fiéis de hoje deseja recebê-lo em sua época, pois ele não disse claramente
o dia em que viria. E isto sobretudo para ninguém pensar que está submetido a
uma determinação e hora, ele que domina os números e os tempos. Como poderia
estar oculto àquele que descreveu os sinais de sua vinda, o que ele próprio
estabeleceu? O Senhor pôs em relevo esses sinais para que, desde o primeiro
dia, os povos de todos os séculos pensassem que ele viria no próprio tempo
deles.
Permanecei vigilantes
porque, quando o corpo dorme, é a natureza que nos domina e nossa atividade é
então dirigida, não por nossa vontade, mas pelos impulsos da natureza. E quando
a alma está dominada por um pesado torpor, como por exemplo a pusilanimidade ou
a tristeza, é o inimigo que a domina e a conduz, mesmo contra a sua vontade. Os
impulsos dominam a natureza e o inimigo domina a alma.
Por isso, o Senhor
recomendou ao homem a vigilância tanto da alma como do corpo: ao corpo, para
que se liberte da sonolência; e à alma, para que se liberte da indolência e pusilanimidade.
Assim diz a Escritura: Vigiai,
justos (cf. 1Cor 15,34); e
também: Despertei e ainda
estou contigo (cf. Sl
138,18); e ainda: Não
desanimeis (cf. Jo 16,33). Por isso não desanimamos no
exercício do ministério que recebemos (2Cor
4,1).
Sexta-feira da 1ª Semana do Advento
Do Livro do Profeta
Isaías
19,16-25
A futura conversão dos egípcios e assírios
16 Naquele dia, os egípcios
parecerão mulheres,
terrificados e temerosos
por causa da ameaçadora mão do Senhor dos exércitos.
terrificados e temerosos
por causa da ameaçadora mão do Senhor dos exércitos.
17 A terra de Judá causará
medo ao Egito;
quem se lembrar dela, sentirá pavor das decisões
que o Senhor dos exércitos tomou contra ele, Egito.
quem se lembrar dela, sentirá pavor das decisões
que o Senhor dos exércitos tomou contra ele, Egito.
18 Naquele dia, haverá na terra do
Egito
cinco cidades falando a língua de Canaã
e jurando pelo Senhor dos exércitos.
cinco cidades falando a língua de Canaã
e jurando pelo Senhor dos exércitos.
Uma delas chamar-se-á cidade do Sol.
19 Naquele dia, haverá um altar do
Senhor
no meio da terra do Egito e, próximo à sua fronteira,
inscrições monumentais ao Senhor.
no meio da terra do Egito e, próximo à sua fronteira,
inscrições monumentais ao Senhor.
20 Serão sinal e testemunho do
Senhor dos exércitos
na terra do Egito.
na terra do Egito.
Aos que invocarem o Senhor contra os opressores,
ele lhes enviará um salvador e protetor
para libertá-los.
ele lhes enviará um salvador e protetor
para libertá-los.
21 O Senhor será conhecido pelo
Egito,
e os egípcios reconhecerão o Senhor naquele dia;
hão de adorá-lo com sacrifícios e oferendas,
e cumprirão as promessas feitas ao Senhor.
e os egípcios reconhecerão o Senhor naquele dia;
hão de adorá-lo com sacrifícios e oferendas,
e cumprirão as promessas feitas ao Senhor.
22 O Senhor abrirá uma ferida no
Egito,
mas há de curá-lo;
todos se voltarão para o Senhor,
e ele há de aplacar-se e curá-los;
23 Naquele dia, haverá caminho do Egito à Assíria;
o assírio entrará no Egito e o egípcio na Assíria;
egípcios e assírios servirão, juntos.
mas há de curá-lo;
todos se voltarão para o Senhor,
e ele há de aplacar-se e curá-los;
23 Naquele dia, haverá caminho do Egito à Assíria;
o assírio entrará no Egito e o egípcio na Assíria;
egípcios e assírios servirão, juntos.
24 Naquele dia, Israel terá seu
lugar
ao lado do Egito e da Assíria;
será uma bênção no meio da terra
25 que o Senhor dos exércitos dá, dizendo:
“Abençoado o egípcio, meu povo;
o assírio obra de minhas mãos;
Israel, minha herança”.
ao lado do Egito e da Assíria;
será uma bênção no meio da terra
25 que o Senhor dos exércitos dá, dizendo:
“Abençoado o egípcio, meu povo;
o assírio obra de minhas mãos;
Israel, minha herança”.
Meditação de Padre Fernando Cardoso
Comentário por Padre José Humberto
Este texto de Santo Anselmo, bispo (sé.
XII) fala do desejo de contemplar a Deus. o Bispo faz um convite para quem se
ocupa muito com os afazes e não tem ocupação com o Senhor. Convite exigente e
desafiador porque nos faz voltar para si. Quem não tem este costume de
voltar-se para si não voltará para Deus e não voltando para Deus perde o rumo
de sua existência. Agora caro irmão escuta o santo bispo. “Vamos, coragem,
pobre homem! Foge um pouco de tuas ocupações. Esconde-te um instante do tumulto
de teus pensamentos [...] Dá um pouco de tempo a Deus e repousa nele”. Continua o santo bispo, e agora, senhor meu
Deus, ensinai o meu corçao onde e como vos procurar, onde e como vos encontrar.
Lendo o texto e deixando-se questionar você encontrar a resposta. Boa leitura!
Pe. Humberto
Textos Patrísticas
Do livro “Proslógion”, de Santo Anselmo, bispo
(Cap. I:
Opera omnia, Edit. Schmitt,
Seccovii, 1938,
1,97-100)
(Séc. XII)
O desejo de contemplar a Deus
Vamos, coragem, pobre homem! Foge
um pouco de tuas ocupações. Esconde-te um instante do tumulto de teus
pensamentos. Põe de parte os cuidados que te absorvem e livra-te das
preocupações que te afligem. Dá um pouco de tempo a Deus e repousa nele.
Entra no íntimo de tua alma,
afasta tudo de ti, exceto Deus ou o que possa ajudar-te a procurá-lo; fecha a
porta e põe-te à sua procura. Agora fala, meu coração, abre-te e dize a
Deus: Busco a vossa face; Senhor, é a vossa face que eu procuro (Sl
26,8).
E agora, Senhor meu Deus, ensinai
a meu coração onde e como vos procurar, onde e como vos encontrar.
Senhor, se não estais aqui, se
estais ausente, onde vos procurarei? E se estais em toda parte, por que não vos
encontro presente? É certo que habitais numa luz inacessível, mas onde está
essa luz inacessível e como chegarei a ela? Quem me conduzirá e nela me
introduzirá, para que nela eu vos veja? E depois, com que sinais e sob que
aspecto vos devo procurar? Nunca vos vi, Senhor meu Deus, não conheço a vossa
face.
Que pode fazer, altíssimo Senhor,
que pode fazer este exilado longe de vós? Que pode fazer este vosso servo,
sedento do vosso amor, mas tão longe da vossa presença? Aspira ver-vos, mas
vossa face se esconde inteiramente dele. Deseja aproximar-se de vós, mas vossa
morada é inacessível. Aspira encontrar-vos, mas não sabe onde estais. Tenta
procurar-vos, mas desconhece a vossa face.
Senhor, vós sois o meu Deus, o
meu Senhor, e nunca vos vi. Vós me criastes e redimistes, destes-me todos os
meus bens e ainda não vos conheço. Fui criado para vos ver e ainda não fiz
aquilo para que fui criado.
E vós, Senhor, até quando? Até
quando, Senhor, nos esquecereis, até quando nos ocultareis a vossa face? Quando
nos olhareis e nos ouvireis? Quando iluminareis os nossos olhos, e nos
mostrareis a vossa face? Quando voltareis a nós?
Olhai-nos, Senhor, ouvi-nos,
mostrai-vos a nós. Dai-nos novamente a vossa presença para sermos felizes, pois
sem vós somos tão infelizes! Tende piedade dos rudes esforços que fazemos para
alcançar-vos, nós que nada podemos sem vós.
Ensinai-me a vos procurar e
mostrai-vos quando vos procuro; pois não posso procurar-vos se não me ensinais
nem encontrar-vos se não vos mostrais. Que desejando eu vos procure, procurando
vos deseje, amando vos encontre, e encontrando vos ame
Sábado do 1ª Semana do Advento
Do Livro do Profeta Isaías 21,6-12
A sentinela anuncia a queda da Babilônia
6 Isto me disse o Senhor:
“Vai e coloca uma sentinela
para relatar tudo que vê.
“Vai e coloca uma sentinela
para relatar tudo que vê.
7 Se ela vê um carro, uma parelha
de cavalos,
uma pessoa montada num burro, outra num camelo,
deve concentrar o olhar com grande atenção”.
uma pessoa montada num burro, outra num camelo,
deve concentrar o olhar com grande atenção”.
8 Gritou a sentinela:
“Eu fico sempre o dia inteiro, Senhor,
em meu posto de observação,
fico as noites inteiras
em meu posto de guarda;
9 eis que está vindo para cá um punhado de homens,
uma parelha de cavalos”.
“Eu fico sempre o dia inteiro, Senhor,
em meu posto de observação,
fico as noites inteiras
em meu posto de guarda;
9 eis que está vindo para cá um punhado de homens,
uma parelha de cavalos”.
E, retomando, disse:
“Caiu, caiu Babilônia,
todas as estátuas de seus deuses
foram quebradas no chão”.
“Caiu, caiu Babilônia,
todas as estátuas de seus deuses
foram quebradas no chão”.
10 Ó minha gente, triturada, batida
na minha eira,
eu vos tenho relatado
o que ouvi do Senhor dos exércitos, Deus de Israel.
eu vos tenho relatado
o que ouvi do Senhor dos exércitos, Deus de Israel.
11 Oráculo sobre Duma.
Alguém grita para mim de Seir:
“Guarda, que notícias da noite?
Guarda, que notícias da noite?”
“Guarda, que notícias da noite?
Guarda, que notícias da noite?”
12 Disse o guarda:
“Chegou manhã, chegou noite;
se buscais alguém, continuai buscando,
voltai, vinde”.
“Chegou manhã, chegou noite;
se buscais alguém, continuai buscando,
voltai, vinde”.
Meditação de Padre Fernando Cardoso
Comentário por Padre José Humberto
Neste último dia
da semana da vigilância o Bispo Cipriano apresenta o texto “Esperamos o que não
vemos”. É este o preceito salvifico de Nosso Senhor e mestre: Quem perseverar
até o fim será salvo (Mat 10,22). Caro meus e meus caros filhos espirituais o
santo bispo exorta a cultivar o dom da paciência. Fomos introduzidos nas
virtudes teologais no dia do nosso novo nascimento (batismo Jo 3,5). O senhor
espera de nós os frutos ao seu retorno. Caros meus já fomos salvos na
esperança, mas a esperança crista é ativa, daí a exortação do senhor “vigiai e
orai” sempre (cf. Rm 8,24-25). O Apostolo exorta a perseverar na pratica do bem
até o dia da vinda do senhor. “não desanimemos de fazer o bem, pois no tempo
devido haveremos e colher, sem desanimo (Gl 6,9.10). O santo bispo ainda
citando o apostolo no falar da caridade, une a ela a tolerância e a paciência.
Meu caro fiel em Cristo exercite o dom da paciência com caridade até a volta do
senhor. Agora leia o texto e deixe-se guiar pela sua exortação.
Pe.
Humberto
Textos Patrísticas
Do Tratado sobre o bem da paciência, de São
Cipriano, bispo e mártir
(Nn. 13
et 15: CSEL 3,406-408)
(Séc.
III)
Esperamos o que não vemos
É este o preceito salvífico de nosso Senhor e
Mestre: Quem perseverar até o fim, será salvo (Mt 10,22). E
ainda: Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus
discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (Jo
8,31-32).
É preciso ter paciência e perseverar, irmãos
caríssimos, para que, tendo sido introduzidos na esperança da verdade e da
liberdade, possamos chegar à verdade e à liberdade. O fato de sermos cristãos
exige que tenhamos fé e esperança, mas a paciência é necessária para que elas
possam dar seus frutos.
Nós não buscamos a glória presente, mas a futura,
como também ensina o Apóstolo Paulo: Já fomos salvos, mas na esperança.
Ora, o objeto da esperança não é aquilo que se vê; como pode alguém esperar o
que já vê? Mas se esperamos o que não vemos, é porque o estamos aguardando
mediante a perseverança (Rm 8,24-25). A esperança e a paciência são
necessárias para levarmos a bom termo o que começamos a ser e para conseguirmos
aquilo que, tendo-nos sido apresentado por Deus, esperamos e acreditamos.
Noutro lugar, o mesmo Apóstolo ensina os justos, os
que praticam o bem e os que acumulam para si tesouros no céu, na esperança da
felicidade eterna, a serem também pacientes, dizendo: Portanto,
enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, principalmente aos irmãos na fé.
Não desanimemos de fazer o bem, pois no tempo devido haveremos de colher, sem
desânimo (Gl 6,10.9).
Ele recomenda a todos que não deixem de fazer o bem
por falta de paciência; que ninguém, vencido ou desanimado pelas tentações,
desista no meio do caminho do mérito e da glória, e venha a perder as boas
obras já feitas, por não ter levado até o fim o que começou.
Finalmente, o Apóstolo, ao falar da caridade, une a
ela a tolerância e a paciência. A caridade, diz ele, é
paciente, é benigna; não é invejosa, não se ensoberbece, não se encoleriza, não
suspeita mal; tudo ama, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (1Cor
13,4-5). Ensina-nos, portanto, que só a caridade pode permanecer, porque é
capaz de tudo suportar.
E noutra passagem diz: Suportai-vos uns aos
outros com amor; aplicai-vos a guardar a unidade do espírito pelo vínculo da
paz (Ef 4,2b-3). Provou deste modo que só é possível conservar a união
e a paz quando os irmãos se suportam mutuamente e guardam, mediante a
paciência, o vínculo da concórdia.
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