Homilia do 3º Domingo
3º DOMINGO DO ADVENTO
DOMINGO DA ALEGRIA
Hoje é o Domingo da alegria. Voltemos a
nossa atenção para três idéias fundamentais da liturgia: a alegria de ser
testemunha da luz, a alegria de ser voz que anuncia Cristo, luz do mundo e a
alegria de se deixar guiar pelo Espírito Santo.
A experiência do povo de Deus peregrino
na fé traz lições positivas e negativas para nós, o novo povo de Deus. Ontem
aquele povo pecou, e o pecado o exilou de Deus, mas Deus não se exila do seu
povo. Deus encoraja o povo pela voz do profeta Isaias a voltar para Ele, pois
longe do Senhor não há verdadeira alegria, mas Israel experimentou também a
alegria do retorno e da confiança no Senhor. Hoje pecamos e o pecado continua a
nos exilar de Deus, gerando tristeza. Um homem que comete adultério não é
feliz. Um político que pratica corrupção não é feliz. Um jovem que faz sexo por
mero prazer, que alegria terá a sua vida? Deus deixou os mandamentos para serem
observados, a não observância é causa de tristeza. Mas frente aos exilados de
Deus ( nós pecadores, quando pecamos) qual deve ser o nosso comportamento? de
juízes? de condensadores? Não, o
comportamento deve ser de misericórdia, pois o Senhor diz; “Sede misericordiosos como eu sou misericordioso”. Senhor daí-nos
olhos para ver as necessidades e os sofrimentos dos nossos irmãos e irmãos,
inspira-me, senhor palavras de conforto para animar os desanimados nas
periferias da existência. Irmão neste santo advento faça o seu
exame de consciência, confesse os seus pecados e reoriente a sua vida a Cristo.
Assim, Sentirá alegria que vem do senhor. A paz que nasce do perdão.
2. Quem
é que nos enche de alegria? É Jesus. O precursor de Jesus, João Batista, tem a missão de anunciar a alegria que vem no
natal e de preparar o povo para acolhê-lo. O Evangelho de hoje mostra o modo
como ele faz e continua atual para nós. Seguiremos os seus passos. A primeira
lição de João é ser testemunha da luz, a luz é Cristo que vem no natal iluminar
as trevas da nossa vida. Imagine você perdido numa floresta na noite, sem luz,
em meio a todos os perigos. De longe contempla uma Luz como a chama de uma
vela. Assim foi João com o seu modo de
testemunhar a luz que ilumina o universo de nossa vida.
Jesus diz: “Eu vim como luz do mundo”
(Jo 12,46). Quem primeiro reconheceu a presença de Jesus foi o Batista. Por que
ele o reconhece e os seus contemporâneos não o reconheceram? Porque o batista
não tinha o coração em empedernido pelos vícios, os olhos cegos pelas paixões,
os ouvidos estragados por palavras insensatas ou por conversas vivas. Por que
somente alguns reconhecem a presença do senhor e outros tantos não? Quantas
luzes tentadoras nos tentam seduzir e escurecer a verdadeira luz, Cristo.
Quantas vozes diferentes da voz do Evangelho.
João perturba quem se encontra nas
trevas. O cristão perturba quem faz opção pelo pecado. Estamos num duelo entre
trevas e luz. Quem vencerá? Quem é de Cristo. Quem for iluminado pela verdade
do evangelho de Cristo.
Outra lição de João é acerca de sua
identidade e da identidade daquele que é a razão de sua alegria. João se define
como uma VOZ, nada mais. O que é a voz? É um conjunto de sons que transmite uma
mensagem. E o que acontece depois com a voz? desaparece. Lição de humildade
para os seguidores de Jesus é saber desaparecer para Cristo aparecer. João era
a voz, mas o Senhor, no princípio, era a Palavra (Jo 1,1).
“Procurando então como fazer chegar a ti e
penetrar em teu coração o que já está no meu, recorro à voz e por ela falo
contigo. O som da voz te faz entender a palavra; e quando te fez entendê-la,
esse som desaparece, mas a palavra que ele te transmitiu permanece em teu
coração, sem haver deixado o meu (Santo Agostinho). Hoje,
somos a voz que anuncia Cristo ao mundo? Sou voz na catequese preparando as
crianças jovens, adultos para a iniciação crista. Sou voz na liturgia tornando
Cristo presente nos atos sacramentais. Sou voz de profeta que denuncia o pecado
e anuncia o Evangelho da Vida.
De que modo é possível chegar a reconhecer em
Cristo a luz da nossa vida? de uma única maneira. Pela minha voz que anuncia a
Palavra de Deus. Pois o dom da fé que ilumina toda a existência não nasce de
raciocínios ou de revelações privadas, mas da Escuta da voz de alguém que
encontrou Cristo antes (Rm 10,14-17). Assim
faz jus a palavra do santo papa Francisco ao dizer: um
evangelizador não deveria ter constantemente uma cara de funeral. Recuperemos e
aumentemos o fervor de espírito, «a suave e reconfortante alegria de
evangelizar, mesmo quando for preciso semear com lágrimas! (...) E que o mundo
do nosso tempo, que procura ora na angústia ora com esperança, possa receber a
Boa Nova dos lábios, não de
evangelizadores tristes e descoroçoados, impacientes ou ansiosos, mas sim de
ministros do Evangelho cuja vida irradie fervor, pois foram quem recebeu
primeiro em si a alegria de Cristo (papa Francisco, Exortação A Alegria
do Evangelho).
Paulo faz exortações
preciosas sobre a vida comunitária. Primeiro, vivei sempre contentes (v.16),
pois a nossa alegria é Cristo. A alegria é um Dom do Espírito Santo. É graças a
esta força do Espírito que os filhos de Deus podem dar fruto. Aquele que nos
enxertou na verdadeira Vide far-nos-á dar os seus frutos: caridade, alegria,
paz, paciência, bondade, fidelidade (Gal 5,22s). Todo homem aspira á felicidade, mas com
facilidade a maioria confunde com prazeres: o prazer das bebidas, das drogas,
do adultério, da vida imoral. O apostolo continua a exortar que a verdadeira alegria nasce da oração: rezai sem
cessar, daí graças (VV.17s). Da escuta orante e do coração que se abre as
moções do Espírito que enriquece de dons a comunidade, nós saberemos distinguir
tudo que convém ao cristão. A vida em Cristo inclui a
alegria de comer juntos, o entusiasmo para progredir, o gosto de trabalhar e de
aprender, a alegria de servir a quem necessita de nós, o contato com a
natureza, o prazer de uma sexualidade vivida segundo Evangelho, e todas as
coisas com as quais o pai nos presenteia como sinais de seu sincero amor. Podemos encontrar o
senhor em meio as alegrias de nossa limitada existência, e dessa forma, brota
uma gratidão sincera’ (documento de Aparecida , n.356).
Portanto, a alegria
verdadeira consiste em ser testemunha da luz de Jesus, em ser voz para anunciar
a vinda do Senhor e desaparecer para Jesus aparecer, em se deixar guiar-se pelo
Espírito Santo, dom de Deus para produzir fruto unido a Jesus Videira verdadeiro.
Que a alegria do santo advento seja mais intensa para a alegria do santo natal
que se aproxima. Amém.
Pe. José Humberto Ferreira
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